Entrevista
De olho no futuro do mercado
Presidente da Chubb Seguros há oito anos, Acácio Queiroz, é um formador de opinião que procura estar sempre atualizado com as novas tendências, sejam elas ligadas a tecnologia, sustentabilidade ou novos canais de distribuiçã
APÓLICE: Quais são os novos riscos aos quais o Brasil está exposto?
Acácio Queiroz: Os riscos sempre existiram. O que acontece agora é que o aquecimento global está agravando ou aumentando a frequência destes acidentes naturais em relação ao passado. Catástrofes naturais como inundação ou furacão, como o Catarina, que assolou o Sul do País há dez anos. O aquecimento começa a trazer riscos porque muda as condições climáticas, agravando e deslocando as chuvas, por exemplo. Há também os riscos que surgem por conta da modernidade, como de redes sociais, de internet, que não existiam no passado. Hoje, temos determinadas exposições que não haviam antes, por exemplo, novos meios de transporte como o trem bala, que é novidade no Brasil.
APÓLICE: Os riscos antigos estão agravados?
Acácio Queiroz: Como exemplo, podemos falar do seguro aeronáutico, cujas características também mudaram. Antes, havia meia dúzia de aeronaves em operação, agora, helicóptero é como mosca. Cada vez que se adiciona mais veículos ao tráfego, seja marítimo, terrestre ou aéreo, aumenta a exposição do risco. O aquecimento global, a modernidade e o desenvolvimento de novos meios de comunicação acabam criando novos riscos.
APÓLICE: Como vocês se preparam para os novos riscos?
Acácio Queiroz: No caso específico da Chubb, os passos que o Brasil dá agora já desenvolvemos há muito tempo. Para nós, evidentemente, sempre moldando à realidade brasileira, são riscos que temos em nosso banco de dados. Temos informações que nos permite fazer a análise do risco baseada em casos concretos ocorridos no resto do mundo, o que possibilita a precificação e subscrição de forma adequada a estas novas modalidades de risco. Isso não descarta a possibilidade de ter muito bem mapeado o Brasil, no que diz respeito ao aumento da frequência de risco.
APÓLICE: Neste caso, entram as peculiaridades locais?
Acácio Queiroz: Sim. Neste caso você tem tido um volume maior de inundações em Santa Catarina. Isso não vem de fora. Quando estou precificando um risco nestas localidades, tenho que levar em conta o mapa da região.
APÓLICE: Como você vê a atuação do mercado e da Chubb frente à uma nova realidade econômica, com taxas de juros cada vez mais baixas?
Acácio Queiroz: O mercado vai se ajustar às novas condições da economia. Você tem, por um lado, a diminuição dos juros e, por outro lado, o aumento da taxa de sinistralidade, seja pelo aquecimento global, pelo aumento da violência etc. O mercado já está se preparando para esta nova realidade. Talvez haja muitas empresas ainda com reservas lastreadas em papéis de longo prazo. Para elas, os juros não vão cair imediamente, o que lhes dá algum fôlego. Outras, que não gostam de correr muitos riscos, optam por papéis de curto prazo. Estas têm que se preparar e cada uma tem a sua estratégia. Nós, desde o ano passado, fizemos um ajustamento de portfolio, com cancelamento que ultrapassou R$ 100 milhões, numa operação de limpeza de portfolio. Fizemos também um trabalho grande de ajuste de despesas e de tarifas. O grande esforço foi fazer a readequação do portfolio, a otimização das despesas e verificar distorções que poderiam existir em relação às condições tarifárias. Certamente, teremos um resultado melhor que no ano passado.
APÓLICE: Vocês já têm os números desta operação?
Acácio Queiroz: Ainda não, mas tenho certeza de que os resultados serão melhores.
APÓLICE: Como as mudanças na economia impactam o mercado?
Acácio Queiroz: De várias formas. A primeira é no seguro de vida, impulsionado pelos trabalhadores com carteira assinada. O crescimento vertiginoso acabou. A mesma coisa acontece com o seguro de automóvel, que teve um avanço recente por conta da diminuição do IPI; se não fosse isso, continuaria andando de lado. O seguro de transporte viu o aumento do dólar esfriar o seguro de transporte internacional.
APÓLICE: A Chubb passa uma imagem de seguradora classe A. Vocês continuam a investir neste público?
Acácio Queiroz: Nós somos uma seguradora que atua em todas as linhas de negócios, menos saúde, previdência e capitalização. Entretanto, operamos com segmentos distintos e vamos continuar atuando assim. Mas, a bandeira mundial da Chubb está relacionada com produtos para as classes A e B. Isso representa 50% da nossa produção. Por outro lado, 20% desta mesma produção vem de produtos massificados, com aproximadamente 5 milhões de segurados. Uma empresa não pode ser constituída de apenas um negócio.
APÓLICE: Como você acredita que será a comunicação com o consumidor no futuro?
Acácio Queiroz: Você tem vivos nas seguintes gerações: a tradicional, a baby boomers, a X, a Y (que agora completa 33 anos) e a Z (que está fazendo 18 anos). Eu, que sou um baby boomer, não vou comprar nada pela internet. A Y e a Z já consomem varejo pela internet. A geração Z vai ter o seu corretor, mas ele estará diretamente ligado às redes sociais. Os consumidores serão mais exigentes, conhecedores de direitos, cada vez mais conectados à internet, cada vez mais capazes de cotar seus produtos.
APÓLICE: Como está o interesse internacional pelo Brasil?
Acácio Queiroz: A Chubb brasileira é a terceira operação internacional mais importante da companhia e, nestes últimos oito anos, reinvestimos tudo que lucramos aqui.
APÓLICE: O Brasil continua como bola da vez?
Acácio Queiroz: Em termos de economia, o Brasil, hoje, em relação aos emergentes, está atrás dos outros países, crescendo menos que China, Índia e Rússia. Porém, tudo isso está atrelado à crise na Europa e nos Estados Unidos. Eu acho que como opção de investimento, vários segmentos (inclusive de seguros) continuarão colocando capital por aqui. É claro que há alguns desafios, como o fato de cada vez mais o Brasil interagir e entrar na economia global.
APÓLICE: Quais são os principais desafios para o mercado brasileiro?
Acácio Queiroz: O principal é continuar formando pessoas. Já deveríamos ter mais cabeças novas, apesar dos esforços da Funenseg, CNseg etc. Outro desafio é implantar no jovem a cultura do seguro, para que ele entenda que está protejendo o futuro dele. Outro, é preparar as companhias para obter resultado técnico e a retenção de talentos. O setor privado também deve colaborar com o governo no sentido de frear a infração, pois ela inibe a comercialização de produtos de seguro, como acontecia no passado.
Opinião
Sustentabilidade deve ir além dos discursos
Denise Buen
Foi dada a largada para a adoção de princípios de sustentabilidade em seguros. Fico feliz de saber que começamos já com muitas atitudes. Agora precisamos colocar em prática tudo aquilo que está no papel. Desde o dia da assinatura, em 19 de junho, venho entrevistando pessoas para saber como elas enxergam o mercado de seguros. Infelizmente, a grande maioria ainda sequer percebe a função social do setor. Há muitas críticas em relação ao preço, ao atendimento e à limitação de produtos ofertados, com boa parte deles excluindo o que realmente preocupa o consumidor.
No entanto, o que mais me preocupa é ouvir histórias como a de Marciele de Albuquerque, 19 anos, que veio de Pernambuco para São Paulo em busca de emprego e renda. Ela pertence a classe C, que representa 56% da população brasileira. Quando chegou em São Paulo, há um ano, arrumou um cômodo para morar na comunidade Paraisópolis, uma das principais de São Paulo. Começou a procurar trabalho perto de casa para não precisar gastar com condução. Sem ter terminado o ensino fundamental (fez até o oitavo ano), conseguiu uma vaga de atendente na lanchonete da Academia Gustavo Borges, no bairro Panamby.
O emprego lhe fez bem, ajudando-a a vencer a timidez e a conhecer pessoas do bem, além de ser registrada em carteira. Em janeiro deste ano, Marciele começou 2012 como qualquer outra pessoa. Disposta a guardar dinheiro e melhorar de vida. Vestiu sua melhor roupa, caprichou na maquiagem e no penteado e foi até o banco, cheia de si: “quero abrir uma caderneta de poupança”, disse a moça para a gerente.
