Mal acabou uma das maiores crises financeiras na história e a seguradora espanhola Crédito y Caución, especializada na cobertura de risco nos empréstimos entre empresas, trouxe R$ 10 milhões ao país. O objetivo foi se adequar às regras de solvência da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e preparar seu crescimento deste ano. Desde quando chegou ao país, em 2007, a seguradora do grupo Atradius já ingressou com cerca de R$ 45 milhões para suas duas empresas: uma de seguros de crédito no mercado interno e outra nos financiamentos à exportação.
O aumento no capital se explica: os planos para este ano são de crescimento de no mínimo 20% no total dos prêmios emitidos, diz Flávio Navarro, presidente da Crédito Y Caución no Brasil. “Há muito espaço para a ampliação do seguro de risco de crédito no mercado brasileiro, pois o produto ainda é novo no país: tem apenas dez anos”, diz o português Paulo Morais, diretor territorial de Brasil e Portugal. Ele não nega, no entanto, que os preços estão mais altos em todo o mundo, por causa do risco maior percebido e pelo preço do próprio resseguro.
Segundo Morais, diferentemente do que acontece na Europa, as empresas ainda não usam o seguro de crédito no Brasil de uma forma preventiva. Acham que ele só serve para o pagamento da indenização depois que a inadimplência acontece. “Todos usam como antibiótico e não como vacina”, diz, lembrando que uma das principais funções de uma seguradora é analisar o risco de crédito das empresas e ajudar o cliente a decidir para quem deve ou não deve emprestar.
Na Espanha, onde fica a matriz da Crédito Y Caución, o total de risco assumido pelas seguradoras de crédito é de cerca de 60% do Produto Interno Bruto. No Brasil, segundo calcula Navarro, não passa de R$ 235 bilhões, 7,5% do PIB total de R$ 3,143 trilhões registrado no final de 2009. Desse total, a Crédito Y Caución é responsável por um total de R$ 8,6 bilhões. Ainda está longe da primeira colocada, a francesa Coface, com um total de mais de R$ 21 bilhões de exposição ao risco-Brasil. Mas a espanhola cresce a cada ano em participação, procurando ampliar seus limites a empresas no país e crescer o número de clientes.
“Achamos que o mercado no Brasil tem muito potencial”, diz Morais, para quem a crise de crédito vivida em 2008 ajudou as empresas no Brasil a perceberem a necessidade do seguro. Em 2009, o total de prêmios emitidos pela Crédito Y Caución no Brasil foi de R$ 12,9 milhões. A relação entre as indenizações pagas às empresas e o total de prêmios emitidos, a taxa de sinistralidade, foi de 67% considerando-se os seguros de crédito interno e externo. Ao realizar todas as despesas operacionais com o processo de implementação da companhia no Brasil, a empresa teve prejuízo de R$ 577 mil em 2009.
Cristiane Perini Lucchesi
Valor Econômico