Por Cyro Buonavoglia*
Gerenciar riscos é uma operação fundamental para quem atua na área de transportes e logística. Porém, muitas pessoas aliam o risco a roubo e furto de cargas, deixando de lado a amplitude que o gerenciamento alcança.
Claro que o roubo e furto de cargas hoje é preocupante, afinal, os números revelam isso. Somente no primeiro semestre deste ano, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública, São Paulo acumulou 3.743 ocorrências de roubo, com picos em março (673) e abril (649).
Porém, hoje as empresas querem um trabalho muito mais amplo. Obviamente que proteger a carga transportada é fundamental, mas também é importante entender como o mercado funciona e quais são as novas necessidades.
Para termos uma ideia, estima-se que os custos relacionados do gerenciamento de risco representam cerca de 16% do valor do frete, conforme estudo realizado pela FecomércioSP.
Mas vamos entender o motivo de tamanha importância. Esse trabalho amplo envolve muitos pontos, além dos serviços tradicionais inerentes ao gerenciamento de riscos, que são a prevenção do roubo de cargas e veículos. Hoje, as empresas querem ter um controle logístico de todas as etapas do transporte, seja para saber como o motorista está dirigindo ou mesmo para prevenir acidentes.
Assim, aquele velho padrão de que gerenciar risco é só saber onde estão os pontos mais críticos ou então instalar equipamentos de monitoramento e rastreamento não existe mais. O que temos hoje é a tecnologia trabalhando a nosso favor e gerando softwares e hardwares cada vez mais modernos e eficientes.
Este segmento é um dos que mais demandam investimentos em tecnologia da informação, integração de sistemas e serviços agregados. E quando falamos em tecnologia, ao mesmo tempo destacamos o capital humano, ou seja, as pessoas que vão operá-la. Por isso é fundamental investir em capacitação e desenvolvimento profissional, uma vez que as pessoas que vão operar toda essa tecnologia precisam estar antenadas e agir com eficiência em todas as etapas de seus respectivos trabalhos.
Dessa forma, a tendência do nosso segmento é desenvolver serviços de apoio à logística, ao controle de frotas, integrar diversos documentos eletrônicos, dando maior rastreabilidade para a carga e disponibilizando informações a toda a cadeia que envolve a entrega de mercadoria, além do controle da jornada de trabalho do motorista e controles logísticos customizados, informações para diminuição do risco de acidentes e que agreguem informações que diminuam os custos de manutenção e consumo de combustível.
Baseado nesse cenário, o mercado de informações logísticas, rastreabilidade da carga e telemetria está começando a ser explorado agora e outras necessidades surgirão conforme os serviços ficarem mais sofisticados. Consequentemente, os nichos de atuação aumentam e chegam aos corretores de seguros e seguradoras.
O que podemos esperar para o próximo ano é uma evolução ainda maior, com mais desenvolvimento tecnológico e uma ampliação do conceito de gerenciamento de risco, principalmente com a Copa do Mundo de Futebol. No entanto, apesar das previsões otimistas, precisamos ter o pé no chão e trabalhar incansavelmente para entender a velocidade do mercado a atendê-la prontamente.