Ultima atualização 22 de maio

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Seguradoras estão em alerta para filas nas estradas

Tempo de espera de caminhões no acostamento, que levam produção agrícola brasileira aos portos, preocupa as companhias

Em março, o acostamento da rodo­via Cônego Domênico Rangoni, que leva aoporto de Santos,no litoral paulista, transformou-se em estacionamento de caminhões. Em alguns trechos, as carretas pararam também em fila dupla e formaram con ­gestionamentos de até 25 quilômetros. A intensa movimentação no local foi reflexo da safra recorde de grãos, próxima de atingir um volume de cerca de 180 milhões de toneladas. Esta situação, no entanto, não foi exclusividade do estado de São Paulo. No estado do Mato Grosso, centenas de caminhões também forma­vam fila – que chegava a 60 quilômetros de extensão – na BR-364, caminho para o terminal ferroviário de Alto Araguaia.

Boa parte dos entrevistados acre­dita que esse tipo de situação aumenta, de alguma forma, o risco. “Ele está ali, mas ainda não se materializou”, analisa Luis Alberto Mourão, diretor de riscos industriais e comerciais da SulAmérica. Apesar de não ser possível estimar em quanto o risco é elevado, dá para imaginar de que forma o sinistro pode acontecer nesses casos. Uma delas é a possibilidade de um mesmo embarcador ter vários ca­minhões na mesma fila e eles, somados, ultrapassarem o limite de cobertura caso ocorra algum sinistro – como um incên­dio que se alastre para todos os veículos da fila, por exemplo.

Outro problema é deixar o motorista exposto, à mercê de ladrões de carga, pe­dintes e assaltantes de celular e carteira. Fora o cansaço ao ter que ficar horas es­perando a fila andar, sem ter onde comer, como ir ao banheiro ou dormir.

É o tipo de situação que expõe o motorista a aumentar a preocupação de trabalhar mais do que pode, consideran­do que nas horas que ele ficou parado ali, poderia estar transportando outras cargas. Para compensar esse tempo, o profissional pode dirigir mais durante a noite, exceder a velocidade etc. A con­sequência é o impacto maior no risco de acidente nas estradas. Fato notado na carteira da SulAmérica, que registrou aumento expressivo (21%) nos acidentes em estradas, se comparado o 1º trimestre de 2012 com o de 2013.

Outra situação que não representa um risco imediato, mas que pode trazer consequências no futuro é os aliciadores (membros de quadrilhas de roubos de carga). Eles aproveitam que o motorista está parado e impaciente para “sondar” a sua rotina e obter informações da carga (o que carrega, para onde vai) e da trans­portadora. “É o momento ideal, pois a paciência do motorista está esgotada e ele se torna vulnerável. Representa potencial para infiltrar a quadrilha de roubo de carga e cavar informações”, sinaliza Sér­gio Caron, líder da Prática de Meios de Transporte e Logística da Marsh Brasil.

Existe ainda a possibilidade de ladrões aproveitarem a distração do motorista e subtraírem parte da merca­doria transportada, especialmente se esta contiver itens valiosos, como eletrônicos. Nesses casos, a transportadora acaba nem informando o sinistro porque o valor da franquia para receber a indenização ultrapassa o valor do que foi subtraído. “Não sei dizer quantos milhares de valores roubados não tiveram início em aliciamento de motoristas durante filas como essa. Temos evidências, mas não provas”, relata Caron.

Papel da gerenciadora de riscos

Para ofertar o seguro de transporte de cargas, as seguradoras costumam trabalhar em parceria com as gerencia­doras de risco. Esta monitora os “passos” do caminhão, principalmente por meio de rastreadores. No caso do motorista que está parado em filas na estrada ser ameaçado, por exemplo, e ladrões ten­tarem sair da fila para desviar a carga, a gerenciadora pode bloquear o veículo e impedir esse movimento.

A detecção de fluxo de cargas não é simples, mas é outra possibilidade de monitoramento com foco em prevenção. Se a gerenciadora detecta um fluxo de vários veículos de um cliente, seguradora ou corretor específicos, fica mais fácil sugerir ações preventivas. Por exemplo, enviar uma escolta para a fila ou já deixar engatilhada uma pronta resposta para situações de emergência.

Confira a reportagem completa na edição de maio (174).

Jamille Niero /Revista Apólice

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