O momento do mercado nunca foi melhor para empresas latinas que pretendem se internacionalizar. A crise econômica enfraqueceu concorrentes norte-americanas e europeias, estagnou investimentos e desacelerou o crescimento, possibilitando a aquisição de empresas estabelecidas no mercado internacional, mas que não tiveram liquidez para resistir à queda da atividade econômica. De acordo com levantamento da Dun & Bradstreet, fornecedora internacional de informações de negócios, entre os anos de 2009 e 2011, enquanto o número de multinacionais cresceu modestos 2% nos EUA e 12% no Canadá, ultrapassou a casa dos 25% na América Latina.
Esse cenário é promissor, mas se as empresas latinas quiseram manter o crescimento e se destacar no cenário internacional, devem compreender os mercados locais e controlar as operações em escala global, criando diretrizes de gestão que multipliquem em todo o mundo a cultura da empresa.
Segundo Max Maggio, CCO da Aon Hewitt Latin America, consultoria em benefícios e capital humano, se passarem a tomar decisões de maneira integrada as empresas podem economizar de20 a35% em seus gastos com benefícios globais. “A melhor forma de fazer isso é implementando e administrando uma seguradora cativa, estabelecendo e administrando um multinational pooling e desenhando um pacote de benefícios para funcionários expatriados”, afirmou.
Para Maggio, o conceito de cativas está cada vez mais difundido. O executivo afirma que ao assumir os próprios riscos e transferir a responsabilidade para as seguradoras apenas em eventos de altíssimo impacto as empresas diminuem consideravelmente seus gastos com seguros e desenvolvem a própria visão para as fragilidades da operação. “As cativas clientes da Aon, por exemplo, possuem, juntas, ativos superiores a US$ 15 bilhões e subscrevem prêmios que superam a casa de US$ 25 bilhões anuais”.
Outra maneira de reduzir custos é o multinational pooling, no qual um grupo de empresas de um mesmo país de origem ou não, que atuam em determinado país estrangeiro, juntam-se para negociar seus programas de benefícios com uma seguradora local. “A vantagem dessa estratégia é que não custa absolutamente nada a mais para a rede e se a empresa paga mais do que recebe de prêmio, ela resgata parte do que foi pago em forma de dividendos”, complementou Max Maggio.
Já no que diz respeito aos funcionários expatriados, o desafio é adequar o pacote de benefícios com as expectativas: os funcionários esperam ter, no país em que trabalham, os mesmos benefícios que teriam no país de origem, mas em algumas regiões os custos de serviços e a escassez de recursos tornam a negociação difícil para as empresas.
Em evento promovido pela Aon e pela Generali no último dia 8 de maio, no Hotel Renaissance, em SP, Bettina Skelton, da área de Seguros de Pessoas da Odebrecht, disse que o continente africano é o mais desafiador, e em países como Angola, Moçambique, Guiné-Conacri, Libéria e Gana, a dificuldade é harmonizar os benefícios dos funcionários locais com o dos expatriados. “Nós não estamos indo pra esses países para explorar o trabalhador local. Queremos desenvolver a região e oferecer o que há de melhor para todos os nossos funcionários. Mas é preciso entender as carências locais. O pulo do gato da Odebrecht é a apólice guarda-chuva, onde a política de benefícios é uma só para todos os expatriados”, revelou.
Segundo Max Maggio, a solução para as multinacionais é ter contato com uma empresa que conheça a rede de saúde local e tenha poder de barganha.
J.N.
Revista Apólice