O setor de consórcios teve crescimento recorde em 2025, acompanhando o avanço já observado no primeiro quadrimestre. Segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), o sistema contabilizou 1,61 milhão de novas adesões entre janeiro e abril, alta de 19,3% sobre o mesmo período de 2024. Com a Selic elevada e financiamentos tradicionais mais caros, consumidores migraram para o modelo que não cobra juros, apenas taxa de administração. No acumulado do ano, os consórcios movimentaram R$ 222 bilhões em créditos, o melhor resultado em duas décadas, de acordo com a ABAC.
Para Andrew Oliveira, especialista em crédito imobiliário da Friggi & Secco, o contexto econômico explica o comportamento do consumidor. “Com o crédito tradicional pressionado pela Selic, muita gente buscou alternativas que permitissem planejamento e não carregassem juros. O consórcio ganhou relevância por oferecer previsibilidade de parcelas fixas e disciplina financeira”, afirma.
O avanço de 2025 foi distribuído entre diferentes segmentos, com destaque para os consórcios imobiliários e de veículos, além das cotas destinadas a serviços como reformas, educação e projetos pessoais. Segundo Oliveira, esse movimento ampliou o perfil do público.
“Hoje vemos desde famílias com renda estável que buscam segurança financeira, profissionais liberais e empresários que preferem planejar suas compras até jovens que enxergam o consórcio como alternativa para evitar dívidas caras”, explica.
A dinâmica financeira do consórcio, sem juros e com possibilidade de antecipação por lances, também reforçou sua competitividade no atual cenário. “Quando se compara a taxa de administração com o custo de um financiamento impactado pela Selic, a diferença é significativa”, observa. “Além disso, você pode ofertar um valor adicional para antecipar a contemplação (ou parte dela), acelerando sua entrada ‘na carta’, o que permite maior flexibilidade”.
Com o ritmo acelerado do setor, aumentou a busca por orientação especializada para definição de prazos, estratégias de lance e adequação do consórcio ao planejamento patrimonial.
“Simular cenários, projetar o fluxo de pagamento e identificar o momento ideal para ofertar lance faz diferença. Hoje, a principal demanda é por clareza: quanto cabe no orçamento, qual o prazo adequado e quando faz sentido ofertar. Sem esse cálculo, o risco de inadimplência ou frustração cresce”, afirma Oliveira.
Segundo o especialista, mesmo com a expectativa de queda gradual da Selic, o consórcio tende a manter relevância no próximo ano. “Mesmo com cortes, os financiamentos devem continuar caros no curto prazo. Por isso, o consórcio segue como ferramenta estratégica para quem quer organizar metas e construir patrimônio com mais previsibilidade”, conclui.