Recebeu um balde de água fria: “Só com depósito inicial de R$ 200. Mas você pode abrir uma conta corrente”, acrescentou a gerente, disparando a falar sem parar para perceber que a moça estava tomada pela frustração. Marciele ficou sentada na frente da gerente, envergonhada, só acenando com a cabeça, como todo mundo faz quando está pensando em outra coisa.
No final, entendeu que poderia ter um cartão, sem saber se era de crédito ou de débito, e que teria de pagar uma tarifa. Sabia também que poderia usar R$ 200, um limite que o banco estava DANDO para ela.
Passados cinco meses, o sonho de poupar virou um pesadelo: devia mais de R$ 400 ao banco e seu nome estava sujo e por isso seria demitida do emprego. Ou seja, ruim para todos, uma vez que cliente falido não vai usar o banco nem comprar seguro.
Como ela ficou devendo R$ 400? Para não esquecer a senha do cartão, escreveu os quatro números em uma fita adesiva e colou no próprio plástico. Uma amiga que dividia quarto com ela usou a função débito, sem ela saber. Como nunca depositou dinheiro lá, os valores foram pagos utilizando o limite do cheque especial disponibilizado na abertura da conta.
Além dos saques de R$ 220, foram caindo tarifas – R$ 17,90 para manutenção da conta corrente, que ela pensou que seria cobrada apenas uma vez e não mensal, cobrança de seguro de R$ 3,90 pelo qual ela nunca foi informada que teria de pagar. E outras coisas mais que ela não sabe explicar, mas com umas letras esquisitas. “Como IOF, por exemplo?”, perguntei. Sim, isso mesmo, respondeu. “O que é isso?”.
Seu desespero aumentou quando recebeu um telefonema do call center para negociar a dívida. O mesmo call center que ofertou um título de capitalização, de R$ 60 mensais por 48 meses. Isso mesmo. Um produto para acumular renda, para uma pessoa que estava devedora. Um produto que corrige o valor pela TR enquanto ela pagava quase 5% ao mês no cheque especial.
Essa história mostra o longo caminho que as instituições financeiras têm pela frente e a grande oportunidade que esse novo cenário traz para os corretores interessados em fazer a venda consultiva. Todos terão de investir muito em treinamento dos funcionários. É urgente a reinvenção da bonificação dos vendedores, como privilegiar a qualidade da venda com um peso máximo e não o volume de vendas. E asas à criatividade para bolar programas de educação financeira para que a população conheça e entenda seguros para saber escolher, deixando de ser refém de uma oferta inadequada.
Outro caso mostra que a educação financeira funciona. Pedro dos Santos, segurança de uma seguradora, já participou de seminários sobre produtos financeiros. “Todo dia quando vou sacar dinheiro no banco a moça me oferece cartão de crédito e linhas de financiamentos para eu comprar um carro. Não aceito, pois meu salário só dá para as contas básicas por enquanto. Me esforço para ter mais renda e poder comprar seguro de vida para garantir a escola do meu filho”.
É isso. Há um longo caminho para conquistar a tão sonhada sustentabilidade, que nada mais é do que ter atitudes que expressam respeito por si mesmo, pelo próximo e pelo planeta. Longe de ser um discurso, a sustentabilidade é o único caminho para construir um futuro seguro.
Especial Centro-Oeste e Minas Gerais/Panorama
Expoente de negócios
Com uma economia bastante diversificada, o Centro-Oeste do Brasil e o estado de Minas Gerais atraem indústrias e demais empreendedores
Gabriela Ferigato
A região Centro-Oeste é a segunda mais extensa do Brasil, ocupando 18,8% da área total. Responsável por 9,6% do PIB nacional, sua economia se destaca pelo potencial do agronegócio, que engloba as agroindústrias e a produção agropecuária. As maiores concentrações de bovinos estão localizadas na região, uma média de 34,6% do total existente no Brasil, de acordo com o IBGE.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações da região foram as que mais cresceram de janeiro a abril deste ano, comparadas ao mesmo período de 2011, com expansão de 18,19%. Também ganham destaque as indústrias de alimentos, mecânica, química e têxtil, assim como o turismo, especialmente devido à beleza natural, a exemplo do Pantanal Mato-Grossense.
Minas Gerais aparece como o segundo estado mais populoso do País e com a terceira maior economia. Em 2009, seu PIB foi de R$ 287,1 bilhões. Dessa movimentação, os serviços são responsáveis por 53,6%, enquanto a indústria responde por 26,4% e a agropecuária, por 7,9%. Até 2015, a expectativa de investimentos no setor de mineração no estado é de US$ 25 bilhões, mais de um terço do total previsto para todo o País no período, US$ 68,5 bilhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Os principais projetos envolvem ferro, alumínio, bauxita, fosfato e ouro.
De acordo com o presidente do Sindseg-MG/GO/MT/DF, Augusto Matos, as regiões têm atraído a atenção do mercado segurador. “Essa aproximação vem atendendo as demandas geradas pelo crescimento econômico do Centro-Oeste e de Minas Gerais, potencializando a geração de bons negócios. Em 2011, seis companhias associadas ao Sindseg abriram sucursais nestas regiões”, pontua Matos. Atualmente, o Sindicato conta com 30 companhias associadas. Segundo ele, o mercado a ser conquistado passa por investimentos em infraestrutura, o que gera a necessidade do seguro. “A ascensão das classes C e D sugere aumento dessa demanda, entretanto há necessidade de criar produtos acessíveis que contemplem a inserção da nova classe média no mercado de seguros. Outro ponto-chave é a expansão de financiamentos, com a redução da taxa de juros, que contribui para aumento do consumo do seguro”, afirma.
Segundo informações do Sindseg, com dados da Susep, o mercado segurador da região fechou 2011 com arrecadação de R$ 16,7 bilhões em prêmios e contribuições, registrando aumento de 10,5% em relação a 2010. O presidente do Sindseg afirma que, apesar do seguro automóvel ainda ser o ramo com maior arrecadação de prêmios entre os ramos não vida (R$ 3,2 bilhões), outros setores vêm apresentando crescimento, como o seguro habitacional (34%), riscos financeiros (25%) e transportes (23%). “Para 2012, a estimativa é que os seguros gerais cresçam 12%, com movimentação de R$ 18,5 bilhões. Para os segmentos que apontam boas expectativas de crescimento neste ano temos os seguros de responsabilidades, riscos financeiros, habitacional e transporte”, ressalta Matos.
Maria Helena Monteiro, diretora de ensino da Escola Nacional de Seguros, destaca que o mercado está muito promissor devido à cadeia produtiva relacionada às grandes obras para a Copa do Mundo de 2014. Belo Horizonte (MG), Brasília (DF) e Cuiabá (MT) fazem parte do grupo (composto por 12 cidades) que sediarão o evento esportivo. “Vemos grandes oportunidades nos seguros de obras, seguro garantia e de responsabilidade civil”, garante Maria Helena. Segundo ela, tem aumentado o número de corretores em busca de especialização em novos produtos.
A Revista Apólice conversou com todos os presidentes dos Sincor’s da região Centro-Oeste e de Minas Gerais. Confira abaixo:
José Cristóvão Martins
presidente do Sincor-MT
“Contamos com 802 pessoas físicas e jurídicas ativas no Mato Grosso – 43% destes são sindicalizados e 17% são associados. Em nosso estado, o seguro auto ainda figura na liderança do mercado, seguido por capitalização e vida. Os ramos de imóveis e da construção civil têm influenciado tanto no crescimento das contratações de seguros tradicionais quanto no fomento de outros ramos. Um exemplo disso são os seguros de garantias contratuais, que – por força das prestações de serviços e obras relacionadas à Copa do Mundo – aquecem o mercado. Os seguros rurais e de transporte devem seguir crescendo. Promover uma grande interação entre corretor, segurador e a sociedade em geral é nosso grande desafio. É importante que nossa categoria se mantenha unida em torno de questões técnicas e éticas, que dizem respeito a todos nós e tornarão o nosso mercado cada vez mais atraente”.
