Desde o final de 2017, analistas apontam a perda gradual de dinamismo da economia global. A atual situação parece confirmar essa desaceleração cíclica. A fase prolongada que sucedeu a crise de 2008-2009 parece estar chegando ao fim.
Apesar da complexidade inerente a qualquer cenário de desaceleração econômica e dos sinais de desequilíbrio nos balanços de alguns agentes econômicos, não há antecipação da presença de riscos que poderiam transformar a visão de mudança de ciclo em uma hipótese de crise global.
Ao contrário do que vinha ocorrendo nos últimos anos, essa desaceleração se caracterizará por ser menos intensa em atividade e inflação, com condições financeiras menos favoráveis e divergentes, e cada vez mais assíncrona. Neste ano, o crescimento global da economia deverá ser em torno de 3,3%. Enquanto em 2018 as economias emergentes cresceram em torno de 4,7%, em 2019, elas chegarão perto de 5%. Os mercados desenvolvidos, que cresceram em torno de 2,2% no ano passado, deverão ficar abaixo de 2% no mesmo período.
No caso do Brasil, a atividade econômica se recuperou no terceiro trimestre do ano passado, o que nos permite prever um fechamento com crescimento de cerca de 1,2%. A expectativa para 2019 é de mais dinamismo econômico, com capacidade para atingir um crescimento de 2,3%, sustentado pela demanda interna e pelas exportações favorecidas pela depreciação acumulada do real.
Com a inflação controlada em torno de 4% e a recuperação gradual do mercado de trabalho, até 2020, o crescimento poderia ficar em torno de 2,6%; confirmando o potencial e o vigor da economia brasileira. No entanto, a possibilidade de intensificar ainda mais o ritmo de crescimento e materializar expectativas positivas exigirá a realização de reformas estruturais (fiscais e previdenciárias) que estimulem a atividade econômica.
É verdade que, para as economias emergentes, boa parte dessas ameaças de recessão vem do grau de dependência das decisões e do desempenho econômico do resto do mundo. Mas é igualmente verdade que as maiores oportunidades neste tipo de situação resultam da capacidade de implementar políticas econômicas fortes e resilientes. A história confirma que isso tem sido parte do sucesso das maiores economias emergentes. Assim era antes. Assim continua sendo.
Sobre o autor
Manuel Aguilera, diretor geral de Serviços de Estudos da Mapfre