Ultima atualização 28 de maio

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ANSP debate as consequências da pandemia no mercado de seguros

Durante a live especialistas afirmaram que mesmo que a trajetória do setor apresente crescimento na média móvel de 12 meses fechados até março ou no resultado do trimestre, os primeiros sinais de desaceleração de prêmios são visíveis no comparativo mês a mês

A pandemia vai passar, mas o vírus de mudanças no setor segurador não. Esse parece um diagnóstico comum dos especialistas que participaram do evento Café com Seguros da ANSP, por meio da live “As consequências econômicas da pandemia no Mercado de Seguros”, ocorrida nesta quarta-feira. Entre os debatedores, estava o diretor Técnico e de Estudos da CNseg, Alexandre Leal. Participaram com ele o economista Francisco Galiza; o corretor de seguros Arnaldo Odlevati Júnior, do Sincor-SP; Paulo Marraccini, vice-presidente da Associação; e João Marcelo dos Santos, presidente da entidade. O painel foi mediado pelo jornalista Paulo Alexandre.

Inicialmente Leal, assim como fizera Galiza, destacou que a guinada digital do setor, que colocou praticamente 100% de seu quadro funcional em regime de home office para protegê-lo da pandemia a partir de março, demonstrou alta eficiência e um avanço na gestão ao manter o padrão de seus serviços remotamente prestados a segurados e corretores de seguros.

Ele falou sobre perspectivas do setor e reconheceu que o ambiente de negócios se tornou muito mais desafiador em função da pandemia. Ainda que a trajetória do setor apresente crescimento na média móvel de 12 meses fechados até março ou no resultado do trimestre, os primeiros sinais de desaceleração de prêmios são visíveis no comparativo mês a mês (na margem), uma tendência que deve se aprofundar durante todo o ano.

Reforça essa percepção o fato de o setor seguir o rastro da economia, pois os dados mais recentes indicam uma recessão de 6% do PIB neste ano, e dos impactos disso sobre a renda e emprego. De qualquer forma, o setor se comporta de forma resiliente em períodos de crises, apresentando historicamente um desempenho sempre melhor que a média da economia em geral, acrescentou Leal.

A pandemia, pelo lado do sinistro, deve pressionar as carteiras de saúde suplementar e o seguro de vida, no segmento de benefícios, e produzir alguma contaminação no resultado de carteiras de Danos e Responsabilidades, como é o caso do seguro de Automóvel, propenso a conviver com uma queda na sinistralidade, efeito direto da quarentena e restrição ao funcionamento das atividades não essenciais, acompanhada de retração de receitas de prêmios, uma decorrência direta da recessão.

Leal manifestou preocupação com os impactos da agenda legislativa sobre o setor, caso algumas de suas propostas prosperem, já que podem agravar a taxa de sinistralidade e afetar as receitas das empresas. Há projetos que estabelecem o pagamento de eventos relacionados à pandemia não cobertos pela apólice, sem a contrapartida de prêmios, e a manutenção de coberturas a inadimplentes, criando um ambiente de muita incerteza.

Leia mais: Quais são as perspectivas do mercado segurador para o pós-pandemia?

Outros temas do debate foram a demanda de crescente proteção de seguros pelos consumidores, com cenários promissores para as apólices de Vida, Previdência e Riscos Cibernéticos; a necessidade de os corretores diversificarem sua produção, ainda muito concentrada em Automóvel; os impactos do home office na concentração de renda; o uso de tecnologias para antever riscos, inclusive novas pandemias; e o consenso de que o mercado se tornará mais robusto nos próximos anos.

N.F.
Revista Apólice

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