Pedro Bonacina
presidente do Sincor-MS
“A contribuição sindical na nossa região gira em torno de 60 a 70% e social, em torno de 40%. Entre pessoas físicas e jurídicas totalizam 255 associados ao Sincor. Os segmentos que mais se destacam são: vida, automóvel e previdência, sendo que, além destes, o residencial apresenta oportunidade de crescimento. Em relação aos principais problemas enfrentados pelo mercado de seguros na nossa região, destaco a dificuldade de atendimento pelas seguradoras aos corretores do interior, em virtude da distância”.
Dorival Alves de Sousa
presidente do Sincor-DF
“Brasília possui um comércio bastante ativo, com pequenas e médias indústrias e um canteiro de obras com várias construções residenciais e comerciais. Temos um complexo bastante divergente com suas cidades satélites como Taguatinga, Ceilândia, Gama, Guará etc. Podemos afirmar que, atualmente, mais de 50% dos corretores ativos são sindicalizados e temos 300 profissionais associados ao Sincor. O principal seguro comercializado na região é o automóvel, seguido de vida e condomínio. Sobre as dificuldades enfrentadas pelo mercado na nossa região, destaco o custo para manutenção de uma empresa corretora, que é muito alto, devido às despesas com aluguel e a dificuldade em conseguir um alvará para funcionamento. O Governo do DF cria regras difíceis para o empresário se estabelecer em toda a região. Também estamos lutando contra a proliferação dos corretores de seguros para-quedistas, que saem de seus estados de origem para competirem com os profissionais estabelecidos no Distrito Federal. Trata-se de uma concorrência predatória e irresponsável”.
Joaquim Mendanha de Ataídes
presidente do Sincor-GO
“Em Goiás destacam-se as indústrias alimentícias, de bebidas, mineração, vestuário, calçados, automotiva, máquinas agrícolas, química, alcooleira e farmacêutica. A balança comercial de Goiás nesta última década (exportações e importações) representou um crescimento da ordem de 27,80% ao ano. Seu PIB obteve crescimento médio de 11,8% ao ano, acima da média nacional. Os ramos de seguros mais vendidos no estado, nos últimos cinco anos, são: seguro auto, com crescimento médio anual da ordem de 15,43%; seguro de pessoas, 18,81%; previdência privada, 23,70%; transporte, 13,48%; rural, 28,51%; residencial, 22,37%; propriedades e outros, 37,19%. O Sincor-GO possui 317 corretores de seguros (PF) e 297 corretoras (PJ) associadas, ou seja, um total de 614 associados, abrangendo mais de 70% do universo de corretores no estado. Nós mantemos um programa denominado Banco de Talentos, cujo objetivo é suprir as empresas corretoras de seguros com profissionais aptos a exercer as atividades de assistências técnicas. O mercado de seguros em Goiás nunca esteve tão positivo e dinâmico como agora. Entretanto, com essa demanda crescente, alguns problemas vêm sendo enfrentados pelos corretores de seguros de Goiás, como o número insuficiente de oficinas mecânicas credenciadas, a necessidade de ampliar o atendimento das empresas de vistoria prévia e de sinistro, principalmente no interior do estado, e a falta de comunicação mais voltada à cultura do seguro”.
“Os profissionais corretores associados ao Sincor-MG hoje somam 1.638. Temos percebido que, cada vez mais, os jovens vêm optando pela profissão, visualizando na corretagem de seguros um excelente ramo de atividade, que pode proporcionar a eles realização profissional e independência financeira. Esses jovens, via de regra com formação superior completa, são corretores que questionam, argumentam e querem sempre o melhor. A relação entre corretores e seguradoras vem amadurecendo e se profissionalizado ao longo do tempo. Precisamos ainda de soluções para questões derivadas da terceirização de serviços pelas companhias e da transferência de serviços administrativos da seguradora para o corretor. Compreendemos que todas as instituições do mercado, inclusive as seguradoras, precisam investir mais na formação do seus recursos humanos para garantir ao segurado uma prestação de serviço de melhor qualidade”.
Seguradoras
De olho no crescimento e na diversidade de negócios da região, o mercado de seguros mira suas atividades e atuação para os estados.
A Tokio Marine, além da diretoria, conta com dois superintendentes regionais, um para Minas Gerais e outro para o Centro-Oeste. A seguradora possui 10 sucursais de varejo nas principais cidades dos estados e uma de licitações, que atende a todo Brasil, em Goiânia. “As regiões são muito importantes para o Brasil, apresentam forte crescimento e uma economia diversificada, com mineração, agricultura, pecuária, turismo e indústria, o que possibilita a oportunidade de negócios em muitos segmentos. Em função disso, nossos investimentos para as regiões são sempre priorizados”, declara Márcia Radavelli, diretora comercial varejo Minas Gerais/Centro Oeste da Tokio Marine Seguradora. Atualmente as regiões representam cerca de 20% das vendas do varejo da companhia.
Outra seguradora que aposta nessas localidades é a Marítima Seguros, que opera em Minas Gerais há mais de 30 anos e atualmente conta com uma intensiva expansão para o interior do estado. Neste ano, a Marítima Saúde iniciou sua operação em MG, que inclui mais de dois mil serviços médicos na região. A meta da companhia é a de que Minas Gerais possa representar, em três anos, 20% da carteira no segmento saúde que, segundo estimativas, deve chegar a 40 mil vidas seguradas e R$ 100 milhões em prêmios. Também neste ano foi inaugurada uma filial em Brasília, e a de Goiás completou um ano de atuação. “Destacamos a potencialidade do segmento agrícola, que está bastante alinhada com a força da Marítima nos produtos agropecuários. Também vamos atender fortemente o seguro garantia, responsabilidade civil, riscos de engenharia e produtos empresariais”, expõe Marcelo Araújo Braz, diretor regional da Marítima Seguros para Minas Gerais e Centro-Oeste e diretor financeiro do Sindseg-MG/GO/MT/DF.
A Chubb também atua nas regiões por meio das filias de Belo Horizonte e Brasília, que são operações estratégicas no plano de negócios da seguradora. Segundo Alessandro Gomes, superintendente de filiais da Chubb, a companhia mantém uma operação bastante equilibrada, com destaque para o seguro automóvel, de pessoas, massificados e riscos empresariais. “Em 2011, as regiões representaram aproximadamente 16% do volume de prêmios da seguradora”, revela Gomes.
Por meio de representações e sucursais, a Mutual Seguros já atuava na região Centro-Oeste e em Minas Gerais mas, visando atender a demanda crescente nesses polos, a companhia optou por ampliar o investimento nessas localidades criando as filiais no Mato Grosso (Cuiabá) e em Minas Gerais (Belo Horizonte). “As duas regiões apresentam excelentes oportunidades de negócios para a seguradora e seus parceiros, por meio, por exemplo, do responsabilidade civil facultativa e responsabilidade civil obrigatória (RCF/RCO) para os segmentos de empresas de turismo e de transporte de passageiros, com especial destaque para o RCF Caminhão, que no momento são os focos da nossa estratégia comercial”, destaca Cláudia Zalaf, superintendente da Mutual Seguros. Somadas, a região Centro-Oeste e o estado de Minas Gerais respondem por cerca de 30% da produção mensal da seguradora.
Com filiais em Belo Horizonte, Brasília e Goiânia, a MetLife investe na região, principalmente por causa da expansão dos setores ligados ao agronegócio, ao grande aumento da renda per capita em cidades como Brasília e no forte potencial do parque industrial e do setor de comércio e serviços em Minas Gerais. “Tradicionalmente trabalhamos bem nos produtos de vida em grupo, seja para pequenas e médias empresas, bem como para grandes corporações. O dental tem sido muito vendido e hoje temos posição de destaque, principalmente em BH. Também trabalhamos muito forte com produtos de varejo como AP Estudante e alguns projetos de venda de seguros individuais”, expõe Márcio Magnaboschi, diretor executivo de vendas da MetLife.
Segundo ele, a companhia está sempre voltada em promover interação com os corretores locais. “Fazemos visitas comerciais, capacitação e programas de treinamento, esse último principalmente em planos odontológicos, para ajudar os corretores a crescer seu negócio”.
Como parte do plano de expansão geográfica do Grupo, a Tempo Assist inaugurou em dezembro do ano passado um escritório em Belo Horizonte e, em maio deste ano, em Brasília. De acordo com Vitor Alt, vice-presidente da Tempo Saúde Seguradora, em ambas regiões há um intenso trabalho voltado ao relacionamento comercial e pós-venda das marcas Tempo Saúde Seguradora e Tempo Dental.
