Ultima atualização 01 de agosto

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É possível estar preparado contra o terrorismo nas Olimpíadas?

Os olhos do mundo se voltam para o Brasil durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro, que começam no próximo dia 5 de agosto. Os principais esportistas, governantes e celebridades desembarcam no país para acompanhar o maior evento esportivo do mundo.

Marco Antônio Barbosa - diretor da CAME do BrasilSegundo o Ministro da Defesa, Raul Jugmann, existe uma “paranoia exacerbada” em torno da possibilidade de um atentado durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro e que não existe uma “ameaça consistente”. Mas será que a ameaça é de fato inconsistente?
Os olhos do mundo se voltam para o Brasil durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro, que começam no próximo dia 5 de agosto. Os principais esportistas, governantes e celebridades desembarcam no país para acompanhar o maior evento esportivo do mundo. Um prato cheio para o Estado Islâmico chamar a atenção. Este fato, somado ao aumento no registro de ações do grupo, já servem para dar consistência a um possível ataque. Não é necessária uma investigação aprofundada para saber que o risco dos chamados Lobos Solitários – simpatizantes dos ideais do grupo terrorista que agem por conta própria – transformou todos os países ocidentais em alvos potenciais.
A pergunta então não seria se existe uma ameaça, mas se estamos preparados para evitá-la.
É importante saber que preparar não é remediar. As Forças Armadas enviaram mais de 20 mil homens para o Rio, que se juntaram as polícias militar e guarda municipal, formando um efetivo de mais de 50 mil homens para os Jogos. Este contingente pode passar a sensação de segurança, mas não é nada sem preparo. Inteligência, treinamento efetivo e ação precisam andar de mãos dadas para levarmos a medalha de ouro também fora das competições. Mais importante do que o policiamento ostensivo, o serviço de inteligência é primordial para evitar tragédias.
A Rio 2016 começou no momento em que a cidade foi escolhida como sede, em 2009. Preparar todos os envolvidos, monitorar possíveis terroristas e trabalhar em conjunto com serviços de inteligência de outros países são tarefas que, em um mundo globalizado, precisam acontecer desde sempre, ainda mais quando existem eventos deste calibre.
Segundo as autoridades divulgam, este trabalho foi realizado. Fotos de oficiais voltando de treinamentos no exterior saíram na imprensa. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Polícia Federal e o Ministério da Defesa afirmam ter acesso a informações de serviços secretos de outras nações que, inclusive, auxiliaram na prisão de doze suspeitos de planejar um ataque e se converter ao Estado Islâmico durante a operação batizada de Hashtag.
Mas estas ações, por mais que as autoridades tentem mostrar como uma “dura resposta” ao Estado Islâmico, não servem para embasar o discurso de ameaça inconsistente e já demonstrou em outros países não ser um impeditivo. Mesmo com prisões a todo o momento, França e Bélgica seguem sofrendo ataques.
O Estado Islâmico usa a tecnologia e a internet a seu favor para a disseminação de sua doutrina. E este é um território difícil de ser mensurado pela sua constante transformação. Cada dia cresce mais denúncias de brasileiros buscando informação e se simpatizando com o extremismo. É necessário um trabalho de investigação contínuo para unir todas as evidências e antever o problema. Prender suspeitos é vencer uma batalha, mas não a guerra que continua ser travada.
Este combate cibernético também deve servir de munição para o policiamento nas ruas.  Com a informação nas mãos, os mais de 80 mil homens que farão a segurança no Rio 2016 devem estar preparados para identificar um possível suspeito e agir de forma a não criar mais “paranoia exacerbada”.
Por toda a complexidade da situação, por mais forte que seja o trabalho de segurança feito, dizer que não existe uma ameaça terrorista consistente e que estamos preparados para qualquer risco durante as Olimpíadas parece apenas mais discurso do que fato.
A preparação e prevenção devem ser contínuas durante todo o evento. As respostas duras ao EI não são ações pontuais, mas diárias e silenciosas.

 

*Marco Antônio Barbosa é especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil. Possui mestrado em administração de empresas, MBA em finanças e diversas pós-graduações nas áreas de marketing e negócios.

 

K.L.
Revista Apólice

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