Três anos depois do terremoto de 8,8 graus que atingiu a costa central do Chile em 27 de fevereiro de 2010, quase 100% das perdas seguradas foram resolvidas, as comunidades reconstruídas e o mercado de seguros tem se recuperado bem. A análise é de Alfredo Schmidt, gerente de Property & Casualty da Willis Chile, publicada nesta semana no blog “Willis Wire”, da corretora global Willis.
Segundo ele, este foi o maior desastre natural que o mercado de seguros chileno já enfrentou. Os prejuízos com a catástrofe somaram cerca de US$ 30 bilhões. Desse montante, por volta de US$ 8 bilhões foram pagos pelo mercado de seguros chileno. As indústrias mais afetadas, relata Schmidt em seu artigo, foram habitação, turismo, pesca e educação. Destas perdas, 71% foram relativas a danos na infraestrutura e 75% da população foi afetada pelo desastre.
O terremoto foi o quinto mais caro na história. O terremoto considerado o “mais caro” da história foi o que atingiu o Japão em 2011, que custou US$ 25 bilhões em perdas seguradas.
“Ao considerar o custo total de perdas seguradas do terremoto do Chile, é importante lembrar que o mercado chileno atualmente gera cerca de US$ 432 milhões em prêmios de cobertura de terremoto. Para um desastre que custou à indústria cerca de US$8 bilhões, levaria por volta de 21 anos para recuperar isso”, continua Schmidt.
Ele destaca uma série de reflexos que afetaram o mercado de seguros local. As taxas aumentaram de 50% a 150% em dois anos. “Agora, as taxas estão começando a cair e acreditamos que deva chegar a níveis pré-terremoto nos próximos 12 meses”, prevê.
Houve também variação nas franquias. Antes, franquias de terremotos eram limitadas, na maioria dos casos, a 2% do valor segurado. Após o terremoto de 2010, o limite foi eliminado.
Outro reflexo foram as mudanças na política de subscrição. Antes do terremoto, as seguradoras costumavam enviar engenheiros para avaliar e inspecionar apenas os riscos cujos valores segurados eram considerados significativos. Após sofrer pesadas perdas devido ao terremoto e tsunami, elas perceberam que não sabiam da gravidade de muitas das suas exposições. “Isto levou a subscrições mais rigorosas e agora todos os riscos são inspecionados pelos engenheiros antes de serem aceitos pelos subscritores”, esclarece o gerente da Willis Chile.
“Graças ao papel fundamental que o mercado de resseguros internacional teve na cobertura de uma grande parte das perdas do terremoto e na manutenção dos níveis efetivos de reservas locais, este evento catastrófico não causou graves problemas de solvência entre as seguradoras locais”, analisa.
Schmidt ainda comenta que a resposta do mercado local de seguros pode ser considerada boa e tem sido objeto de melhorias posteriormente implementadas para aperfeiçoar a negociação e liquidação das coberturas de terremoto. “Por exemplo, apenas seis meses após o terremoto, quase 100% das perdas de property (residenciais) foram sucessivamente inspecionado pelos reguladores de sinistro”.
Por fim, Schmidt finaliza seu artigo com uma boa expectativa de crescimento do setor em 2013: “o Banco Central do Chile prevê crescimento de 5% do PIB em 2013, o que possibilitará ao mercado de seguros chileno crescer 6,5% e superar o crescimento de 10% na capacidade vista em 2012”, conclui.
Jamille Niero /Revista Apólice