Recentemente, a empresa desenvolveu um plano de saúde exclusivo para Minas Gerais. “Ele possui coberturas adicionais isentas de custo, tais como escleroterapia estética de veias, RPG e descontos em farmácias. Além disso, conta com opções de livre escolha com reembolso”, assegura Alt. Segundo o executivo, a região metropolitana de Minas Gerais está entre as cinco praças com maior potencial de vendas da Tempo Saúde Seguradora. Um dos fatores que impulsiona esse crescimento é o aumento das micro e pequenas empresas (MPEs). O estado contou com um incremento de mais de 700% no número de MPEs.
Especializada em seguro garantia e com atuação focada nos corretores desse ramo, a Pottencial Seguradora está presente em Minas Gerais e no Centro-Oeste faz dois anos. Cláudio Denucci, gerente comercial da companhia, afirma que em MG o seguro garantia apresentou um crescimento de 33,49% de 2010 para 2011. Para 2012, há expectativa de um incremento de cerca de 20% em comparação ao ano passado.
“O atendimento às demandas diárias é feito pelo nosso sistema de solicitações, localizado em nosso site. Ele traz agilidade e praticidade ao dia a dia do nosso parceiro corretor. Mas apesar de toda a tecnologia que disponibilizamos aos nossos parceiros, não dispensamos as visitas periódicas aos seus escritórios, para escutar e entender as suas necessidades e assim melhorarmos exponencialmente nosso atendimento”, certifica Denucci. Em 2011, as duas regiões representaram uma média de 30% do total de prêmio direto emitido pela Pottencial.
Corretoras
As corretoras atuantes no Centro-Oeste e em Minas Gerais destacam a importância das seguradoras estarem presentes fisicamente nas regiões. “Essa presença incentiva a cultura do seguro e as companhias conseguem identificar as necessidades da região, além de estreitar o relacionamento com os corretores e, desse modo, agilizar a relação comercial e operacional no atendimento aos sinistros”, realça José Fernando Bairros Faracco, sócio da Imperatriz Corretora de Seguros (Mato Grosso do Sul).
Segundo Alexandre Faria, diretor da Multiseg Seguros (Minas Gerais), é essencial que os representantes locais dos escritórios/filiais das seguradoras possuam autonomia em suas operações, caso contrário cria-se barreiras na relação entre corretora/seguradora.
O corretor Ademir Galera, diretor da Galera’s Corretora de Seguros (Mato Grosso), segue com essa mesma opinião, pontuando que muitos riscos, em sua região, não são aceitos. “Os seguros para máquinas agrícolas e madeireiras, por exemplo, têm difícil aceitação, pois falta autonomia regional para as companhias. Essa autonomia está centralizada na matriz”, finaliza Galera.
especial CO – MG | indústria farmacêutica
Setor farmacêutico desperta atenção do mercado segurador
O segmento aparece em constante desenvolvimento, com expectativa de expansão de 10 a 15% para este ano. Visando os riscos existentes em sua atuação, o mercado de seguros oferta apólices que cobrem desde a fabricação do produto até o momento em que é colocado à venda
Gabriela Ferigato
A cidade de Anápolis (Goiás) abriga o segundo maior polo farmoquímico do Brasil. No DAIA (Distrito Agroindustrial de Anápolis) estão localizadas mais de 20 indústrias do setor de medicamentos e a região já é considerada a segunda maior produtora de genéricos do País. Em 2011, a indústria química goiana registrou crescimento de 36%, grande parte do resultado motivado pelos investimentos no segmento farmacêutico.
No âmbito nacional, o setor movimentou R$ 42,78 bilhões no ano passado, um crescimento de 18% em relação a 2010, de acordo com a consultoria IMS Health. No mesmo período, somente o mercado de medicamentos genéricos cresceu 32,3% no volume de unidades vendidas em comparação com 2010, o que significou a comercialização de 581 milhões de unidades. A expectativa para este ano é de que a expansão fique entre 10 e 15%.
Por estar diretamente ligado à saúde das pessoas, o setor farmacêutico exige muito controle em todos os seus níveis estratégicos e produtivos, desde o momento em que o medicamento é fabricado até quando é colocado à venda. Para mitigar os riscos aos quais o segmento está exposto, o mercado de seguros elaborou um produto específico para atender o setor.
O Clinical Trials, em português “Testes Clínicos”, já era conhecido no exterior e há dois anos a Allianz decidiu abrir também para o mercado nacional. Sempre que um produto (seja cosmético ou relacionado à medicina de uma forma geral) vai ser lançado no mercado local, mesmo que já exista no exterior, a Anvisa determina que ele seja testado em sujeitos de pesquisas (cobaias). Durante essa fase, há o risco de ocorrer um efeito colateral nessas pessoas, principalmente com medicamentos mais fortes. Segundo Edson Toguchi, superintendente de grandes riscos da Allianz Seguros, mesmo que o sujeito de pesquisa assine um termo de responsabilidade, pode acontecer algo que não esteja previsto no protocolo, como, por exemplo, uma dosagem superior do medicamento, ocasionada por erro médico. “Nesses casos o sujeito de pesquisa pode reclamar contra a cadeia envolvida (seja centro de pesquisa, hospital, clínica médica ou universidade) e o seguro é acionado”, explica Toguchi. A apólice cobre todo o tratamento decorrente de um efeito colateral (qualquer reação de forma negativa), morte e indenização para família. A matriz da Allianz (na Alemanha) possui um corpo médico responsável por analisar todos os protocolos das apólices. Nos sub-escritórios do Brasil, os advogados analisam a legislação local e passam essa pré-análise para a matriz. O valor do seguro varia de acordo com alguns fatores, como a quantidade de pacientes envolvidos, o tipo de droga e a fase em que se encontra (inicial ou mais avançada) e com a saúde do sujeito de pesquisa (se estão saudáveis ou não). Em alguns casos, a seguradora age de forma bem criteriosa em relação à aceitação da apólice, por exemplo, quando os sujeitos de pesquisa são crianças (consideradas riscos gravosos ou declináveis), pois é difícil mensurar o efeito colateral que o medicamento pode vir a causar na criança.
Nos demais casos, o superintendente de grandes riscos da Allianz garante que a apólice de Testes Clínicos não é um seguro de difícil aceitação, mas sim de difícil conhecimento. “A FDA (agência reguladora norte-americana, semelhante à Anvisa) obriga a contratação desse seguro. No Brasil, a Anvisa apenas recomenda, não é obrigatório. Há uma grande diferença cultural entre os dois países. Aqui muitas empresas ainda desconhecem a existência do seguro de Testes Clínicos. Eu acredito que a partir do momento que o mercado passar a conhecer, ele vai aderir”, completa Toguchi.
Apólices
As demais proteções oferecidas ao segmento farmacêutico são comuns a outros setores, em alguns casos com especificações. Segundo Marcos Mendonça de Mello, diretor técnico da JLT, um risco possível é o ambiental, que envolve a fase de produção dos medicamentos nas fábricas. Os produtos químicos podem poluir e contaminar solos, aquíferos e lençóis freáticos. A apólice de responsabilidade civil ambiental cobre tanto danos a terceiros — resultantes de contaminação súbita, acidental ou contaminação gradual, com origem no local segurado — como a recuperação do próprio solo.
Outro seguro oferecido pela JLT é o Tampering, que indeniza os segurados por prejuízos sofridos em decorrências de contaminação acidental, recolhimento do produto determinado pelo governo e adulteração dolosa do produto. “Durante a sua produção, pós-produção e armazenagem, o produto pode sofrer uma contaminação acidental ou maliciosa. Nesse processo, ele pode causar danos ao consumidor/paciente. Esses danos a terceiros estão cobertos pelo seguro”, destaca Mello. A apólice inclui lucros cessantes, recall de produtos, recuperação de imagem da empresa, assessoria de mercado, consultoria de crise, custos de recolhimento, destruição, substituição e redistribuição do produto etc.
De acordo com Márcia Radavelli, diretora comercial varejo Minas Gerais/Centro-Oeste da Tokio Marine Seguradora, a indústria farmacêutica se enquadra no segmento property. “Oferecemos produtos empresariais de características multirrisco que incluem coberturas para incêndio, raio, explosão, vendaval, danos elétricos, entre outras. Temos capacidade para ofertar apólices empresariais de até R$ 100 milhões de importância segurada básica”, pontua Márcia.
