Ultima atualização 19 de novembro

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Casa do Seguro: A aposta na Inteligência Climática para avançar na agenda de sustentabilidade

EXCLUSIVO – A participação inédita e estruturada do setor de seguros brasileiro na COP30, em Belém, com a Casa do Seguro, organizada pela CNseg, marca um divisor de águas para a indústria. Pela primeira vez, seguradoras, resseguradoras e entidades setoriais assumem protagonismo em debates globais sobre adaptação climática, financiamento sustentável e gestão de riscos, áreas em que o seguro desempenha papel essencial, mas que historicamente eram pouco compreendidas fora do mercado.

A coordenação deste novo momento do setor foi desenhada pela Confederação Nacional das Seguradoras ao longo dos últimos dois anos, com a estratégia de Inteligência Climática compiladas em um hub que reúne dados, estudos, modelagens, capacitação técnica e desenvolvimento de produtos para ampliar o entendimento dos riscos climáticos e apoiar governos e empresas em decisões de adaptação e mitigação.

“Todo esse trabalho é fruto de um projeto com estruturação de área, formação de parcerias, engajamento de seguradoras e realização de mais de dez eventos com autoridades e especialistas”, explica Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, em entrevista exclusiva à Apólice. 

O conceito, ainda pouco difundido no Brasil, refere-se à capacidade de integrar dados científicos, projeções meteorológicas, análises de impacto e modelagens de risco para apoiar decisões públicas e privadas. Na visão do setor, trata-se de uma evolução natural da inteligência de seguros, agora aplicada ao clima.

Segundo Oliveira, “o grande trabalho é desenvolver conhecimento sobre os riscos climáticos”: desde secas, incêndios e enchentes até impactos sobre cadeias produtivas, infraestrutura, biodiversidade e projetos de carbono.

A CNseg lançou, inclusive, uma ferramenta de risco de inundação, que será expandida para mapear incêndios, secas e outros fenômenos. “Precisamos gerar previsões climáticas de médio prazo e melhorar os modelos brasileiros, que ainda são insuficientes”, reforça. Parcerias com Embrapa, Inpe, Inmet, universidades e centros de pesquisa já estão em andamento. 

A Casa do Seguro na COP30

A partir das discussões realizadas na Casa do Seguro, espaço que reuniu autoridades de diversos ministérios, organismos internacionais e lideranças empresariais, a CNseg identificou cinco eixos prioritários para o desenvolvimento de produtos e soluções:

  1. Seguro rural e florestal: incluindo novas culturas, projetos de reflorestamento e riscos associados a créditos de carbono;
  2. Infraestrutura e PPPs: com aprimoramento das matrizes de risco e inclusão adequada das coberturas nos processos de licitação;
  3. Seguros paramétricos e de resiliência climática: voltados a eventos extremos cada vez mais frequentes;
  4. Modelagem avançada de clima e riscos: fortalecendo bases de dados e projeções nacionais;
  5. Seguros para novos setores da economia verde: como hidrogênio verde, SAF (combustível sustentável de aviação), extrativismo sustentável e bioeconomia amazônica. 

“O mercado vai sair desta COP com uma lista imensa de afazeres. São deveres de casa, mas também grandes avenidas de crescimento para o seguro brasileiro”, destacou o executivo.

Ao longo das conversas conduzidas na Casa do Seguro, ficou evidente que a falta de entendimento sobre o papel das seguradoras ainda é um entrave a projetos estruturantes. Oliveira citou o caso de debates sobre infraestrutura, em que até representantes experientes confundem garantias, fiança bancária e modalidades de seguro disponíveis.

“A ignorância ainda é grande. Muitos não sabem que existe seguro de risco de engenharia, seguro de obra, seguro para concessões e acabam atribuindo tudo à fiança bancária”, disse. Para enfrentar essa lacuna, a CNseg iniciará em 2026 um grande programa de capacitação de servidores públicos, especialmente aqueles envolvidos em concessões, licitações e projetos de infraestrutura. 

“Desta vez, o seguro foi tema transversal em dezenas de painéis e pavilhões. Quando autoridades iam falar de seus temas, também falavam de seguros. Isso nunca tinha acontecido”, pontuou. “O Brasil liderou a iniciativa do mercado de seguros e mostrou que o setor é fundamental para viabilizar políticas de adaptação e para dar segurança ao investimento privado.

A partir dos resultados da COP30, CNseg e UNEP FI (Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) trabalharão juntas na formação de uma Força Tarefa global de seguradoras, voltada à agenda climática e de sustentabilidade. O grupo reunirá seguradoras, resseguradoras e entidades internacionais, com foco em compartilhamento de dados e construção de padrões. “Será uma atuação internacionalizada, com o Brasil no centro da discussão. Não podemos anunciar nomes ainda, mas já existe um grupo em formação”, adiantou Oliveira. 

Kelly Lubiato, de Belém/PA

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