Ultima atualização 16 de julho

Cinco etapas para adoção do IFRS

O IFRS (International Financial Reporting Standard) traz benefícios internos e externos para o Brasil, em termos de padronização das normas contábeis que deverão ser adotadas por corporações de natureza S.A. (Sociedade Anônima) e Sociedades de Grande Porte, com ativo total superior a R$ 240 milhões e receita bruta anual (no exercício anterior) superior a R$ 300 milhões. Externamente, a adoção das normas coloca o Brasil no contexto econômico mundial, ajudando a internacionalizar empresas e negócios. Internamente, a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) regulariza e normatiza as características contábeis das empresas e faz a intermediação do debate entre representantes de todos os atores do mercado brasileiro – governo, iniciativa privada e órgãos acadêmicos.
As normas internacionais de contabilidade exigem a publicação do balanço, fluxo de caixa, resultados e notas explicativas das empresas. Apesar de os primeiros relatórios contábeis com padrão IFRS terem que ser enviados no início de 2011 – referente ao balanço de 2010 -, o balanço de 2009 deve ser adaptado para o padrão, como forma de garantir uma base comparativa aos dados de 2010. Logo, as empresas têm que se adequar para não refazerem trabalhos e evitarem despesas.
Mas, de acordo com a Ernst & Young, em estudo lançado no final de 2009 com executivos de 100 diferentes empresas no Brasil, mais de um terço (28%) dos entrevistados afirmaram ainda não ter tomado conhecimento dos desafios e oportunidades das opções existentes para adoção do IFRS. A explicação pode estar na falta de conhecimento: 54% disseram não ter uma equipe dedicada à implantação do IFRS, contra apenas 40% que afirmaram já ter sua equipe pronta. Os números mais importantes indicam que as empresas ainda não perceberam a urgência da implementação do IFRS: 60% disseram não ter este planejamento, contra apenas 27% que responderam de forma positiva – desempenho semelhante à primeira fase da pesquisa, realizada no começo do ano passado. Esses números provam que a movimentação para a adoção ainda é lenta.
Para uma padronização da natureza do IFRS, planejamento é primordial, ainda mais com o tempo reduzido. Abaixo estão listados cinco passos que uma empresa precisa passar para adotar de maneira eficaz o IFRS:

1. Identificação dos principais impactos (visão macro). Dadas as características das empresas, é preciso identificar as principais normas ditadas pelo CPC que influenciam na mudança das demonstrações contábeis. Benchmarkings de empresas estrangeiras podem ser bem úteis nesse momento.
É necessário pensar estrategicamente esse assunto. O projeto de conversão ao IFRS depende diretamente das características de cada empresa: ao procurar benchmarking, a comparação deve ser feita com empresas do mesmo segmento ou, em último caso, empresas que são influenciadas pelas mesmas características contábeis.
Por exemplo, os projetos para o segmento de incorporação focam o reconhecimento de receita, apropriação imobiliária e contabilização de operações financeiras. Já os projetos para o segmento de indústria, que possuem muito maquinário, com valor alto em ativos imobilizados, serão diretamente impactados pela norma ditada pelo CPC que regulariza os ativos imobilizados da empresa ? conhecida como CPC 27.

2. Diagnóstico de negócio. É necessário estabelecer uma lista confiável de requisitos a serem impactados e classificá-los conforme as mudanças que serão sentidas ? pessoas, processos e sistemas. Nesse momento será feito o plano de conversão.
Aqui cabem estudos detalhados: empresas são totalmente diferentes umas das outras ? independentemente da vertical de atuação ?, logo os impactos também serão diferentes. Ao fazer esse estudo, a consultoria contratada deve levantar a quantidade de ativos imobilizados, gestão da tesouraria, exposição a riscos, mercado e segmentos em que ela está inserida etc. E se ela tem uma ferramenta global, como SAP, e se já está preparada ou não para receber os módulos a serem instalados.

3. Diagnóstico de TI. Tendo as necessidades de negócio, a empresa avaliará os impactos em sistemas. Grande parte dos impactos será resolvida facilmente com os sistemas globais e algumas modificações serão necessárias, principalmente no que tange à fonte das informações. Um dos produtos dessa fase é o mapa de soluções: poderão ser identificados dois caminhos para um mesmo problema, inclusive com soluções mais sofisticadas, automatizando processos.

4. Implementação dos requisitos de negócios conforme a estratégia que o diagnóstico de TI determinou. Algumas ferramentas possuem diversos aceleradores para os demonstrativos contábeis e diversos sistemas de ERP globais já possuem as funcionalidades para se adaptarem ao IFRS. Nesse item se percebe a importância do projeto e do estudo, pois os profissionais de TI já terão a lista de quais módulos, funções devem ou não ser ativados, evitando erros e gastos excessivos de tempo e dinheiro;

5. Preparação e apresentação do resultado. A idéia do IFRS é atender o princípio contábil, e não a regra. Adaptar-se aos princípios do IFRS não afeta unicamente as áreas de Contabilidade ou TI. Toda a empresa sente a mudança. Adotar o IFRS resulta em diversas adaptações, por isso funcionários precisam passar por treinamentos, em especial o departamento contábil. Mas existem outras consequências, como mudar o valor dos ativos imobilizados no balanço da empresa e orientações específicas para contabilizar ativos financeiros que a empresa estiver investindo, pois isso, na prática, se refere a riscos que a empresa está submetida.
Importante ressaltar que o impacto da implantação do IFRS não é grande o suficiente para afirmar que irá mudar a cultura organizacional, porque, depois de implantado, a tendência é que a norma contábil se torne ?rotina? da empresa.

Glossário ? termos e entidades importantes para as empresas que terão que adotar o IFRS
CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) – Responsável pela convergência contábil no Brasil. Criado a partir da união da ABRASCA, APIMEC NACIONAL, BOVESPA, Conselho Federal de Contabilidade, FIPECAFI e IBRACON, o órgão regulariza e normatiza as características contábeis das empresas.
CVM (Comissão de Valores Mobiliários) – Comissão de valores Mobiliários. Regula o mercado financeiro no Brasil.
FASB (Financial Accounting Standard Board) – Órgão que determina padrões contábeis dos EUA;.
IASB (International Accouting Standards Board) – Órgão que determina padrões internacionais de contabilidade.
IAS (International Accouting Standards) – interpretação específica sobre algum assunto de contabilidade.
SEC (Securities and Exchange Commission) – Regula o Mercado financeiro nos EUA.

Gabriel Rodrigues é diretor da Essence, empresa de consultoria e outsourcing, especializada em Tecnologia e Informação para negócios

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