Ultima atualização 03 de novembro

Mercado não vê grandes mudanças com a chegada de Dilma Rousseff

A possível continuidade à administração feita pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva é vista com bons olhos pelo mercado de seguros. Apesar de algumas ressalvas, boa parte dos executivos ouvidos pela Revista Apólice está confiante de que a chegada de Dilma Rousseff dará sequência ao momento de desenvolvimento que o Brasil vive. Seu apelido de “Mãe do PAC – Plano de Aceleração do Crescimento” traz esperanças de que ela alavanque o projeto. Outros vão além e acreditam que tanto a vitória de Dilma como a de José Serra gerariam resultados positivos para o mercado de seguros. “A trajetória de evolução do setor continuará com a eleição da Dilma e não seria diferente se o vencedor fosse o candidato José Serra. Ambos têm perfil desenvolvimentista e certamente apoiariam o crescimento do setor”, raciocina Marcelo Goldman, diretor executivo de Massificados da Tokio Marine.
Para Márcio Magnaboschi, diretor Adjunto de Vendas da MetLife, a continuidade do cenário macroeconômico brasileiro é positiva para o mercado de seguros. Isso porque a melhor distribuição de renda – dados do Blog da Dilma mostram que durante o Governo Lula foram tirados 30 milhões de brasileiros da indigência – trará mais pessoas para a dinâmica da economia brasileira, aumentando o poder de consumo das classes mais baixas, inclusive, o acesso ao seguro. Os megaeventos esportivos que acontecerão no País – Copa e Olimpíadas – também são vistos como grandes oportunidades para o setor. “O Governo terá de investir em infraestrutura e, com isso, aumentará o número de negócios para carteiras como a de risco de engenharia, garantia, responsabilidade civil, seguro de pessoas, entre outras”, avalia Magnaboschi.
O que preocupa o executivo é a política de investimento de médio e curto prazo adotado por Lula e, certamente, continuado pela ex-ministra Dilma. Segundo ele, o Brasil carece de mão de obra qualificada, cuja deficiência começa na educação básica. “Estamos vivendo um apagão de mão de obra que já afeta o mercado de seguros. Mais pessoas estão nas universidades, mas precisamos avaliar como esses alunos estão sendo formados. Muitos não sabem pensar de forma estruturada e têm dificuldade na escrita”, critica ele, que complementa: “Está difícil achar bons talentos. Os disponíveis no mercado são muito caros. Precisamos turbinar a educação básica para que possamos ter profissionais que atendam os quadros técnicos e também que dominem outros idiomas”. A saúde é outro segmento que, de acordo com Magnaboschi, deveria ser vista com mais atenção pelo Governo Dilma.
Na opinião do economista Francisco Galiza, da Rating Seguros, ainda é cedo para fazer previsões. “Em princípio, tudo deve continuar como está, até pelo fato do Governo ter outras prioridades. É muito cedo para avaliar os efeitos”.
Talvez a eleição de mais representantes do mercado de seguros no âmbito político brasileiro faça alguma diferença. “A chegada da nova presidente não acarretará grandes mudanças no mercado de seguros, no entanto, a eleição de Armando Vergílio para deputado por Goiás pode abrir espaço para novas lideranças políticas na Susep”, sugere o corretor de seguros Nelson Fontana.

Reforma tributária
A inclusão dos corretores de seguros no regime tributário Super Simples é outra reivindicação do setor. Em seu primeiro discurso, Dilma prometeu estimular os pequenos empreendedores: “Valorizarei o Micro Empreendedor Individual, para formalizar milhões de negócios individuais ou familiares, ampliarei os limites do Supersimples e construirei modernos mecanismos de aperfeiçoamento econômico, como fez nosso governo na construção civil, no setor elétrico, na lei de recuperação de empresas, entre outro”.
Gustavo Cunha Mello, professor da Funenseg (Escola Nacional de Seguros) e sócio da Correcta Seguros, espera que essa promessa se concretize na prática. Ele espera que a nova presidente sancione não só a inclusão dos corretores no Super Simples, como também que o seu Governo convença os estados a reduzir o ISS (Imposto sobre Serviços) da categoria. “Acho muito pouco provável que isso aconteça, mas embora a Dilma precise manter receita, ela mencionou em seu discurso que pretende fazer uma “mini” reforma tributária, simplificando impostos”.
Segundo Mello, o próximo Governo também deve diminuir a alavancagem e o risco das companhias de seguros e bancos, estimulando as normas de Solvência II e estimular a poupança de longo prazo por meio do incentivo à criação de novos planos de seguros de vida. “É preciso zerar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) do seguro de vida”, acrescenta.

Mão do Estado
A aprovação da Agência Brasileira de Garantias, que será instituída por meio de medida provisória, é um dos projetos que ficou para o Governo Dilma sancionar. O assunto é visto com cautela pelos executivos do setor. “Espero que o Governo Dilma não seja um empresário do setor de seguros, mas sim um regulador que fomente o crescimento sustentável”, resume Samy Hazan, superintendente de Planejamento e Seguro de Pessoas da Marítima Seguros.
Para João Gilberto Possiede, presidente da J.Malucelli, a história da seguradora estatal – a polêmica Empresa Brasileira de Seguros (EBS) – é um assunto encerrado. “Não vejo outra solução a ser adotada diante da expressão que a Agência terá. Nosso mercado está adulto e não visualizo muitas dificuldades para a obtenção das coberturas necessárias para os grandes projetos”.
De acordo com ele, se, eventualmente, aparecerem empreendimentos que surpreendam as companhias, o setor utilizará todos os limites em termos de seguros e resseguros e, posteriormente, recorrerá ao fundo do Governo. Já para Magnaboschi, da MetLife, o assunto ainda é muito controverso, pois muitas empresas já atingiram o limite na aceitação de riscos. “Não teria necessidade de uma seguradora estatal ou um fundo se tivéssemos abertura de concorrência. No cenário que vivemos, quem assumirá os riscos ruins?”, questiona ele, que responde: “O esforço do Governo pode ser uma alternativa para a aceitação desses riscos, afinal, nenhuma obra sai do papel sem a proteção do seguro”.
Para Goldman, da Tokio Marine, e Mello, da Correcta Seguros, o ideal seria que essa tendência estatizante não chegasse ao mercado de seguros. “Torço para que a Dilma perceba a besteira que será abrir a EBS ou o fundo para seguros das obras do PAC”, observa Mello.

Aline Bronzati
Revista Apólice


Foto:
Blog Dilma

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