As iniciativas nas áreas de responsabilidade social e da sustentabilidade estão ganhando mais força no cotidiano das empresas do mercado segurador. Hoje, 59% das seguradoras têm uma área destinada a ações desse tipo, 67% possuem um Código de Ética e Conduta e 43% já criaram programas internos de trabalho voluntário. As informações são da última pesquisa realizada pela CNseg e divulgada no Balanço Social da entidade, que será lançado nos próximos dias.
Ao todo, 55 projetos foram desenvolvidos ao longo do ano passado, envolvendo áreas diversas, como capacitação profissional, cidadania, cultura, educação, esporte, meio ambiente e saúde, entre outras. As iniciativas beneficiaram mais de quatro milhões de pessoas e 75% alcançaram totalmente seus objetivos. Em relação aos negócios, o número de seguradoras que adotam políticas de aceitação para fornecedores e prestadores de serviço em função de eventuais infrações e questões socioambientais representa 59%. Em contrapartida, 84% delas fazem treinamento para sua cadeia de fornecedores. A pesquisa reuniu 92 empresas, que representam 80% do mercado segurador.
Segundo a diretora executiva da CNseg, Solange Beatriz Palheiro Mendes, os números mostram um maior esforço para a construção de uma economia mais sustentável. “O mercado de seguros deve tratar de questões de sustentabilidade global com rigor e inovação. A escalada dos problemas ambientais, sociais e de governança tem sido muito rápida e exige uma ação coletiva e proativa do setor”, explica. Um exemplo de que o investimento das empresas de seguros é crescente é que, em 2000, primeira edição do Balanço Social, apenas 22 empresas investiam em ações sociais, enquanto no ano passado esse número chegou a 42.
Em junho de 2012, a CNseg e as seguradoras brasileiras aderiram aos Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSI, na sigla em inglês), formulados pela Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – UNEP FI. Os princípios visam orientar instrumentos de gestão de risco em prol da sustentabilidade ambiental, social e de governança.
Indenizações pagas
O Balanço Social também apresenta o panorama de contribuição do setor para o desenvolvimento da economia. No ano passado, os segmentos de seguros, previdência privada e capitalização devolveram à sociedade mais de R$ 119 bilhões em 2012 em pagamentos de indenizações, um valor 17,4% maior do que os R$ 101,4 bilhões pagos em 2011.
Entre os segmentos,o de segurosdesembolsou a maior fatia: R$ 58,9 bilhões. Os recursos destinados à recomposição de bens, como veículos e imóveis com perda total, chegaram a R$ 22,3 bilhões, 10,4% a mais do que os R$ 20,2 bilhões desembolsados no ano anterior. O principal retorno à sociedade foi para a preservação da saúde que, no ano passado, somou R$ 30,6 bilhões, 20,4% a mais do que os R$ 25,4 bilhões em 2011.
Proteção social
Na última década,o Brasil foi palco da ascensão social de grande parte da população, em função da expansão do crédito por meio de instituições financeiras. O cenário foi ideal para expansão dos produtos massificados, entre eles o microsseguro, voltado para as classes C e D.
Além desse produto, regulamentado no ano passado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) e que vem aos poucos ganhando mercado, a CNseg deu prosseguimento ao projeto Estou Seguro, em parceria com o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade – IETS, A Escola Nacional de Seguros e a Organização Internacional do Trabalho – OIT. A iniciativa, com abordagem cultural por meio de peças de teatro, apresentações circenses e de música, e a criação do game Caminhoneiro Estou Seguro, é voltada para a sensibilização da população de baixa renda para destacar a importância do seguro como forma de proteger o patrimônio físico e pessoal.
Investimento na gestão de pessoas
Outra área que é foco das seguradoras é a de Recursos Humanos (RH). Segundo dados do Balanço Social, o valor dos investimentos ao longo de 2012 alcançou a casa de R$ 2,5 bilhões, distribuídos entre salários (57%), encargos sociais (25%) e benefícios (18%). O treinamento dos funcionários também foi uma das prioridades das empresas de seguros, recebendo um investimento de R$ 33,4 milhões.
Mulheres e jovens em alta
O relatório apresenta também um perfil dos funcionários que atuam no mercado segurador. Atualmente, as mulheres já são maioria no que diz respeito ao número de funcionários. Elas somaram 17,9 mil no ano passado, representando 57% do total de funcionários, contra os 13,5 mil homens. Em 2011, o sexo feminino correspondia a 54,8% do total, com 13,2 mil integrantes, 35,7% a menos do que este ano. Os jovens também estão em alta no mercado. De acordo com a pesquisa, 41% dos funcionários com idades de 26 a 35 anos trabalham no setor, enquanto 13,6 mil são profissionais com ensino superior.
Formação de poupança interna
Os investimentos do mercado segurador ao longo do ano totalizaram R$ 585,9 bilhões, um resultado 21% acima do observado no ano anterior, que foi de R$ 483,9 bilhões. Os recursos provenientes das aplicações e investimentos permanentes representaram a maior parte do volume, que totalizou R$ 492,6 bilhões. Em relação ao patrimônio líquido das empresas, em 2012 o número foi de R$ 93,3 bilhões, 16,5% a mais do que os R$ 80 bilhões de 2011.
A.C.
Revista Apólice