EXCLUSIVO — A Conseguro 2025, principal conferência do mercado segurador brasileiro, teve início na manhã de hoje (27), em São Paulo, com a palestra de abertura de David Roberts, fundador da Global Inspiration Goals (GIG) e CEO da GEDI. Em sua apresentação intitulada “Seguros 4.0: Reflexos da transformação tecnológica no futuro do mercado”, Roberts destacou como a tecnologia exponencial está reformulando profundamente a dinâmica das empresas e do setor de seguros em escala global. O evento é organizado pela Confederação Nacional das Seguradoras – CNseg.
“O futuro do Brasil é o que o mercado de seguros está construindo hoje”, afirmou o executivo, ressaltando o papel estratégico da indústria diante das mudanças tecnológicas e sociais.
Roberts iniciou sua fala lembrando que, enquanto empresas do século passado duravam em média 67 anos, atualmente a expectativa de vida corporativa caiu para cerca de 15 anos, devido à crescente disrupção promovida por novas tecnologias. Segundo ele, o Brasil está entre os países mais vulneráveis a essas mudanças — inclusive dentro do próprio setor segurador.
“O que vivemos hoje é uma sequência de ondas tecnológicas previsíveis deixando brechas para que a nós possamos evoluir juntos”, explicou Roberts, citando como exemplo o avanço das inteligências artificiais e sua aplicação em análises preditivas. Para ele, essas tecnologias seguirão moldando o mercado por décadas, e o setor de seguros deve se preparar para um cenário de mudanças constantes e aceleradas.
A autonomia é outro pilar dessa nova era, exemplificada pelo desenvolvimento de veículos elétricos autônomos. Roberts lembrou que, assim como os carros evoluíram rapidamente para operar sem intervenção humana, diversas tarefas hoje consideradas arriscadas já estão sendo realizadas por robôs humanoides — muitos deles, como os desenvolvidos pela Tesla, capazes de executar mais de 100 funções diárias.
Essas inovações, segundo o palestrante, impactarão diretamente o conceito de risco no setor de seguros. Profissões perigosas e funções altamente técnicas — como cirurgias, construções ou trabalhos policiais — poderão ser assumidas por robôs, o que trará benefícios como redução de acidentes, aumento da produtividade e economia de vidas humanas.
No campo da automação de processos, Roberts destacou que sistemas de IA já são capazes de realizar tarefas repetitivas com maior precisão, como a elaboração de relatórios e atividades administrativas — liberando os profissionais humanos para funções mais estratégicas e criativas.
Apesar do otimismo com a inovação, Roberts também alertou para os desafios. Ele citou preocupações levantadas por cientistas sobre a possibilidade de uma IA descontrolada representar risco à humanidade, ainda que essas projeções sejam, por ora, especulativas. O executivo reforçou a importância de que todos os setores da sociedade, inclusive o de seguros, estejam atentos a essas transformações para mitigar riscos emergentes.
“As guerras do futuro já estão sendo travadas por drones, e logo veremos conflitos entre máquinas, o que muda completamente a lógica dos seguros em áreas como defesa e segurança pública”, destacou no início da Conseguro.
Como exemplo real desse avanço com a IA, Roberts mencionou o ChatGPT, ferramenta que já demonstrou capacidade de oferecer diagnósticos comparáveis aos de médicos e alcançar notas de excelência em exames profissionais — incluindo doutorados em áreas como Psicologia.
Para concluir, o executivo deixou uma provocação à plateia. “Somos a última geração a presenciar o surgimento da tecnologia exponencial e a primeira a moldar a geração que viverá imersa nela”.
Nicholas Godoy