A solenidade de instalação do totem que irá estimar o número de pessoas acidentadas no trânsito em Curitiba foi realizada na terça-feira, 7 de junho, na sede da Urbs, empresa que administra o trânsito da capital.
O equipamento já está instalado na Rua Prefeito Lothário Meysner, perto do Jardim Botânico. Este será o único totem da cidade e o terceiro do Brasil implantado até agora. Antes foram as cidades de Goiânia e Manaus.
“Além de Curitiba os totens serão instalados ainda em Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília”, explica André Luis Horta Silva, do Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária do Brasil), que coordena o movimento Chega de Acidentes, criado em 2009.
O patrocínio para instalação dos totens nas capitais brasileiras envolvidas na Década de Ação de Segurança no Trânsito é da Seguradora Líder, administradora do Seguro DPVAT, que indeniza vítimas de acidentes de trânsito, e que no Paraná é representada pela Seguradora Centauro.
O diretor presidente da Centauro, Ricardo José Iglesias Teixeira, acredita que o totem deva contribuir para conscientizar as pessoas sobre os perigos do trânsito e contribuir para uma melhor educação, não só nas ruas da cidade como também nas rodovias.
Ele não acredita que o equipamento servirá para assustar, mas para alertar. “Precisamos que isso sirva mais para conscientizar as pessoas do que assustar”. O equipamento deve atualizar os números a cada quatro minutos, em média, com dados das vítimas do trânsito do Ministério da Saúde.
Teixeira assinala que, baseados nos dados das indenizações do DPVAT, ocorrem no Brasil cerca de 50 mil mortes/ano. “Muitas dessas mortes envolvem condutores de motocicletas, que virou uma verdadeira arma”, diz. Elas representam cerca de 27% da frota de veículos no Brasil e são responsáveis por cerca de 61% dos acidentes envolvendo morte e invalidez.
Na opinião do coordenador do DPVAT do Sincor-PR, Luiz Carlos Moscardini, a iniciativa de instalação do totem é válida e contribuirá para conscientizar mais as pessoas. “É sempre bom ter instrumentos que possam alertar motoristas e pedestres sobre os perigos do trânsito”, diz. O evento contou também com a presença do assessor da diretoria do Sindicato, William Bedene Jr.
O diretor executivo do Sindseg-PR/MS, Ramiro Fernandes Dias, também acredita nesse alerta. “Todas as ações que sirvam para mostrar a crueldade que o trânsito faz com as pessoas é bem-vinda. Precisamos chamar a atenção para esse caos. O número de mortes é alarmante. Precisamos pôr um basta nisso”, assinala.
Hoje, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) se estima que morrem no mundo 1,3 milhão de pessoas vítimas de acidentes de trânsito. “Esses números podem chegar a 2 milhões até 2020”, diz a diretora de Trânsito da Urbs, Rosangela Battistella. “Precisamos, então, unir esforços para reduzi-los”.
Para o tenente coronel Loemir Mattos de Souza, do BPTan de Curitiba, até o dia da instalação do totem, foram registrados na capital paranaense 3.462 acidentes de trânsito, desde o início do ano, com 32 mortes e 2.954 feridos, além de 333 atropelamentos. De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde, o Brasil registra por ano cerca de 38 mil vítimas fatais em decorrência da violência no trânsito.
Segundo o tenente coronel, em igual período deste ano (janeiro a maio), em comparação com o ano passado, houve um acréscimo de 77% no número de blitzen em Curitiba, o que atualmente dá uma média de duas por dia na cidade. “Estamos tentando coibir os abusos”, explica.
O presidente da Urbs, Marcos Isfer, ressalta que a união de entidades envolvidas com a questão do trânsito é muito significativa, mas ainda há muito por fazer. “Além da conscientização, precisamos também do cumprimento das leis e punição para os infratores, pois a impunidade é que faz com que muitas tragédias se repitam”.
A Década de Ação de Segurança no Trânsito começou no dia 11 de maio, data que foi marcada em Curitiba pela iluminação do Jardim Botânico, o mais conhecido cartão postal da cidade, em cor amarela.
A iluminação diferenciada do Botânico – a mesma adotada em monumentos em todo o mundo, como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro e a Torre Eiffel, em Paris – foi mais uma das ações que estão sendo tomadas em Curitiba para redução dos números de vítimas do trânsito.
Em assembleia geral em março do ano passado, a ONU estabeleceu a Década de Ações para a Segurança no Trânsito de 2011 a 2020 com a meta de estabilizar e reduzir acidentes de trânsito em todo o mundo.
Em resolução posterior, os 192 países membros da ONU solicitaram à Organização Mundial da Saúde (OMS), em cooperação com outros parceiros, a elaboração de um plano diretor para guiar as ações nessa área durante os próximos dez anos. E ainda que cada um desses países estabeleça suas metas nacionais para a redução de acidentes até o final do período correspondente à Década.
De acordo com o Relatório Global da OMS sobre a situação da segurança viária – a primeira análise detalhada sobre 178 países, publicada em 2009 -, ferimentos causados por acidentes de trânsito permanecem um problema de saúde pública, principalmente nos países de média e baixa renda.
J.N.
Revista Apólice
