CIAB 2016 – A utilização de apps e dispositivos mobile é motivada a todo momento. As aplicações móveis estão mudando rapidamente, e de maneira radical, o mercado de seguros, criando oportunidades expressivas para empresas inovadoras, que estão repesando a maneira como os seguros são concebidos, vendidos e experienciados. Isso foi mostrado na palestra Novas Aplicações em Dispositivos Móveis, durante da Trilha de Seguros dentro do evento CIAB-Febraban.
Daniel Rocha, líder de Financial Service da Capgemini, apresentou um estudo da empresa que mostra a disposição dos consumidores em adquirir produtos e serviços através dos smartphones. “É importante ressaltar que a Geração Y não está satisfeita com o atendimento que recebe das seguradoras, tanto nos meios tradicionais quanto nos digitais”, assinalou.
Outro ponto interessante é que, no Brasil, a pesquisa mostra que o cliente busca informações em vários canais antes de contratar um seguro. O corretor de seguros ainda é o canal mais procurado”, apesar de se propor a adquirir produtos de seguro através de empresas de tecnologia.
O cliente não pode mais ser colocado de lado. O produto precisa ser customizado, com transparência, inteligência artificial (sensores em casa, appliances nos carros) e conectividade (da casa, de si mesmo, do carro).
Rocha apresentou exemplos de empresas de seguros fora do País que já utilizam os dispositivos mobile. A United Health aperfeiçoou a experiência do corretor, agregando mais valor para o cliente, através de um app para retirar a burocracia da vida do corretor, que consegue cotar e emitir a partir de dispositivos móveis. “Isso implicou em maior agilidade para a venda”, explicou Rocha.
A oferta futura da AXA para os seguros residenciais será acoplar a assistência 24/7, a fim de enviar ajuda se uma emergência é detectada na casa de um cliente, conectada à empresa com dispositivos de IoT. “Isso agiliza e reduz o custo do serviço”.A aplicação de mobile + IoT (internet das coisas) inclui a visão de uma casa inteligente habilitada por meio de parcerias com o primeiro fabricante de dispositivos conectados para proteção em tempo real contra invasões, incêndios, inundações, vazamento de gás, poluição e outras emergências.
As fintechs tem ditado o nível e o ritmo das aplicações para seguros. Insurtechs, como são chamadas nos Estados Unidos. Naquele país foram investidos US$ 16 bilhões em insurtechs. Para Rocha, “as pessoas estão saturadas com a ideia de um tamanho único para todos e querem se ver diferente”.
Bought by Many é uma startup que busca grupos que geralmente não tem suas demandas atendidas pelas seguradoras. Através de grupos de afinidade, a BBM constroi e negocia acordos com seguradoras, apesar de negociado em grupo, é customizado para cada segurado. A venda é feita através de redes sociais e tem parceria com a Ping An na China. É um exemplo de economia compartilhada, que é futuro.
O Metromile aplica o conceito de seguro “pay as you go”, que calcula o valor mensal do prêmio conforme a quilometragem rodada. 65% do americanos roda menos de 200 milhas/mês, por isso, o slogan da companhia é Drive less, save more”.
O segurado conecta o dispositivo que recebe da seguradora. Este transmite as informações captadas no veículo.
O BIMA comercializa microsseguros para a população de baixa renda, especialmente da África e Ásia, onde 97% dos seus clientes ganham menos de USD 10/ dia. Já possuem 15 milhões de clientes, com modelo de parceria com operadoras de celular, bancos/financeiras locais, com modalidade de pagamento diário. Já atende em 13 países onde mais de 80% dos segurados nunca haviam consumido um produto de seguro. Eles formaram mais de três mil agentes para educar a população sobre a necessidade do seguro.
O Oscar é uma das fintechs de maior evidencia nos EUA. Ela comercializa apenas online: planos simples e baratos. É um aplicativo intuitivo e simples para buscar na rede referenciada os médicos/clinicas e agendamento de consultas. Pelo aplicativo é possível também dizer quais são os sintomas e o primeiro atendimento médico é prestado pelo telefone.
No Brasil, Rocha citou os exemplos da Thinkseg, que propõe um novo modelo de comercialização ainda com a participação dos corretores de seguros. Outro exemplo, a Youse, se propõe a realizar a venda direta.
O futuro pertence às fintechs, que devem ditar o ritmo e a forma de inovação do mercado de seguros. A integração com a IoT e a exploração do BigData para incrementar a experiência do consumidor e reduzir os riscos são os caminhos prováveis para a evolução do setor”, completou.
Angela Beatriz, diretora da BB Seguridade, disse que ainda não há nenhum produto expressivo em mobile para os consumidores de baixa renda, que não são bancarizados. “Se tivermos um modelo de negócios mais adequado, olhando para a subscrição com aparelhos mobile, este público pode ter um produto adequado”, sentenciou.
A seguradora terá que ser mais que isso. O modelo disruptivo pode não vir de uma seguradora, mas de uma empresa que investe em conhecer a dor do cliente. A praticidade gera utilização muito grande. “O canal mobile, uma vez acertado, pode mudar de patamar as suas vendas. Ele precisa evoluir bastante a análise dos dados, como uma empresa de seguros que atenda completamente as necessidades do cliente”, concluiu Angela.
Kelly Lubiato
Revista Apólice