Ultima atualização 06 de maio

powered By

Cilia: Protagonista do ecossistema de sinistros automotivos

Douglas Camargo, CTO; Daniel Barbosa, CEO; e Leonardo Lobo, CIO da Cilia
Douglas Camargo, CTO; Daniel Barbosa, CEO; e Leonardo Lobo, CIO

EXCLUSIVO – Inovar não é inventar coisas novas o tempo inteiro, ter grandes insights. Criar uma forma diferente de fazer uma atividade rotineira, ganhando agilidade, tempo, eficácia, é uma atividade inovadora. A Cilia sentiu o auge do reconhecimento por sua atuação no ecossistema de sinistros de automóveis em 2024, ao ser premiada como a empresa mais inovadora pela Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), entre um universo de 30 mil empresas. O projeto “Aprendizado de máquina utilizando imagens sintéticas de veículos automotores”, desenvolvido pela Unidade Embrapii CEIA-UFG (Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás) em parceria com a empresa Cilia. O grande desafio do projeto era garantir que os algoritmos conseguissem identificar peças em uma variedade enorme de modelos de veículos, considerando que novos carros são lançados constantemente. Com ele, é possível otimizar o atendimento de sinistros, fazendo com que as empresas sejam mais ágeis e economizem em seus custos operacionais.

A pesquisa realizada em parceria com a CEIA-UFG superou projetos de diversas áreas, como médica, agrícola etc. A inovação dele vem de seu impacto nacional, que atinge todas as pessoas que possuem algum tipo de seguro no Brasil, além de agregar valor para o ecossistema de forma geral.

Desde que nasceu, como uma startup em 2010, a Cilia se guiou pela prestação de serviços ao mercado segurador brasileiro. Seu fundador, Daniel Barbosa, já atuava no ramo há 13 anos, seguindo os passos do pai, que era regulador de sinistros. Ele se incomodava com a falta de padronização dos modelos de orçamentação para veículos sinistrados, que variava de acordo com cada companhia seguradora. Também não existia nenhum parâmetro para comparação entre os prestadores de serviços, fornecedores de peças ou tempo de reparação. A grande pergunta era: como a seguradora vai saber se ela está pagando muito ou pouco em cada batida e a confiança no prestador de serviços?

Desta dor veio a Cilia, com a criação de software para orçamentação de reparação de veículos sinistrados. “Além do preço de todas as peças, nós sugerimos o tempo de execução de serviço, seja ele uma troca, pintura ou reparo”, explica Barbosa. No surgimento da Cilia, outro desafio era a instalação do software nos prestadores, pois este não era um aplicativo online. Qualquer intempérie parava o serviço, como perda de sinal, avarias no computador, queda de energia regional. Depois da tecnologia 5G, esta já não é mais uma preocupação.

A Cilia surfou na onda da digitalização e do atendimento realizado in loco. O seu trabalho foi evoluindo de um software de orçamentação para a regulação de sinistro efetiva, facilitando o atendimento realizado pelas seguradoras. Se antes as seguradoras precisavam enviar peritos para o local do sinistro, que tiravam fotos, enviavam para um setor específico orçar e aprovar o conserto, hoje tudo ficou mais dinâmico e eficiente.

Tecnologia em primeiro lugar

Se antes um orçamento poderia levar até uma semana para ficar pronto, porque dependia da visita do perito, fotos, departamento de regulação, contato com o prestador de serviços etc, hoje tudo isso acontece em questão de minutos.

Começou com a oficina tirando as fotos e enviando para a regulação de sinistros e evoluiu para um sistema em que o próprio guincheiro tira as fotos, envia para o ecossistema da Cilia, que já determina para qual oficina levar e qual será o custo da reparação do veículo. “Já não é mais necessário deslocar uma pessoa específica para fazer o atendimento. No ecossistema, as informações já aparecem para a seguradora de forma completamente automatizada”, explica Barbosa.

O sistema Cilia envolve várias frentes da regulação de sinistros de automóveis. Ele é simples, intuitivo e focado na usabilidade das pessoas. Os seus números impressionam: são mais de 28 mil oficinas cadastradas, em todo o território nacional, 18 milhões de peças cadastradas, quase 64 mil modelos de veículos e 28 montadoras. 

