A incidência cada vez maior de doenças crônicas no Brasil, com a consequente explosão dos custos de assistência à saúde, entra na agenda de prioridades das grandes corporações nacionais. Doze dos principais empregadores do país uniram esforços para criar a (Asap), anunciada nesta terça-feira, dia 25,em São Paulo. Anova entidade, sem fins lucrativos, congrega segmentos variados com a meta de promover atividades de estímulo à promoção da saúde.
A Asap nasce sob inspiração da Care Continuum Alliance (CCA), fundada em 1999 nos Estados Unidos, e quer fomentar o conceito de Gestão de Saúde Populacional (GSP). “As doenças crônicas estão em um estágio quase epidêmico no país, ampliando os índices de absenteísmo e onerando as empresas, que carecem de ferramentas e metodologias para controlar essas despesas”, avalia a superintendente executiva Marilia Ehl Barbosa (foto). “A GSP consiste em um sistema coordenado para monitorar e promover a saúde dos brasileiros, com a mobilização da iniciativa privada. Assim, vamos assegurar a melhor utilização do sistema de saúde e valorizar a prevenção”, complementa.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que quase um terço da população sofre de pelo menos uma doença crônica, entre casos de diabetes, hipertensão, reumatismo, doença pulmonar ou dislipidemia (distúrbios do colesterol). Esses males já respondem por 70% dos gastos com saúde no Brasil, de acordo com o Ministério de Saúde, motivados pelo estresse da vida moderna, pelo sedentarismo e por maus hábitos alimentares.
Dos mais de 47 milhões de usuários de planos privados de saúde suplementar, cerca de 30 milhões (63%) são atendidos por planos coletivos empresariais, oferecidos aos colaboradores como parte do pacote de benefícios. Essa expansão segue o crescimento econômico do país e o maior número de trabalhadores formais, mas não acompanhou a proporção de pessoas em situação de risco e com patologias.
Esse cenário, porém, pode ser minimizado com investimentos na cultura da gestão de saúde. “Detectando as doenças e incentivando os pacientes a tratar o problema, teremos pessoas com mais qualidade de vida e mais produtivas no mercado de trabalho. E os custos para as empresas podem cair até 30%, com base no trabalho de entidades similares em países como África do Sul, Japão, Índia e Austrália”, relata Marilia.
Integrantes e projetos
O núcleo de 12 empresas fundadoras da Asap inclui planos de medicina de grupo, seguradoras, empresas de autogestão, cooperativas médicas, corporações de diferentes ramos de atividade, caixas de assistência, indústria farmacêutica e empresas de medicina preventiva. São elas: Amil, AxisMed, Capesesp, e-Pharma, Funcional Card, In Health, Omint, Procare, Santécorp, Sautil, SulAmérica e Vivo. A expectativa é reunir 40 associados até o fim de 2012 e pelo menos 200 empresas e instituições em um prazo de dois anos.
A associação projeta, inicialmente, mapear a população atendida pelo setor privado e educar os usuários saudáveis, assim como os portadores de enfermidades. Entre as atividades previstas estão apresentações em empresas; workshops e cursos; produção de material institucional; criação de um departamento técnico para desenvolvimento de estudos, pesquisas, métricas e indicadores; e criação de metodologias para certificação de empresas. “Vamos integrar todos os envolvidos com a gestão da saúde. É a receita para combater um quadro que só tende a se agravar com o envelhecimento populacional”, acredita Marilia.
J.N.
Revista Apólice