O seguro de crédito é outro importante produto para o segmento. Segundo Marcelo Elias, diretor-executivo da Marsh, a canibalização do produto farmacêutico é feita pelos distribuidores, sendo rara a venda direta para o consumidor ou até mesmo para a farmácia. “Há quatro anos, o setor sofreu com a queda de um grande distribuidor do mercado. A partir disso, a indústria farmacêutica busca muita proteção em relação ao seguro de crédito, que faz a proteção desses recebíveis”, ressalta Elias. A carteira de clientes da Marsh conta com 70% do total de fabricantes do mercado farmacêutico.
Roubo de carga
O transporte de medicamentos ocupa o 4º lugar no ranking de produtos transportados no Brasil, correspondendo a 20% dos produtos que mais circulam pelo País. Atualmente, medicamentos são o quinto produto mais visado pelas facções criminosas, sendo São Paulo o local com maior índice de roubo. Somente em 2010, o prejuízo no estado chegou a mais de R$ 10 milhões. De acordo com Newton Gibson, presidente da Associação Brasileira de Transporte Logística e Carga (ABTC), os medicamentos possuem valores bastante elevados, tornando-se alvo dos bandidos que atuam no roubo de cargas. “Acreditamos que é necessária a efetiva atuação do governo com investimentos em segurança nas estradas para combater esses crimes. As transportadoras já estão investindo em sistemas modernos de rastreamento de veículos e seguros a fim de diminuir a incidência de assaltos, fato que eleva bastante o custo para as empresas que transportam mercadorias no País e reduz consideravelmente o nível competitivo das organizações brasileiras”, revela Gibson.
Segundo o diretor executivo da Marsh, a empresa precisa traçar planos de gerenciamento de riscos muito bem elaborados para proteger a carga. “Além das tradicionais escoltas que acompanham esses caminhões e o rastreamento que ele possui, hoje existem dispositivos eletrônicos que vão acoplados à carga, que permitem a localização do veículo”, expõe Elias. O executivo ressalta que, mesmo tendo a carga localizada, ela tem grandes chances de ser condenada pelo controle de qualidade, pois saiu do seu fluxo logístico normal. “O procedimento é diferente de qualquer outro produto, como, por exemplo, uma carga de relógio, que, caso seja encontrada pode reintegrar o lote. Com medicamentos, você não pode afirmar se ele seguiu as regras de higiene, se ele estava no controle de temperatura etc”, assegura o executivo. Por esses agravantes, o seguro de transporte para a carga de medicamentos é mais caro do que para demais produtos.
Para atender ao segmento, o gerente executivo de São Paulo da Marsh, Marcos Guimarães, alerta sobre a necessidade de conhecer as particularidades desse mercado. “É um setor altamente regulamentado pela Anvisa, então a seguradora/corretora precisa ter ciência desses regulamentos, para desenhar apólices que atendam essas necessidades”, pontua. Outro ponto importante é a análise de risco. O mercado de seguros precisa entender o mercado do cliente e os riscos que ele está exposto. “A partir disso, podemos conceder o melhor programa para o cliente, em todas as linhas de seguro”, finaliza Guimarães.
especial CO – MG | agronegócio
Seguro é aliado para o produtor
Como no resto do País, ainda faltam incentivos do governo e maior consciência a respeito dessa forma de mitigar riscos. Diferencial da região são as proteções para a atividade pecuária e para o patrimônio
Jamille Niero
O agronegócio é uma das principais atividades da região Centro-Oeste e Minas Gerais. Além da tradicional cultura agrícola – como a produção de soja, algodão e cana de açúcar, por exemplo – a pecuária também se destaca. Segundo o IBGE, a maior concentração de bovinos está na região, com mais de 34% da criação existente no Brasil. Apenas em 2007, o IBGE constatou que foram abatidas mais de 23 mil cabeças de bovinos, 20 mil cabeças de suínos e três milhões de cabeças de aves. Sem contar os mais de 12 milhões de litros adquiridos e as 32 milhões de unidades de couro inteiro cru de origem nacional adquiridas pelos curtumes.
“O produtor tem que lidar com eventos imprevisíveis, como as condições do tempo ou as oscilações do mercado. Trabalhando com colheita ou com abastecimento, um acidente pode acabar com a renda de um ano inteiro”, reflete o presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesario Ramalho da Silva. Daí a necessidade de proteger sua produção. O seguro é uma das formas. Os estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso estão atrás apenas dos estados da região Sul e São Paulo no valor de subvenção destinada pelo governo ao seguro rural em 2011, totalizando cerca de R$ 58 milhões. Porém, há críticas sobre a maneira como o governo conduz o assunto.
“O seguro rural é um instrumento importante para o produtor. Queremos um sistema de seguro bem estruturado, mas da maneira como está hoje, no caso do Centro-Oeste principalmente, nem importa tanto se é caro ou barato, o problema é que não tem utilidade para os diversos setores do agro”, reclama Silva.
Riscos
No caso da pecuária, os principais riscos são a morte dos animais e a garantia do preço, que pode cair muito a ponto de não dar retorno ao produtor. “O primeiro seria um seguro de vida dos animais, indenizando morte por qualquer causa”, explica o responsável pela área de Seguros Rurais da Swiss Re, José Cullen.
A companhia já oferta esse tipo de produto no Brasil e pode ser adquirido para proteger tanto os rebanhos de corte quanto para produção de leite. O valor da cobertura varia, pois depende do tipo de gado, onde está o rebanho, se é confinado ou criado em pasto, entre outros pontos. “Seria a partir de 1,5% a 5% do valor segurado”, exemplifica.
O principal problema, avalia o executivo, é que a adesão a esse tipo de proteção ainda é muito baixa. “Considerando as quase 400 milhões de cabeças de gado existentes no Brasil, acredito que não há 1% do rebanho segurado. É muito pouco se compararmos com a proteção à produção agrícola, na qual nota-se consciência maior dos riscos”, estima. Ele considera que é preciso uma mudança de visão de risco dos pecuaristas e que eles percebam que é uma ferramenta de mitigação de riscos e, portanto, prejuízos. Um exemplo de risco ao qual os rebanhos estão expostos são as intempéries climáticas, uma vez que quando há seca não há pasto e, consequentemente, é preciso comprar alimento ou, em casos mais extremos, vender o gado.
O seguro pecuário também é oferecido pelo Grupo BB Mapfre, que tem produtos com foco no segmento rural e uma das maiores carteiras do nicho. A proteção existe há cinco anos, mas ficou “parada” durante um tempo. A seguradora resolveu mudar, simplificou a adesão e fez parcerias com instituições de crédito e associações. “A expectativa é atender as fases da produção, não só a etapa de engorda no pasto ou no confinamento, mas na etapa anterior ao frigorífico, a fase na qual o bezerro acabou de nascer, e depois a cobertura do desmame até o boi magro”, conta o diretor técnico de Seguros Rurais do Grupo, Gláucio Toyama. O seguro pecuário é uma das apostas da seguradora. Em um ano, a operação passou de R$ 250 mil a R$ 1 milhão em volume de prêmios. “Multiplicamos a operação em quatro e sem comercializar pelo canal de vendas do Banco do Brasil”, expõe.
Em Minas Gerais, a forte produção de café (cerca de 50% da produção brasileira) fez com que a seguradora desenvolvesse um seguro específico para a vida da planta. Porém, o produtor é visto como um todo e não só por sua produção. “Também damos atenção ao seu patrimônio e às operações. Tem a colheita, o beneficiamento e o estoque. Acabamos atendendo não só credito de lavoura de café, mas também a estocagem do produto”,
É um cenário novo, no qual os produtores procuram proteção patrimonial de silos e secadores. “Estamos trabalhando com a Susep para caracterizar um produto da família rural”, esclarece Toyama. Segundo ele, facilita ao produtor que tem o silo fora da área de produção e mais perto da logística urbana, o que acaba “fugindo” do nicho rural.
