Falar em educação financeira no Brasil nem sempre é uma tarefa simples. Durante a década perdida (anos 80), lidava-se com a hiperinflação, por exemplo, e fazia-se verdadeiros exercícios com o orçamento familiar para sobreviver. Apesar desse ser um tema extremamente importante, o conhecimento da população brasileira sobre educação financeira, infelizmente, ainda é baixo. De acordo com um estudo feito pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 30 países sobre o nível de conhecimento das pessoas a respeito de conceitos financeiros, o índice de respostas corretas obtidas no Brasil foi de 58%. Parece um número razoável, mas não se compararmos com a média mundial, de 78%. Isso mostra a dificuldade que os brasileiros têm sobre o assunto e compromete a capacidade de planejamento futuro das famílias brasileiras, especialmente da parcela da população menos favorecida.
Uma questão importante é que muitas pessoas sequer entendem os conceitos básicos de educação financeira. Para uma boa parcela dos brasileiros, educação financeira significa apenas saber matemática, quando, na realidade, engloba uma série de fatores e comportamentos. Além disso, é importante destacar que o maior acesso a crédito nos últimos anos tornou as pessoas muito mais abertas ao consumo sem estimular, na sociedade, conceitos importantes de consumo consciente e planejamento financeiro, seja ele individual ou familiar.
Dados daquela mesma pesquisa realizada pela OCDE mostram que apenas 30% dos brasileiros são poupadores ativos (têm alguma reserva financeira), o que justifica a situação da maior parte das famílias em períodos de crise econômica: com o desemprego e a falta de reservas, as contas começam a se acumular e em pouco tempo as dívidas atingem valores impensáveis para aquela família.
O começo de uma tomada de consciência sobre a importância da educação financeira pode, justamente, estar nesse momento difícil pelo qual passamos. As famílias endividadas vão precisar, em algum momento, (re)negociar as dívidas que só crescem. Com alguma orientação, boa vontade e disciplina, talvez possam passar a trilhar um caminho diferente e de mais consciência quanto ao que fazer com seus escassos recursos financeiros.
Os seguros são ferramentas interessantes para esse tipo de aprendizado. Alguns podem achar que a ideia é despropositada, afinal, quando falamos em seguros, o primeiro produto que vem à nossa cabeça é o seguro de automóvel, que costuma ser relativamente caro, dado o valor do bem e a exposição diária a riscos de roubo e, também, de acidente no trânsito das cidades. Porém, o que muitas pessoas ainda desconhecem é que há seguros no mercado para atender a população em geral e também alguns nichos específicos, e ambos podem caber no bolso de qualquer brasileiro. Exemplos?
Temos seguros de vida para motofretistas, para portadores de diabetes, para profissionais da aviação, para pessoas que já chegaram à terceira idade e também para todos os outros brasileiros que não se encaixam em grupos específicos. E, o mais importante, é que alguns destes produtos podem ter custos anuais a partir de R$ 25! Da mesma forma, um seguro residencial para um apartamento de 70m² pode ter preços anuais a partir de R$ 100. Surpreso com um custo tão baixo?
Tudo depende do tamanho do “risco” e das coberturas mais ou menos sofisticadas que podem compor o produto, o que torna possível a oferta de seguros para quase todas as pessoas e patrimônios. É assim que se começa uma educação financeira ou um planejamento financeiro: esclarecendo e demonstrando com produtos e fatos concretos que há soluções interessantes a custos competitivos.
Pensando assim, por que não tomar os seguros como exemplos de ferramentas para a educação financeira e aplicar esse conceito para resenhar o planejamento do orçamento familiar, por exemplo? Que tal pensar nisso?
Sobre o autor
Pedro Pereira de Freitas, CEO da American Life