O Índice de Variação dos Custos Médico-Hospitalares (VCMH), produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), é o mais importante indicador utilizado pelo mercado como referência sobre o comportamento dos custos no sistema de saúde suplementar. Exatamente por entender a importância do índice é que o IESS acaba de divulgar o trabalho que reúne os principais vetores que impactam no aumento da VCMH em âmbito global e, em especial, no caso brasileiro. O Texto para Discussão “A Variação de Custos Médicos Hospitalares (VCMH): um compêndio dos estudos do IESS e uma atualização do tema” tem como objetivo esclarecer os diferentes pontos que impactam na variação do indicador e sua consequência para a saúde suplementar.
“O setor de saúde e a sua cadeia de valor são extremamente complexos e as particularidades envolvendo o segmento são ainda extrapoladas e mal compreendidas devido à grande quantidade de informação e má interpretação por diferentes segmentos da sociedade”, pondera Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do IESS. “Estamos em um ano em que o setor ganhou grande evidência por conta das discussões sobre diferentes modalidades entre os planos de saúde e, ainda, com o cálculo do reajuste por parte do órgão regulador na mira de diferentes entidades”, aponta.
Internacionalmente, o termo variação do custo médico-hospitalar é pouco utilizado, sendo mais comum o termo “inflação médica”. No entanto, é importante ressaltar que a VCMH não é comparável com outros indicadores econômicos mais conhecidos, como o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), que detecta a inflação geral do País. Isso porque, enquanto a inflação medida pelo IPCA avalia a variação dos preços de uma cesta de produtos, o VCMH varia em função tanto do aumento dos custos dos serviços de saúde quanto da frequência de utilização de consultas, exames e outros procedimentos.
Com o intuito de esclarecer esses e outros aspectos, o trabalho reúne informações sobre os principais vetores dos custos em saúde, como: judicialização; modelo de remuneração; ausência de transparência por parte dos prestadores de serviço de saúde sobre qualidade e segurança do paciente; incorporação de tecnologias em saúde; assimetria nos preços dos insumos; envelhecimento da população; modelo assistencial da saúde suplementar; fraudes e desperdícios; e regulação.
“No Brasil, a VCMH do IESS é o único índice desse tipo de domínio público a ser calculado de forma consistente há mais de dez anos, com base numa amostra de aproximadamente 10% do total de beneficiários de planos individuais e familiares de todas as regiões do País”, comenta Carneiro. O especialista afirma que o momento é fundamental para a compreensão dos fatores que têm influência direta no custo e nos reajustes de planos para que se consiga pensar ferramentas para garantir a sustentabilidade do setor. “É fundamental compreender que cada um desses vetores é consequência do modelo atual do sistema no país e suas deficiências estruturais que continuarão a impactar no equilíbrio econômico, financeiro e assistencial do setor”, conclui.