O planejamento das empresas para retornar suas atividades nos ambientes corporativos está concentrado em ações e procedimentos para prevenir o contágio por covid-19. Mas, outras doenças que deixaram de ser tratadas, inclusive por associados de planos de saúde, que optaram por não ir a clínicas e hospitais, precisarão ser tratadas.
Essas doenças podem ter se agravado por causa da interrupção do tratamento, com chances de sobrecarregarem as clínicas e hospitais conveniados dos planos de saúde, que precisarão de ferramentas eficazes para monitorar a saúde dos associados, se antecipando às ocorrências.
Neste cenário, entender o que acontece com o cliente antes dele buscar ajuda passou a ser fundamental. Algumas companhias colocaram em prática os planos de telemedicina ou reativaram a figura do médico da família. Há ainda quem optou por reunir todas as opções, usando tecnologia e atenção primária com o apoio de empresas de gestão de saúde.
Isto inclui as seguradoras de sáude, que podem adotar estes procedimentos com seus segurados, bem como modelagens de Inteligência Artificial, detectando precocemente doenças e tratando-as com mais eficiência, além de planejarem toda sua estrutura para atender seus conveniados com mais precisão e menos custos.
“O monitoramento da saúde dos segurados e a busca ativa de pessoas com maior fragilidade clinica, por meio de ferramentas digitais e modelos de Inteligência Artificial, de uma forma mais ampliada, se constituem nas melhores formas de prevenir e cuidar, além de serem essenciais para que as empresas identifiquem demandas e se preparem para atendê-las. Apenas como ilustração, comparado-se com mesmo período de 2019, registramos em nossas bases uma queda de 39% de atendimento para exames preventivos de colo do útero, 21% de queda de mamografias e mais de 90% de exames preventivos”, afirma Guilherme Salgado, médico e diretor-sócio da 3778 Care.
Ele explica que as seguradoras de saúde já começaram a adaptar serviços de monitoramento e predição aos seus planos corporativos, visando analisar todo o contexto epidemiológico nos casos relacionados à covid-19, mas também atentas à retomada dos atendimentos e tratamentos das outras doenças que foram interrompidos.
A informação completa tornou-se tão importante que, na última semana, o Ministério da Economia e o Ministério da Saúde publicaram duas portarias conjuntas que incluem o monitoramento mais amplo dos empregados, com pesquisa constante sobre ocorrências individuais e dentro dos grupos de contato de cada um dos colaboradores, como procedimentos a serem adotados pelas empresas. São elas:
– Ações para identificação precoce e afastamento dos trabalhadores com sinais e sintomas compatíveis com a COVID-19 antes do retorno;
– Procedimentos para que os trabalhadores possam reportar à organização, inclusive de forma remota, sinais ou sintomas compatíveis com a COVID-19 ou contato com caso confirmado;
– Afastamento de trabalhadores que residirem com pessoas infectadas por quatorze dias;
– Informar os trabalhadores que apresentarem sintomas e relatar imediatamente às organizações.
Isto abre uma grande oportunidade para os planos de saúde também adotarem novas interfaces e estratégias de acompanhamento do paciente, que incluam monitoramento e que considerem o ciclo completo de vida dos colaboradores e beneficiários, de ponta a ponta.
“Somente adotando uma cultura analítica e ferramentas digitais é que será possível agir de maneira preventiva e, portanto, também com melhor assistência aos seus segurados, em caso de novas ondas de contaminação que pressionem novamente o sistema de saúde. Se considerarem apenas os aspectos relacionados à prevenção do coronavírus, enfrentarão outros problemas”, alerta Salgado.
Com o monitoramento constante dos associados, é possível, no caso do atendimento à covid-19, realizar detecção precoce dos casos com sinais de gravidade, identificar a população de risco entre os associados, ser mais preventivo, evitar visitas desnecessárias aos hospitais e ainda calcular eventual falta de leitos ou excesso de casos em suas redes conveniadas.
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Já em relação às outras doenças, e de forma constante, permite avaliar todos os associados, conhecer toda a sua população, monitorar sintomas através de estratégias digitais e o uso de modelos preditivo. Também possibilita abordagem preventiva, evitando internações ou procedimentos de maior complexidade, procedimentos desnecessários e de maiores custos, assim como construir mapas epidemiológicos .
O monitoramento e prevenção significam mais benefícios e qualidade para os associados, além da otimização de custos e de uso de recursos para as operadoras e seguradoras.
N.F.
Revista Apólice