Ultima atualização 23 de setembro

CSP-MG e FenaSaúde debatem cenário desafiador da saúde suplementar

O Clube realizou um seminário para falar sobre os impactos da pandemia no setor e dos desafios enfrentados pelas operadoras
saúde
João Paulo Moreira de Mello e Sandro Leal Alves

O superintendente de Estudos e Projetos Especiais da FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), Sandro Leal Alves, retratou de forma abrangente a situação da Saúde Suplementar no País, durante seminário realizado pelo CSP-MG (Clube de Seguros de Pessoas de Minas Gerais), no dia 20 de setembro, no auditório do SindSeg MG/GO/MT/DF, em Belo Horizonte.

Leal apresentou um raio X do setor que hoje é representado por 700 empresas, que movimentam cerca de 3% do PIB brasileiro, empregam 4,7 milhões de pessoas. Aproximadamente 25% da população, ou seja, 48,9 milhões são beneficiários dos planos privados de saúde.

Na sequência, falou sobre os impactos da pandemia da Covid-19 na área da Saúde Suplementar. Segundo levantamento da FenaSaúde, no segundo trimestre de 2022 as operadoras de planos médico-hospitalares tiveram o pior resultado operacional da série histórica divulgada pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar): um prejuízo de R$ 4,4 bilhões. A Federação representa 14 grupos de operadoras de planos de saúde responsáveis por 41% dos beneficiários de planos no País.

De acordo com Leal, os planos médico-hospitalares tiveram um resultado líquido negativo na ordem de R$ 1,7 bilhão. “Fomos convocados a contribuir para o enfrentamento da pior crise pandêmica do Brasil e correspondemos à altura. Agora vivemos um momento preocupante. Os investimentos em tecnologia, insumos, inovação fizeram com o que os custos do setor aumentassem. A sinistralidade que em 2021 era de 86,2% chegou a 91,7% no segundo trimestre de 2022”.

A instituição alega que o mercado ainda está enfrentando a sobrecarga herdada da pandemia e mudanças estruturais que certamente tornarão a assistência mais cara. “Precisamos refletir sobre essa realidade. Os recursos existem, mas são finitos. Medidas como a sanção do Projeto de Lei n° 2.033/2022 impactarão de forma significativa a sustentabilidade do setor”, alertou Leal.

O PL 2.033 estabelece hipóteses de cobertura de exames ou tratamentos de saúde fora do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da ANS. Segundo a FenaSaúde, “a mudança coloca o Brasil na contramão das melhores práticas mundiais de avaliação de incorporação de medicamentos e procedimentos em saúde, dificulta a adequada precificação dos planos e compromete a previsibilidade de despesas assistenciais, podendo ocasionar alta nos preços das mensalidades e expulsão em massa dos beneficiários da saúde suplementar”.

O superintendente ainda apontou outras questões a serem enfrentadas como a entrada de produtos não reguláveis no setor (a exemplo de cartões de desconto em consultas e exames), mudança do perfil etário da população (decorrente da melhoria da qualidade de vida e do investimento em políticas públicas), reajustes nos planos individuais, que acabam por se tornar um empecilho para que mais usuários ingressem no mercado, a judicialização, entre outros.

Porém, segundo o executivo, o principal desafio de todos os atores envolvidos na cadeia da saúde nos próximos anos é ampliar o acesso aos serviços de assistência médico-hospitalar. “Esse desafio passa pela necessidade de controle de custos, altos em todo o mundo, em virtude de tecnologias cada vez mais caras, redução de desperdícios, mudança no perfil epidemiológico da população, entre outros aspectos inerentes ao cenário atual da Saúde Suplementar”.

Após a sua explanação, Leal participou de um debate com lideranças do setor no Estado. Compuseram a mesa o presidente do CSP-MG, João Paulo Moreira de Mello; os diretores do Clube, Maurício Tadeu Barros Morais, Elaine Patente Godinho e Edilon Mesquita; o presidente do Sincor-MG, Gustavo Bentes; e o representante do SindSeg, Giuliano Alves Baeta. Os internautas que assistiam ao vivo à transmissão pelo canal do YouTube do Clube também enviaram perguntas.

No encerramento, o presidente do CSP-MG agradeceu a presença dos convidados, entre eles corretores de seguros, executivos de seguradoras e de operadoras de saúde, plataformas de vendas e assessorias.

“O evento foi fundamental para que todos pudessem ter uma visão ampla e aprofundada do setor e dos desafios a serem vencidos para que mais brasileiros possam aderir aos seguros e planos de saúde protegendo a si e aos seus familiares. Temos que buscar alternativas que viabilizem o incremento de novos beneficiários sem perder de vista a sustentabilidade do setor, que é indispensável à sociedade brasileira. Agradeço ao Sandro Leal pela brilhante exposição e à FenaSaúde, sempre parceira do Clube. Podem contar conosco para organizar novos fóruns como esse”, encerrou Mello.

N.F.
Revista Apólice

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