Proteção para o maquinário
As máquinas e equipamentos também estão ganhando mais proteção por parte do produtor. Incluído no ramo “riscos diversos”, o seguro para maquinário agrícola cobre incêndio, danos elétricos e colisão, além do transporte da máquina também. O aumento da oferta é justificado pelo alto custo dos itens – que vão de R$ 200 mil a R$ 1,5 milhão. “Como a região é extensa e tem muito maquinário, de certa forma é igual ao seguro automóvel, popularizou e tem demanda”, conta Antonio Carlos Eurico, sócio da corretora Somar, que atende clientes em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. “Chegamos aos clientes por meio de concessionárias e indicação de fazendeiros”, complementa.
Eurico afirma que há cerca de 10 anos começou a perceber o potencial do segmento, que soma 150 clientes e representa 18% da sua carteira. “Há dez anos, a lavoura de algodão se tornou totalmente mecanizada. Com o surgimento das lavouras de cana de açúcar, há seis anos, o potencial aumentou bastante. Começamos a nos dedicar”, relembra.
especial CO – MG | mineração
Risco restrito
Capacidade do mercado segurador mundial para aceitar riscos de mineração diminui e reflexos são sentidos no Brasil. Por outro lado, mineradoras brasileiras compreendem a importância do seguro como proteção financeira e aprendem a gerenciar seus riscos
Jamille Niero
O seguro para mineração costuma ser restrito e aceito por poucas seguradoras e resseguradoras no mundo todo. No Brasil, apesar de ser um país menos exposto a riscos catastróficos, como terremotos e furacões, a situação não é diferente. Um estudo divulgado este ano pela corretora Willis aponta que a capacidade do mercado segurador para reter os riscos desse segmento diminuiu 30% (considerando danos patrimoniais e lucros cessantes).
Segundo o relatório, no ano passado as perdas seguradas em catástrofes naturais que afetaram as apólices de mineração somaram 2,7 bilhões de dólares. Entre os principais acontecimentos que geraram indenizações estão os terremotos na Nova Zelândia e Austrália e as inundações no Brasil e na África do Sul. “O mercado internacional sofreu impacto grande de sinistros em decorrência de danos da natureza, alagamentos e terremotos. Isso fez com que os preços de seguros disparassem”, analisa Alexandra Brabo, diretora executiva da Willis no Brasil. Isso acontece porque a maior parte dos riscos segurados é repassada aos resseguradores, que são os que mais sentiram o reflexo das indenizações pagas.
Na análise de resseguradoras, como a Munich Re, houve de fato um conjunto de perdas em nível global que afetaram não necessariamente a capacidade de resseguro disponível, mas, acima de tudo, seu custo e as condições contratuais, que se tornaram mais restritivas. “Outro aspecto que mudou ou, melhor dizendo, teve sua atenção redobrada, foi a maior preocupação do polo segurador quanto à gestão dos riscos por parte das mineradoras, seus planos de contingência, manutenção, sobressalentes e capacidade de make-up (compensar a perda de produção num centro pelo incremento em outro)”, destaca Rodrigo Belloube, Head de Property e Engenharia da Munich Re no Brasil.
O grupo segurador BB Mapfre foi um dos que sentiu os reflexos da redução de capacidade. Entre mineradoras e siderúrgicas, o Grupo participa do seguro de 10 empresas. “A abertura do mercado de resseguro traz essa natureza. Não sentimos restrição no passado porque o IRB aceitava tudo, equalizava as flutuações do mercado internacional. Com a abertura, os efeitos são mais diretos. Qualquer mudança no cenário internacional afeta diretamente o mercado nacional”, endossa o diretor de grandes riscos do Grupo, Wady Cury.
“Atuamos fortemente na mineração. Uma delas é a Vale, que teve dificuldades na renovação do seguro”, indicou. A Vale teve um sinistro no Espírito Santo avaliado em cerca de 500 milhões de dólares, exemplificando que sinistros ocorreram não somente no cenário internacional, mas no Brasil também, porém, de forma menos acentuada.
A executiva da Willis analisa que quem precisar de muita capacidade vai sofrer impacto nos prêmios e aconselha: mesmo que no Brasil tenha ocorrido sinistros, quem puder deve utilizar o mercado brasileiro, pois as resseguradoras que operam apenas aqui sofreram menos impacto do que as companhias internacionais. “Quem trabalha só aqui não pagou esses sinistros que aconteceram no mercado internacional”, justificou. Hoje, ela estima que a capacidade do mercado brasileiro varia de 300 milhões a 400 milhões de dólares. “As taxas no Brasil estão sendo encontradas pela metade do preço ou menor do que praticadas no mercado internacional, embora a capacidade seja menor do que no mundo. As taxas no Brasil são mais competitivas”, frisa Alexandra.
Produção
De acordo com o IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração), a expectativa era a Produção Mineral Brasileira (PMB) totalizar um valor estimado de US$ 50 bilhões em 2011, o que configurará um aumento de 28% se comparado ao valor registrado em 2010: US$ 39 bilhões.
Os maiores estados produtores de minérios em 2010, de acordo com o recolhimento da CFEM (Contribuição Financeira pela Exploração de Recursos Minerais), são Minas Gerais (48%), Pará (28%), Goiás (5%), São Paulo (4%), Bahia (2,7%), Mato Grosso do Sul (1,8%) e Sergipe (1,7%). Em 2010, a arrecadação da CFEM alcançou R$ 1 bilhão, ou seja, 46% superior à de 2009, que foi de R$ 742 milhões. Em 2011, a previsão é que a arrecadação alcance R$ 1,3 bilhão.
A indústria da mineração no Brasil é importante para o saldo comercial. Em 2011, o minério de ferro ocupou o 1º lugar na lista de produtos que geram as maiores rendas nas exportações brasileiras.
Como é um tipo de produto que gira valores muito altos, é comum as mineradoras contratarem o seguro para todas as etapas da produção (confira no infográfico da página 42). “A partir do momento em que começa a existir movimento de pessoas e chegada de equipamentos na planta, a empresa passa a assumir um risco muito grande. Não apenas um risco quanto ao patrimônio que vai ser instalado, mas um risco relacionado às pessoas e ao meio ambiente também”, define o diretor técnico de riscos empresariais da MDS, Jacques Goldenberg. Ele foi um dos primeiros a fechar uma apólice de seguro para mineração no Brasil, em 1976.
Fora os seguros por etapa, podem ser contratados ainda o D&O (seguro de responsabilidade civil para dirigentes). “Recomendamos mesmo para empresas novas. Não importa se ainda não está operando, mas já existe um risco, caso os dirigentes tomem decisões que resultem em prejuízos. O nome da empresa está envolvido”, indica Goldenberg.
No caso dos seguros específicos para exploração, o tipo de mineração (se é a céu aberto ou no subsolo) é o que define a complexidade.
“Na exploração a céu aberto há o risco de quebra de máquina, incluindo danos elétricos, risco de desmoronamento das lavras, que são feitas em camadas, e de atingir equipamento ou instalação. Também há exposição aos eventos da natureza, como vendaval ou alagamentos”, esclarece o diretor de property e liability da Zurich, Octávio Luiz Bromatti. “Na subterrânea, além de tudo isso há ainda o risco de desmoronamento das galerias, atingindo equipamentos, como tubulação, ar condicionado e bomba de sucção de água, que são equipamentos caríssimos. Há toda a logística, além do material que trafega”, complementa Bromatti.
O grupo Votorantim é um dos clientes da Zurich. O gerente de seguros corporativos, Álvaro Trilho, comentou sobre a parceria durante uma conferência realizada pela seguradora em junho. Ele é responsável pelos programas de seguros das áreas de Cimentos, Metais e Celulose. O seguro para a área de mineração, admitiu, é o que “dá mais trabalho” para colocar o risco, apesar de não ser o maior. A Votorantim Metais tem como principais produtos zinco, alumínio e níquel e corresponde a 28% do EBTIDA do grupo no primeiro trimestre de 2012.
“Trabalhamos muito próximos a seguradoras e resseguradoras, com o apoio do corretor. As seguradoras têm que ser benchmark naquele ramo e têm que agregar valor também. Não queremos só emissão de apólice, queremos serviço. Com resseguradoras construímos uma parceria de longo prazo e também tem que agregar valor”, garantiu. As plantas são inspecionadas anualmente e as análises são conduzidas pela seguradora líder do programa, que hoje é a Zurich. Os relatórios são repassados para todo o mercado, quando são feitas as concorrências para renovações. “Todos os riscos, não só os do relatório, são discutidos com diversas áreas e stakeholders que participam das unidades: segurança, manutenção, operação, engenharia etc”, continuou Trilho.