Barbosa conta que em 2018 a empresa começou a realizar um projeto de pesquisa para a utilização de Inteligência Artificial em sua operação. Naquele ano, o Cilia já tinha uma versão do software que realizava a verificação do dano apenas pela foto do veículo, com orçamento realizado sem a interferência de um técnico. “Nossa ideia era otimizar a operação das seguradoras”, relembra Barbosa. O guincheiro chegava no local e tirava a foto. Em até cinco minutos a inteligência já informava se o veículo poderia ser levado para um leiloeiro, por ter perda total, ou se deveria ser recolhido para uma oficina. Ao chegar à oficina, quatro imagens do veículo são suficientes para ter uma estimativa de 70% do orçamento. “Mas, nós queríamos ser ainda mais assertivos”, comenta Barbosa.

O Cilia passou a utilizar uma base sintética de dados para treinar a Inteligência Artificial. “Ou seja, treina a inteligência a partir da imagem 3D do veículo, montando o orçamento mesmo sem conhecer o modelo do carro. Mas o ecossistema vai muito além disso”, antecipa Barbosa. Para atender as seguradoras foi preciso desenvolver vários fluxos, como o de gerenciamento de sinistros. Elas utilizam as aplicações para elaboração de orçamentos e fluxo de atendimento de serviços, além de relacionamento com os clientes via WhatsApp.

Com a tecnologia tridimensional ligada ao real, a partir das imagens que as pessoas fornecem sobre o veículo, é possível gerar dados sintéticos que melhoram os modelos do Cilia, possibilitando a análise de muitas outras coisas que antes não era possível.

Vários tipos de fornecedores estão conectados ao ecossistema: oficinas, fornecedores de peças automotivas, leiloeiros. No momento em que a oficina demanda uma determinada peça, o sistema já identifica qual fornecedor possui a peça para pronta entrega e qual é o valor. “Nosso produto é voltado também para atender as oficinas, inclusive melhorando o seu fluxo de caixa. Isso faz parte de nosso próximo projeto, de oferecer capital de giro para as oficinas, que são as primeiras a desembolsar um valor pelas peças e as últimas a serem ressarcidas”, avalia Barbosa. Este novo sistema de gerenciamento também envolve todo o processo de emissão de notas fiscais, contas a pagar e receber, controle de estoque etc. A Cilia hoje possui uma rede com mais de 5600 oficinas.

Pioneiros na aplicação da Inteligência Artificial

A Cilia já tem toda uma esteira de desenvolvimento da Inteligência Artificial, com produtos prontos e disponíveis para o mercado. “Isso é um diferencial grande para oferecer soluções que geram valor para os nossos clientes”, destaca Elze Neto, diretor de Inteligência Artificial da empresa.

Se antes o uso da IA era apenas para entrar uma foto e sair um orçamento completo, com reparação, remoção, instalação, horas de pintura, agora ela é utilizada com o apoio de uma equipe técnica especializada que acrescenta seus conhecimentos, como o aperfeiçoamento dos modelos de veículos etc

“Com a IA, verificamos qual peça externa está danificada, através dela, verificamos qual peças internas foram danificadas considerando aquele veículo específico, tudo isso utilizando ciência de dados”, explica Neto. Junto com este produto, o Cilia trouxe também a inteligência artificial para a perda total, a tabela FIPE atualizada. “O conhecimento vai muito além do dano, para falar se um veículo deve ou não ser reparado. A tecnologia tem mais de 95% de acurácia.

Nos idos de 2018, quando a empresa começou a utilizar a IA em seus processos, ela fazia cerca de 500 mil orçamentos por ano. Depois de mais investimentos, chegaram a 3 milhões de orçamento por ano. O sistema de uma empresa concorrente, que era internacional, foi perdendo espaço aos poucos para o Cilia.

Todo o ecossistema foi desenvolvido a partir de pesquisados, pessoas da Academia, do Centro de Excelência de Inteligência Artificial da UFG, entre outras instituições do País. Os envolvidos perceberam que os sistemas internacionais não tinham a ver com a realidade dos veículos brasileiros, o que os levou a investir em dados próprios.

