EXCLUSIVO — A entrada em vigor da obrigatoriedade do Seguro de Responsabilidade Civil Veícular (RC-V), prevista naLei nº 14.599/2023 e regulamentada pela Resolução CNSP nº 478/2024, movimentou o mercado de transporte rodoviário de cargas e abriu uma nova disputa entre seguradoras. Agora compulsório para transportadores registrados no RNTRC/ANTT, o seguro deixa de ser uma contratação opcional e passou a exigir processos mais ágeis de emissão, controle e gestão operacional.
Foi nesse cenário que a Seguros Sura apresentou oficialmente sua nova solução de RC-V para transporte. A seguradora mira tanto empresas do setor quanto motoristas autônomos e posiciona o produto como ferramenta estratégica para eficiência logística. A aposta da companhia é que o RC-V, antes visto como obrigação burocrática, passe a ocupar um dos papeis centrais na gestão de risco das operações.
“Pegamos toda a nossa expertise de negócios, seja de precificação, subscrição, aceitação e até mesmo regulação de sinistros e embarcamos nesse produto”, afirmou Alex Giesz, gestor de portfólio de Transportes da Seguros Sura. Segundo o executivo, a companhia atua há sete anos com a chamada Carta Azul, cobertura adicional relacionada ao transporte rodoviário, que serviu de base técnica para o desenvolvimento do RC-V.
A solução lançada pela Sura foi estruturada em dois modelos: Cobertura Básica 01, voltada exclusivamente ao Transportador Autônomo de Cargas (TAC), e Cobertura Básica 02, direcionada a empresas com frota própria. Assim, a seguradora mira um mercado que opera de forma híbrida, com transportadoras que contratam autônomos e, ao mesmo tempo, mantêm frota própria circulante.
O produto cobre danos corporais e materiais a terceiros pelo veículo transportador ou pela carga, com a possibilidade de ampliação para Danos Morais. As garantias, em conformidade com a legislação, são de 35.000 Direitos Especiais de Saque (DES) ou R$ 250.000,00 para danos corporais, e 20.000 DES ou R$ 150.000,00 para danos materiais.
O diferencial destacado está nos processos operacionais. O produto permite a inclusão e exclusão mensal de veículos, a emissão de certificados e a integração direta com TMS (sistemas de gestão logística) e plataformas de corretoras, eliminando cadastros manuais e acompanhando a rotatividade das frotas. “É um produto que vai entregar facilidade na contratação e também eficácia no processo operativo, desde a emissão até a regulação de sinistros”, reforçou Giesz.
A Sura compartilhou que o produto utilizará a mesma estrutura de atendimento já operada no seguro de frotas da companhia, incluindo rede referenciada e regulação especializada. A companhia aposta que a qualidade da regulação pode se tornar um diferencial num mercado que tende a crescer rapidamente, mas que exige padronização, transparência e agilidade na liquidação de sinistros.
Embora a obrigatoriedade crie demanda imediata, a decisão de contratação será mediada pelas corretoras. Para o executivo, elas devem priorizar soluções completas, e não só preços. “O corretor vai priorizar aquilo que entrega um operacional completo, desde a emissão da apólice até o pagamento de sinistro”, afirmou.
Na visão de Giesz, o novo cenário eleva o papel do RC-V dentro da cadeia logística e tende a incentivar maior profissionalização no setor. “O RC-V não vem só para cumprir uma regra. Ele vem para organizar o setor, dar previsibilidade e reforçar o profissionalismo de quem vive da estrada”, conclui.
Nicholas Godoy, de São Paulo.