O gerente conta que quando entrou na Votorantim, há alguns anos, não era costume do grupo fazer seguro. “Grandes empresas não tinham seguros patrimoniais e de responsabilidade civil. Sinistros ocorridos no mundo ajudaram a convencer a fazer análise de risco”, relembra, mostrando o quanto evoluiu a contratação de seguros e a gestão de riscos do grupo. A primeira negociação global ocorreu em 2009.
Na área de metais, ele afirmou que antes de aprovar o projeto, o desenho da planta é discutido com a seguradora. “Se há necessidade de mudança para reduzir risco, nós mudamos”, garantiu.
Este é, inclusive, um dos pontos que permite à Zurich aceitar o risco de mineração. A equipe de engenharia de risco, que discute o projeto com o cliente, é formada por engenheiros especialistas em mineração que acompanham o projeto e avaliam o risco. “Fazemos uma análise e, se estiver acima do mínino aceitável, não fazemos o seguro. Se o cliente tem interesse em melhorar e fechar o seguro, fazemos recomendações para diminuir os riscos e melhorar a segurança das instalações. A partir da recondução das melhorias podemos emitir a apólice”, conta o executivo da Zurich. O que pode atrapalhar é o custo das melhorias, uma vez que pode exigir investimentos que não estavam no orçamento da mineradora.
O valor de cobertura depende de cada empresa e do que está em risco, se são equipamentos, instalações, edifícios de apoio etc. “Tem várias plantas com processamento perto da lavra. Outras, simplesmente extraem e transportam para outros locais”, aponta Bromatti. Para Cury, do BB Mapfre, dificilmente uma empresa de porte médio terá cobertura inferior a 100 milhões de dólares. De qualquer forma, o executivo afirma que as mineradoras que conseguem colocar seus riscos em programas de seguros são aquelas que realizam a gestão de riscos. “Tem que conhecer o risco e as consequências. Seguro não é transferência de riscos, mas sim das consequências de riscos”, define.
De qualquer forma, é necessário que a mineradora informe o valor correto do que será segurado, mesmo que apenas uma parte seja segurada, indica Goldenberg, da MDS. Segundo ele, se o projeto está avaliado em um valor e é declarado um valor menor, a diferença entre o que vale e o que for passado para a companhia é assumida pela empresa em caso de prejuízo. “Qualquer prejuízo que tiver e for verificado que valia, por exemplo, R$ 100 milhões mas foi passado o valor de R$ 70 milhões, a empresa assumiu R$ 30 milhões. Nesse caso, a seguradora assume 70% do prejuízo e os outros 30% são por conta da empresa”.
Atualmente, verifica-se que a maior parte das mineradoras saíram da cobertura de danos materiais e passaram a contratar também cobertura para danos cessantes. “A atividade mineradora está muito em alta, o que produzem já é consumido. Elas preferem fazer o seguro porque é mais barato arrumar alternativas para repor esse valor perdido do que esperar que o problema seja consertado”, fundamenta Cury, do BB Mapfre. No caso do sinistro da Vale, por exemplo, grande parte foi relativo a lucros cessantes.
especial CO – MG | regulação
Atuação 24 horas por dia
Presente em 16 estados do Brasil, a Revisar se diferencia pelo rápido atendimento, graças à sua ampla presença nos principais pontos das regiões
De origem mineira, a Revisar é uma das reguladoras com maior cobertura geográfica no território brasileiro. A empresa, que completa 17 anos em agosto, está presente nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Amapá, Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Possuindo o maior número de pontos de apoio em Minas Gerais, o estado é estratégico para a empresa, sendo responsável por 35% de toda a sua produção. Além de ser especializada em regulação de sinistros de veículos e patrimoniais, a Revisar também presta serviços de avaliação de salvados, constatação de danos, regulação de sinistros por imagem, reinspeções, ressarcimento, sinistros DPVAT e vistorias.
Com média de 700 vistorias por dia, a Revisar se diferencia pelo rápido atendimento prestado. Segundo José Carlos de Freitas Botti, diretor da empresa, a Revisar consegue atender a maioria dos clientes em 24 horas, isso devido à sua ampla distribuição em território nacional. “Atualmente, 85% dos casos são executados em 24 horas”, pontua Botti.
Um dos fatores que contribuem para a agilidade é a estrutura tecnológica de seus representantes. Os profissionais possuem notebook, câmera digital, sistema de orçamentação eletrônico (Audatex e Orion) e sistema de transmissão móvel. “Todo o apoio interno e estrutura tecnológica da empresa geram significativa redução de custos no sinistro médio de nossos clientes e representam um forte agente fiscalizador às atividades das oficinas”, destaca.
Outra novidade lançada pela empresa foi a prestação de serviços de análise de sinistros por imagem (enviados diretamente por oficinas credenciadas das seguradoras), o que diminui custos administrativos nas seguradoras e reduz consideravelmente o prazo de atendimento dos sinistros, devido à redução de tempo de deslocamento.
Acompanhando a evolução constante do mercado segurador, a Revisar contratou novos profissionais e capacitou seus colaboradores para atuarem em novos segmentos. “Além da forte presença nos ramos automotivo, patrimonial e transportes, nós nos tornamos referência na regulação de microsseguros, onde a expectativa e a exigência dos clientes são ainda maiores, em um segmento onde há pouca informação sobre seguro”, afirma Botti. Neste âmbito, a Revisar proporciona às seguradoras know-how com ferramentas e sistemas próprios que auxiliam as regulações, o combate à fraudes e reduz os custos do processo. “A Revisar também capacitou seus colaboradores externos e internos para o atendimento domiciliar em vistorias de automóvel. Esse novo conceito permitirá às seguradoras maior aproximação dos segurados e terceiros, suprindo suas expectativas e fidelizando-os”, finaliza o diretor.
evento | internacional
Na onda da Rio+20, brasileiros aderem aos Princípios de Sustentabilidade
O 48º Seminário da International Insurance Society, no Rio de Janeiro, reuniu 300 representantes de seguradoras de todas as partes do mundo. A lição marcante foi que o mercado está em transformação e que é preciso renovar para continuar mantendo a mesma participação na economia global
O mercado brasileiro acaba de aderir oficialmente aos PSI – Princípios de Sustentabilidade em Seguros, documento elaborado pela Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para a Sustentabilidade.
De acordo com o representante da ONU, Achim Steiner, mais de 30 empresas assinam o documento. Ele ratifica que ao longo dos últimos seis anos, a UNEP FI vem explorando a possibilidade de que sejam estabelecidos princípios para a sustentabilidade do mercado de seguros global, que pode catalisar e intensificar uma mudança de comportamento. “Nós precisamos construir uma economia verde, comunidades resistentes, apresentar uma gama mais ampla de resultados sociais e conservar melhor nossas florestas, rios e demais ecossistemas vitais”, complementou.
Os investimentos necessários para se colocar em prática os Princípios ainda não foram medidos. Entretanto, Jean Christophe Menioux, executivo da Axa, França, informou que a IIS já investiu US$ 1 milhão em pesquisas. “Existe uma gama enorme de possibilidades de investimentos e as seguradoras devem ter consciência de que vários departamentos serão envolvidos na implantação de estratégias sustentáveis”.
O mercado brasileiro pode começar a colocar em prática os PSI imediatamente. Algumas empresas já contam com práticas sustentáveis. De acordo com o presidente da Itaú Vida e Previdência, Osvaldo Nascimento, três pontos são fundamentais: educação, comunicação e produtos adequados. “Temos um sistema de distribuição que inclui 500 mil agências bancárias e 60 mil corretores de seguros. É uma grande possibilidade de começar a transmitir para a sociedade as informações que ela necessita”.
O presidente do Conselho da
SulAmérica, Patrick Larragoiti, disse que o mercado põe em prática princípios sustentáveis à medida que realiza o gerenciamento de riscos. “O mercado está cada vez mais atento às demandas sociais e deve divulgar mais suas estratégias para os steakholders”. Ele lembrou que a adesão aos PSI também será incentivada pelos órgãos regulatórios, o que aumentara a força e a penetração dos PSI.
