Na década de 90, o ex-presidente da República, Fernando Collor de Mello, chamou a atenção dos brasileiros ao classificar os veículos vendidos no País como “carroças”, ao compará-los com os automóveis vendidos no exterior. Passados 30 anos daquele discurso, a situação mudou. Da injeção do combustível ao controle de tração e frenagem, quase tudo num carro atual passa por sensores e componentes eletrônicos, o que dá um caráter de sofisticação aos carros brasileiros.
Para se ter uma ideia do nível de crescimento dos sistemas eletrônicos nos veículos atuais, um sedan médio tinha há 10 anos, em média, oito componentes de eletrônica embarcada. Atualmente, esse número chega a 21.
Por este motivo, o Cesvi Brasil realizou um estudo para saber as consequências desse crescimento nos custos de reparação dos carros, já que a informação é essencial para a definição de preços de vários setores do mercado.
A pesquisa envolveu a análise de mais de 5 mil veículos envolvidos em colisões de baixa velocidade. A partir daí, foram identificados os itens eletroeletrônicos que mais são afetados, bem como seu valor de reparo. Os três primeiros colocados foram chicotes, motores elétricos e alternador, que juntos correspondem a mais de 50% dos sinistros.
Outro levantamento realizado pelo Cesvi mostra o quanto a eletrônica embarcada pesa no bolso do motorista na hora da compra de um veículo 0Km. Quando comparado a modelos de entrada, os chamados “Top de Linha” contam com muito mais itens e sistemas eletrônicos e chegam a custar até 63,8% mais caro.
De acordo com Almir Fernandes da Costa, diretor executivo do CESVI, a tecnologia embarcada está proporcionando aos motoristas mais conforto, segurança, mobilidade e economia. Entretanto, afirma ele, “é preciso que saibamos muito bem como lidar com ela no momento do reparo e com seus custos para que possamos investir em profissionais qualificados que atuam com reparação automotiva, a fim de que os reparos atinjam resultados semelhantes ao momento em que o veículo deixou a concessionária”.
“Em alguns modelos, o número de módulos de controle eletrônico pode chegar a 100 e o custo dos reparos pode alcançar 30% do valor do veículo. Sem mão de obra qualificada, o consumidor pode pagar mais caro e não ter seu automóvel rodando em perfeitas condições”, alerta o gerente da área de pesquisa do CESVI, Emerson Feliciano.
Além de informações técnicas, o estudo mostra os principais sistemas utilizados nos carros de hoje e antecipa outros que estarão cada vez mais presentes em nosso dia a dia, como câmeras de visão noturna, radares anticolisão, cintos pré-ativos e Head Up Display, sistema que projeta informações básicas no para-brisa do veículo e diminui o desvio da atenção do motorista para o que está sendo lido.
G.F.
Revista Apólice