A saúde bucal dos brasileiros é uma questão que passa antes de tudo pelos valores culturais. Embora as pessoas apresentem reais preocupações com a qualidade de vida, elas tendem a dispor maiores recursos em planos de saúde. Os planos odontológicos acabam ficando em segundo plano, pois os problemas desencadeados às vezes demoram a aparecer e despertar preocupações.
O custo do atendimento odontológico particular é uma das questões que mais pesam para que as pessoas deixem de prestar atenção em sua importância. É isso o que afirma Andrea Figueiredo, superintendente executiva da Área Odontológica da SulAmérica. “Se uma pessoa não precisar de odontologia em determinado momento, ela vai contornando a situação, deixando para ir ao dentista quando estiver em uma melhor condição financeira ou em caso de urgência”, destaca.
Mas a dificuldade em lidar com odontologia acaba quando o assunto está diretamente ligado às empresas, sendo apresentado como um benefício. Andrea ressalta como ocorre essa mudança de acesso: “o plano odontológico empresarial é barato para quem dá e essencial para quem recebe. Entra para preencher essa lacuna, e ainda ajuda a reter o bom profissional”, afirma.
Desempenho do mercado
O interesse pelo investimento por parte das empresas impulsiona o mercado, que tem crescido na casa dos dois dígitos. Em 2012, segundo dados divulgados pela ANS, o ramo atingiu 12% de crescimento, mesmo em época de desaceleração da economia. Mesmo assim, a odontologia possui apenas cerca de 18 milhões de beneficiários, o que é um número muito pequeno perto do tamanho da população.
Fabio Nogi, superintendente de planos odontológicos da MetLife, traça um paralelo com o mercado odontológico norte-americano. “Nos Estados Unidos, que possui um mercado muito mais maduro nesta linha de negócio, mais de 60% dos habitantes possuem alguma modalidade de seguro odontológico. Naquele país, a MetLife possui 24 milhões de beneficiários e mais de 180 mil dentistas credenciados”, destaca. O mercado brasileiro possui aproximada mente 250 mil profissionais, porém a abrangência de planos fica em apenas 9% da população.
Hoje, a região que mais possui beneficiários é a Sudeste, com destaque para Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Porém, a região Nordeste e alguns estados do Norte, em termos absolutos, representam o crescimento mais significativo do mercado.
A Odontoprev, por exemplo, aposta em clientes com perfil pré-determinado. “Do ponto de vista de planos coletivos, o executivo de RH das empresas é o target principal, uma vez que é o responsável pela análise e aprovação dos benefícios que são disponibilizados aos colaboradores”, revela Renato Velloso Dias Cardoso, diretor de desenvolvimento de mercado do Grupo.
Interesse nos clientes
Para Cardoso, o grande desafio é estar mais perto dos clientes. “Estender a cobertura de seguros para um número cada vez maior de empresas localizadas em novos centros econômicos” é a aposta que o executivo faz para conseguir um número cada vez maior de clientes.
Reter o funcionário vai muito além da questão salarial. As empresas que investem em planos odontológicos estão atentas a isso e procuram oferecer produtos que se enquadrem nas necessidades, tanto dos empresários quanto dos funcionários. O produto é o terceiro mais procurado em relação aos benefícios empresariais. Cardoso reconhece as vantagens de investir no ramo empresarial “A assistência odontológica se tornou um diferencial competitivo para atrair e reter talentos, bem como diminuir a rotatividade e o absenteísmo, além de aumentar a motivação e melhorar a qualidade de vida dos funcionários, reforçando nossa necessidade de atuação junto aos RHs”, explica.
Já Andrea destaca que existe outra utilização: “Não é apenas reter funcionário. Às vezes a empresa é familiar. Os planos PME são mais interessantes que o individual também nesses casos”.
Sabendo dessa perspectiva de mercado, o Inpao Dental resolveu investir em marketing e conversar diretamente com quem propõe os benefícios para funcionários. “Estamos investindo com mais força em ações de marketing de relacionamento e em campanhas promocionais de vendas. Em outra frente, temos buscado desenvolver negociações com os sindicatos (patronal e laboral) no sentido de tornar o benefício odontológico item de primeira necessidade no Acordo Coletivo da Classe”, revela Wagner Martins, diretor de Desenvolvimento de Negócios da empresa.
O diferencial dos planos coletivos é a abrangência. Na maioria dos casos, não há como definir um público alvo, já que as empresas que contratam possuem diferentes ramos e tipos de profissionais. “Atualmente, o plano odontológico atinge públicos dos mais variados segmentos e classes sociais, em função da diversidade de produtos disponíveis no mercado e do custo mais acessível, quando comparado ao plano médico e a outros benefícios”, ressalta Nogi.
Confira a reportagem completa na edição de agosto (177).
Amanda Cruz / Revista Apólice