Ultima atualização 12 de março

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TPI perdeu concessão por falta de apólices

No início de 2009, em meio ao auge da crise financeira, a Triunfo Participações e Investimentos (TPI) arrematou a concessão da Rodovia Ayrton Senna/Carvalho Pinto, em São Paulo. Para levar o ativo, precisava pagar R$ 560 milhões em outorga ao governo de São Paulo e se comprometia a investir outros R$ 900 milhões no trecho. Mas não ficou com o negócio: sua seguradora, a CesceBrasil, especializada em seguro garantia, não conseguiu obter o resseguro para o negócio. O consórcio da TPI foi desclassificado.
A Ayrton Senna ficou com o segundo colocado, a EcoRodovias, da construtora CR Almeida. Hoje TPI e Cesce estão em uma disputa judicial de R$ 65 milhões para saber quem vai pagar pelo prejuízo do depósito prévio feito na conta do governo.
Segundo Carlo Botarelli, presidente da TPI, uma situação do tipo dificilmente teria ocorrido se houvesse uma seguradora pública. “Sentimos falta disso na época”, diz. Segundo a justificativa da empresa, o problema é que o mercado de seguros privado foi pouco atento às peculiaridades de uma empresa de participações – com investimento alto e tempo de maturação longo.
Mas o caso da TPI é considerado raro no mercado, e os envolvidos em grandes projetos públicos – em especial o Trem de Alta Velocidade (TAV) – estão preocupados com outro aspecto. Segundo Philippe Delleur, presidente da Alston no Brasil, o problema do TAV brasileiro não é o acesso ao mercado de seguros, mas os riscos embutidos no projeto. “Nossa visão, em especial no TAV, é de que há riscos que a empresa privada pode assumir, e outros riscos que o poder público deve assumir”. Riscos de construção e de licenciamento ambiental, por exemplo, não estão devidamente cobertos pela proposta atual, diz o executivo.
Segundo o consultor Fernando Fleury, a serviço de um dos consórcios em disputa pelo TAV, o risco da criação da seguradora federal é ela ser usada para cobrir riscos que o setor privado – incluindo o mercado financeiro – não está disposto a assumir: “O perigo é ela vir para segurar algo que o mercado não quer, não pelo porte, mas pelo projeto”. Os problemas de projeto, diz, devem ser solucionados com a sua reformulação – algo que as empresas têm defendido, no caso do TAV, em sucessivas reuniões com representantes do governo.

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