Elze reconhece que o grande desafio foi transformar o conhecimento técnico em um produto para o mercado. “Nós treinamos o modelo para identificar os danos e apresentar o orçamento pronto. Checamos regularmente todos os nossos modelos, sempre aprimorando-os quando necessário”. 

Hoje a empresa está trazendo mais novidades para o projeto, desenvolvidas junto com a Embrapii, citada lá no começo desta matéria. “Quando acontece a colisão, uma pessoa (pode ser o segurado, terceiro, corretor ou guincheiro) pode tirar quatro imagens do veículo e, com estas imagens, podemos afirmar com 95% de certeza se a perda é total por parcial. No caso de perda parcial, será iniciado um orçamento. Ao mesmo tempo, será acionado um fornecedor que possua as peças, que as enviará para a oficina, informando ao guincheiro qual oficina vai receber o veículo. Tudo isso acontece em apenas alguns segundos”, comemora Neto.

Todo o mercado de reparação de veículo está unido dentro da plataforma do Cilia. Nós usamos grandes modelos de linguagem para que o sistema encontre as peças, por exemplo, sem informações estruturadas. “Estamos criando a unificação na indústria e gerando visibilidade para os clientes, que antes ficavam com peças paradas por meses, enquanto tem um carro parado na oficina aguardando o reparo. É uma questão de compreensão entre eles”, destaca Elze.

O processo, que costumava demorar semanas, passou a ser feito em apenas alguns dias pelo Cilia. Após a aplicação da IA, ele acontece em menos de cinco minutos. Os clientes podem acessar o Cilia de várias formas, como SMS, WhatsApp etc. Todo o atendimento é acompanhado em tempo real pela seguradora e pelas oficinas.

Cecília é o nome da Inteligência Artificial que atende os clientes do Cilia. Quando tem um problema, o consumidor pode resolver tudo por WhatsApp, mandando localização, fotos do veículo etc, com atendimento personalizado para cada parceiro da empresa. A Cecília já ultrapassou a barreira da IA de texto. 

Segundo Elze, a Inteligência Artificial do Cilia já é capaz de interpretar os dados sobre um sinistro para analisar se ele faz sentido de acordo com o dano apresentado. “A pessoa manda um áudio dizendo que estava  descendo a rua e teve que frear, porque passou um cachorro na sua frente e a pessoa que vinha atrás bateu na sua traseira. A seguradora já vai entender tudo o que aconteceu, sabendo que foi uma colisão  traseira. O terceiro danificou a dianteira dele e o segurado danificou a traseira. Possivelmente é um caso de ressarcimento para a seguradora. Com estas informações, ela já vai acionar o setor responsável por sinistros e resolver aquilo em questão de minutos”, comenta Elze sobre a aplicabilidade da IA para a prevenção de fraudes também.

A criação de barreiras para a detecção de fraudes nesta plataforma também foi uma preocupação. “Afinal, quem garante que não há nenhuma distorção nas imagens enviadas ao sistema?”, questiona Elze. A IA Pro consegue analisar em nível de pixels, para entender padrões de variação de pixels e mudanças que são referência de fraudes nas imagens. Na base de dados de 400 fotos por minuto já é possível identificar se a foto já foi usada. Ou, no ChatGPT já consegue alterar imagens com mais acurácia.

A IA está aí para informar ao perito se houve alteração na foto ou se ela passou por qualquer tratamento. As soluções tradicionais de metadados já não são suficientes para garantir a autenticidade das imagens. “Ninguém quer pagar uma fraude, por isso é preciso aplicar a IA com sabedoria e eficiência”, completa Elze.

“Nós estamos rompendo as tendências da Inteligência Artificial aplicada ao mercado de seguros. Somos uma das poucas empresas que está rodando uma solução com Inteligência Artificial em alta escala, o que é uma quebra de paradigma. Queremos deixar a operação dos parceiros mais leves e baratas, sem aumentar o risco de fraude para os parceiros”, conclui Daniel Barbosa.

*matéria originalmente publicada na edição #307

Compartilhe no:

Assine nossa newsletter

Você também pode gostar

Feed Apólice

Visão geral da privacidade

Este site usa cookies para que possamos oferecer a você a melhor experiência de usuário possível. As informações de cookies são armazenadas em seu navegador e desempenham funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.