A Abramge, Associação Brasileira de Medicina de Grupo participou, na última quinta feira, do lançamento da pesquisa do Sindhosp, realizado ontem em São Paulo. Na ocasião, o presidente da Abramge, Arlindo de Almeida, afirmou que a relação entre as OPSs e os prestadores ainda é conflituosa e precisa chegar a um equilíbrio.
Para isso, a Abramge participa de vários grupos de trabalho, junto ao órgão regulador, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), como GT sobre novos modelos de remuneração, GT de normas e padronização de serviços, horários médicos, Rol de Procedimentos e também o Grupo de Trabalho sobre Gerência e Relacionamento com os Prestadores de Serviços.
“A Saúde Suplementar no Brasil tem hoje um custo muito alto, como acontece em todo o mundo e, somente com a vigilância dos custos dos serviços prestados será possível manter o negócio das empresas de planos de saúde sustentável”, afirmou Arlindo de Almeida, para quem os prestadores ainda praticam internações e exames desnecessários, entre outros problemas.
Além disso, a quantidade de normas e regulamentações da ANS torna a administração das operadoras cada vez mais difícil. Se, em 2000, havia cerca de 3.000 operadoras, agora apenas 1.065 OPS médico-hospitalares sobrevivem – mais de 50% fecharam. Isso sem contar outras 350 que atualmente estão em regimes especiais na ANS – o que pode levar ao seu fechamento.
Por outro lado, a sinistralidade – a despesa assistencial de saúde registrada nas empresas de medicina de grupo – já chega, em alguma operadoras, a 85%. Com isso, algumas pequenas e médias operadoras estão ameaçadas. As mais fortalecidas apresentam uma margem de lucro médio não superior a 2%, já que os encargos e as chamadas taxas de garantias exigidas pela ANS elevam mais ainda o custo anual das organizações desse tipo.
Veja a seguir alguns dados sobre a relação entre prestadores de serviços e planos de saúde.
-Segundo pesquisa recém divulgada da Unidas, o aumento dos custos da área de saúde no ano passado foi de 12%, enquanto o reajuste anual da ANS não chegou a 7%.
-As empresas de planos de saúde são a maior fonte pagadora dos hospitais, clínicas e laboratórios em geral. Elas representam mais de 90% do faturamento dos maiores hospitais do País.
-A transferência de pacientes para hospitais próprios, pelas Ops da Medicina de Grupo, visa um melhor controle do atendimento aos usuários, assim como à contenção de custos. Os usuários de planos de saúde enfrentam cada vez mais um custo elevado no seu plano e, a se continuar como está, os serviços de saúde suplementar tendem a se tornar impraticável para os brasileiros da classe média.
-O número de exames tem crescido bastante e, do total solicitado, cerca de 30% não são nem procurados pelos usuários, por total falta de importância quanto aos resultados que eles possam ter definido, já considerados desnecessários para o caso do paciente.
-A média de consultas ano por usuário no Brasil chega a 6.7 ou até 7.0, enquanto a OMS preconiza cerca de 4.0 consultas/ano por usuário.
-O reajuste anual reivindicado pelos prestadores, quando do reajuste da ANS, não pode ser repassado linearmente para toda a cadeia, uma vez que os impactos são distintos – além da grande influência da frequência de utilização dos serviços, que afetam diretamente o índice de sinistralidade. Soma-se a isso o constante aumento do rol de procedimentos proposto pela ANS, sem a contrapartida de ajuste de taxas.
-Por todas essas considerações, espera-se que a ANS desempenhe seu papel de reguladora nas relações entre operadoras e prestadores e gere normas e regulamentações para desonerar as operadoras e trazer maior equilíbrio entre as partes, para que a Saúde Suplementar possa continuar a fazer o seu papel e oferecer serviços de boa qualidade aos seus usuários.
A.B.
Revista Apólice