Uma revolução, independente de qual seja, envolve mudança de pensamento, de sociedade, de atitude e de negócios. Ainda não há todas as respostas quando se trata da chamada quarta revolução industrial e dos riscos que estão por vir, mas os especialistas da área tentam identificar as possibilidades de como isso pode ser feito de maneira concreta.
“Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma que vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Se é um fator de impacto, esse tema precisa ser discutido”, defendeu Glaucia Smithson, head of Commercial Insurance, Corporate Life & Pensions da Zurich. A executiva foi a anfitriã da oitava edição do Corportate Conference, realizado pela companhia em São Paulo na última terça-feira (12).
Se por um lado nunca se teve tantas oportunidades como agora – 30% das empresas atuais não existiam há 10 anos –, por outro falta mão de obra.
“Vivemos uma forte crise de recursos humanos. Apenas 16% dos jovens chegam a universidade”, apontou Jefferson Gomes, diretor regional do Senai do Estado de Santa Catarina e professor da Divisão de Engenharia Mecânica Aeronáutica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), onde também atua como Coordenador do Centro de Competência em Manufatura. Segundo ele, a indústria 4.0 assusta não pela tecnologia, mas porque carece de profissionais. E alertou: “65% das crianças hoje executarão empregos que ainda não existem.”
Mudança desde já
As empresas disruptivas carregam quatro características em comum: economia de compartilhamento, precificação baseada em uso, ecossistema mais colaborativo, e agilidade e adaptação. “As tecnologias permitem propostas de valor mais atraentes e uma transformação da indústria”, disse José Rizzo Hahn, diretor-presidente da Pollux Automation e presidente da Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII).
De acordo com o executivo, até o ano de 2020 haverá 50 bilhões de coisas conectadas e até 2025, uma em cada quatro atividades nas fábricas será robotizada. Por isso, é preciso que as empresas comecem a se preparar desde já, mesmo as gigantes. “A mudança é possível.”
Otimismo
As grandes oportunidades estão nas viradas do ciclo negativo para o positivo, e isso não acontece apenas nos investimentos financeiros. “Nos negócios é exatamente a mesma coisa”, afirmou o economista Ricardo Amorim, acrescentando que a maior parte do crescimento da economia mundial não ocorreu nos Estados Unidos, na Europa e no Japão. De 2001 até hoje, de cada US$ 4 que a economia cresceu, US$ 3 foram gerados em países emergentes. “Como o Brasil foi mal e os países emergentes foram bem? Ficamos de fora por fatores particulares”, lembrou.
Contudo, em todas as vezes que o País saiu de grandes crises econômicas, cresceu muito mais do que as pessoas imaginam. Assim, Amorim foi categórico ao afirmar que a transição é a fase de maior oportunidade em um ciclo econômico. “Ninguém acredita nisso e, quando acreditar, será passado. O Brasil voltará a falar da nova classe média”, assegurou.
“Se não reagirmos e mudarmos, a gente dança. E a dança vai gerar oportunidade para outras empresas. Só existe oportunidade se criarmos um produto melhor, um serviço melhor, um atendimento melhor, um processo melhor, e é ai que vejo a revolução industrial. É a soma de uma transformação de tecnologia que gera possibilidades em um momento onde as oportunidades e os ganhos para quem souber fazer essas transformações são muito maiores.”, finalizou Amorim.