Ultima atualização 26 de julho

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Acácio Queiroz opina sobre novas tendências

Presidente da Chubb Seguros há oito anos, Acácio Queiroz, é um formador de opinião que procura estar sempre atualizado com as novas tendências, sejam elas ligadas a tecnologia, sustentabilidade ou novos canais de distribuição.

APÓLICE: Quais são os novos riscos aos quais o Brasil está exposto?

Acácio Queiroz: Os riscos sempre existiram. O que acontece agora é que o aquecimento global está agravando ou aumentando a frequência destes acidentes naturais em relação ao passado. Catástrofes naturais como inundação ou furacão, como o Catarina, que assolou o Sul do País há dez anos. O aquecimento começa a trazer riscos porque muda as condições climáticas, agravando e deslocando as chuvas, por exemplo. Há também os riscos que surgem por conta da modernidade, como de redes sociais, de internet, que não existiam no passado. Hoje, temos determinadas exposições que não haviam antes, por exemplo, novos meios de transporte como o trem bala, que é novidade no Brasil.

APÓLICE: Os riscos antigos estão agravados?

Acácio Queiroz: Como exemplo, podemos falar do seguro aeronáutico, cujas características também mudaram. Antes, havia meia dúzia de aeronaves em operação, agora, helicóptero é como mosca. Cada vez que se adiciona mais veículos ao tráfego, seja marítimo, terrestre ou aéreo, aumenta a exposição do risco. O aquecimento global, a modernidade e o desenvolvimento de novos meios de comunicação acabam criando novos riscos.

APÓLICE: Como vocês se preparam para os novos riscos?

Acácio Queiroz: No caso específico da Chubb, os passos que o Brasil dá agora já desenvolvemos há muito tempo. Para nós, evidentemente, sempre moldando à realidade brasileira, são riscos que temos em nosso banco de dados. Temos informações que nos permite fazer a análise do risco baseada em casos concretos ocorridos no resto do mundo, o que possibilita a precificação e subscrição de forma adequada a estas novas modalidades de risco. Isso não descarta a possibilidade de ter muito bem mapeado o Brasil, no que diz respeito ao aumento da frequência de risco.

APÓLICE: Neste caso, entram as peculiaridades locais?

Acácio Queiroz: Sim. Neste caso você tem tido um volume maior de inundações em Santa Catarina. Isso não vem de fora. Quando estou precificando um risco nestas localidades, tenho que levar em conta o mapa da região.

APÓLICE: Como você vê a atuação do mercado e da Chubb frente à uma nova realidade econômica, com taxas de juros cada vez mais baixas?

Acácio Queiroz: O mercado vai se ajustar às novas condições da economia. Você tem, por um lado, a diminuição dos juros e, por outro lado, o aumento da taxa de sinistralidade, seja pelo aquecimento global, pelo aumento da violência etc. O mercado já está se preparando para esta nova realidade. Talvez haja muitas empresas ainda com reservas lastreadas em papéis de longo prazo. Para elas, os juros não vão cair imediamente, o que lhes dá algum fôlego. Outras, que não gostam de correr muitos riscos, optam por papéis de curto prazo. Estas têm que se preparar e cada uma tem a sua estratégia. Nós, desde o ano passado, fizemos um ajustamento de portfolio, com cancelamento que ultrapassou R$ 100 milhões, numa operação de limpeza de portfolio. Fizemos também um trabalho grande de ajuste de despesas e de tarifas. O grande esforço foi fazer a readequação do portfolio, a otimização das despesas e verificar distorções que poderiam existir em relação às condições tarifárias. Certamente, teremos um resultado melhor que no ano passado.

APÓLICE: Vocês já têm os números desta operação?

Acácio Queiroz: Ainda não, mas tenho certeza de que os resultados serão melhores.

APÓLICE: Como as mudanças na economia impactam o mercado?

Acácio Queiroz: De várias formas. A primeira é no seguro de vida, impulsionado pelos trabalhadores com carteira assinada. O crescimento vertiginoso acabou. A mesma coisa acontece com o seguro de automóvel, que teve um avanço recente por conta da diminuição do IPI; se não fosse isso, continuaria andando de lado. O seguro de transporte viu o aumento do dólar esfriar o seguro de transporte internacional.

APÓLICE: A Chubb passa uma imagem de seguradora classe A. Vocês continuam a investir neste público?

Acácio Queiroz: Nós somos uma seguradora que atua em todas as linhas de negócios, menos saúde, previdência e capitalização. Entretanto, operamos com segmentos distintos e vamos continuar atuando assim. Mas, a bandeira mundial da Chubb está relacionada com produtos para as classes A e B. Isso representa 50% da nossa produção. Por outro lado, 20% desta mesma produção vem de produtos massificados, com aproximadamente 5 milhões de segurados. Uma empresa não pode ser constituída de apenas um negócio.

APÓLICE: Como você acredita que será a comunicação com o consumidor no futuro?

Acácio Queiroz: Você tem vivos nas seguintes gerações: a tradicional, a baby boomers, a X, a Y (que agora completa 33 anos) e a Z (que está fazendo 18 anos). Eu, que sou um baby boomer, não vou comprar nada pela internet. A Y e a Z já consomem varejo pela internet. A geração Z vai ter o seu corretor, mas ele estará diretamente ligado às redes sociais. Os consumidores serão mais exigentes, conhecedores de direitos, cada vez mais conectados à internet, cada vez mais capazes de cotar seus produtos.

APÓLICE: Como está o interesse internacional pelo Brasil?

Acácio Queiroz: A Chubb brasileira é a terceira operação internacional mais importante da companhia e, nestes últimos oito anos, reinvestimos tudo que lucramos aqui.

APÓLICE: O Brasil continua como bola da vez?

Acácio Queiroz: Em termos de economia, o Brasil, hoje, em relação aos emergentes, está atrás dos outros países, crescendo menos que China, Índia e Rússia. Porém, tudo isso está atrelado à crise na Europa e nos Estados Unidos. Eu acho que como opção de investimento, vários segmentos (inclusive de seguros) continuarão colocando capital por aqui. É claro que há alguns desafios, como o fato de cada vez mais o Brasil interagir e entrar na economia global.

Confira a entrevista completa na edição 164 (julho) da Revista Apólice

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