“Os princípios sustentáveis na área de seguros serão absorvidos pela sociedade de forma natural e gradual”, acredita Eugênio Velasques, diretor executivo da Bradesco. Ele citou como exemplo a adesão ao Código de Defesa do Consumidor: no começo, as pessoas tinham que ser lembradas de seus direitos. Hoje isso acontece de forma natural. Para ele, aos poucos a população começará a entender e a escolher empresas que tenham atitudes sustentáveis.
Além do PSI, a Mongeral também aderiu a outros projetos, como o Carbon Disclousure Project (CDP) e a Declaração de Capital Natural. “Acreditamos que a iniciativa é importante como diretriz para a disseminação da Sustentabilidade e sua aplicação no mercado segurador, além de ser um marco na maturidade do mercado em relação ao tema”, comentou Helder Molina, presidente da Mongeral.
gestão/coworking
Espaço colaborativo é opção para corretores
Quem não se deu bem com o estilo de trabalho home office ganhou uma nova alternativa, que promete reduzir custos e promover a interação com outros profissionais
Jamille Niero
O conceito básico do coworking é propiciar para o micro e pequeno empresário a condição de ter um espaço de trabalho adequado às suas necessidades, sem que ele tenha que se preocupar com a infraestrutura do local ou em misturar o trabalho com sua vida pessoal (como pode acontecer com quem opta pelo home office). É um espaço com várias baias e salas, no qual profissionais, de diversas áreas, alugam ambientes pelo tempo que precisar. Geralmente, os locais de coworking se responsabilizam em oferecer a estrutura – como telefone, limpeza, internet, café e recepção – por um custo adequado a cada necessidade.
Os planos básicos custam, em média, a partir de R$ 100,00 e dão o direito a usar o local por uma quantidade determinada de horas por mês e inclui o uso do telefone e mesa em estação compartilhada (onde outras pessoas podem usar em horários diferentes). Para ter uma estação própria, com uso privativo, o valor pode subir para R$ 800,00 (em média).
A ideia do coworking (ou escritório colaborativo) apareceu nos Estados Unidos, em 2005, a partir da necessidade de um analista de sistemas que buscava um espaço para trabalhar, mas não queria o home office. A ideia desembarcou no Brasil há cerca de quatro anos e vêm se expandindo. Há dois anos eram menos de 10 espaços colaborativos e hoje já somam mais de 50 unidades. O avanço é explicado pelo aumento dos valores dos imóveis comerciais no País, dificultando ao profissional independente ou recém-formado bancar um local só seu.
Um dos primeiros locais desse modelo de negócio foi criado pela publicitária Fernanda Nudelman Trugilho, fundadora do Pto de Contato, espaço de coworking situado na capital paulista. “Eu achava que seria maravilhoso trabalhar em casa. Depois de um tempo o sonho virou pesadelo, porque tinha muitas interferências e é difícil coordenar o trabalho com a vida pessoal e ainda ter disciplina”, relata. Além da dificuldade de separar o lado profissional do pessoal, Fernanda sentiu que o coworking poderia acabar com outro problema: a solidão de trabalhar sozinha, já que uma das principais características do modelo de negócio é a interação entre os usuários do espaço, que podem colaborar com ideias, formarem parceiras e até indicar clientes. “Como são vários empreendedores e várias empresas em um mesmo espaço, o network é alto. O gasto com escritório acaba se transformando em um lugar de captar clientes e indicações. Aqui até fazemos coquetéis para integrar o pessoal”, comenta Luis Fernando Bottura, fundador do Club Work.
Ele destaca outra vantagem do coworking, que é a credibilidade do coworker (empreendedor que trabalha no local) no atendimento aos clientes. Ele acaba trabalhando em um lugar com “cara” de escritório, com prédio em boa localização e atendimento telefônico personalizado. “Não é como no home office no qual o telefone toca e os filhos atendem. No caso do corretor de seguros, a credibilidade é tudo e esse serviço propicia a credibilidade”, opina.
Bottura conta que nas unidades do Club Work há vários corretores. “Temos corretores especializados em itens de luxo e alguns especializados em saúde”. Segundo ele, é o tipo de profissional que costuma procurar o coworking.
Boa parte dos espaços estão no Sudeste, mas com a expansão econômica e outras regiões entrando em destaque, o Brasil demonstra que tem grande potencial para o modelo de negócio. “Estamos com um modelo de franquia que deve ser lançado em breve. Queremos levar o conceito para outras cidades”, enfatiza Fernanda.
especial CO – MG | corretora
Expansão de negócios para novas regiões
PrevQuali anuncia conquistas e planos para criar representações em vários estados brasileiros
O grupo PrevQuali acaba de anunciar a sua expansão para todos os estados brasileiros por meio de parcerias com corretores locais de seguros que passarão a ser representantes da Empresa. A estratégia da Instituição consistirá em firmar vínculos com corretores habilitados que queiram ampliar seus negócios e fazer parte de uma grande malha de distribuição de produtos de saúde e odontológicos.
De acordo com Charles Lindberg, gerente comercial da PrevQuali, esta expansão acontece por conta do crescimento expressivo que a empresa obteve no primeiro semestre. “Conquistamos novos clientes, tais como: COREN (Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal), Câmara dos Deputados, SINAIT (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho), Metrô-DF (Sindmetrô), Detran-DF (Assetran) e a Associação Nacional dos Servidores da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT ”.
Estas novas contas, agregadas a outras categorias de profissionais, levaram a empresa a cumprir 80% de sua meta de crescimento de todo o ano de 2012 ainda no primeiro semestre. “Atingimos a marca de 80 milhões em prêmios emitidos e agora queremos chegar a 140 milhões até dezembro, o que representa um crescimento de 100%, considerando que em 2011 o Grupo PrevQuali atingiu o número de 70 milhões em seu fechamento anual.”
O atendimento aos novos e antigos clientes é realizado pelas operadoras e seguradoras parceiras da Prevquali: Amil/Medial, Intermédica, Unimed Centro-Oeste/Tocantins, Unimed Belo Horizonte; e da Abnara Corretora: Bradesco, Sul América, Allianz, Seguros Unimed, entre outras.
“O mais importante, destaca
Lindberg, é que customizamos nossos produtos de acordo com cada categoria profissional ou empresa e em todos os nossos contratos priorizamos a correta mensuração do risco do nosso cliente, analisando e respeitando suas características principais, tais como: risco da atividade, distribuição geográfica, distribuição por faixa etária e sexo e tudo o que for importante para assegurar a viabilidade econômica e financeira do contrato.”
“Nosso foco é criar ferramentas para atender os clientes de forma personalizada”, ratifica Lindberg. Hoje, o grupo utiliza a mais alta tecnologia e a grande experiência de toda a sua equipe para desenvolver a gestão integrada de seus produtos e serviços, exemplos disso são os websites criados especialmente para algumas entidades parceiras: www.saudenacasa.com.br, www.saudeservidor.com.br e muitos outros que podem ser consultados no site da Instituição – www.prevquali.com.br.
Apesar da Empresa já possuir atendimento nacional, a nova fase de expansão prevista no Planejamento Estratégico permitirá uma maior proximidade nas relações com os consumidores. Para isso, Lindberg explica que serão arregimentados novos corretores parceiros por todo o Brasil que, por conhecerem as particularidades das diferentes regiões do país, se tornarão braços eficientes da PrevQuali em suas localidades de atuação por intermédio do PEN – Programa de Expansão Nacional da PrevQuali. Os interessados podem procurar a Empresa pelo e-mail expansão@prevquali.com.br para obter mais informações.
Com tantos frutos colhidos e muitos ainda por colher, é coerente afirmar que a PrevQuali já ocupa um lugar de destaque no mercado e, sem dúvida, as perspectivas para o futuro são as melhores possíveis.
Economia digital
A nova geração de clientes
Thaís Ruco*
Muito se fala aos corretores de seguros, num mercado de concorrência acirrada, sobre formas de fidelizar o cliente. Manter o que já foi conquistado é muito importante para o sucesso do negócio e, para isso, é preciso acompanhar a evolução dos processos. Além disso, existe o desafio de vender a ideia dos produtos e serviços para quem ainda não a comprou.
A continuidade do negócio no futuro passa por fidelizar “o filho do cliente”. Boa parte deste novo público pertence à Geração Y – nascidos entre 1978 e 1990. Com idade entre 20 e 30 anos basicamente, cresceram em uma época de enormes avanços tecnológicos, acompanham tudo o que acontece na internet e 96% deles estão nas redes sociais. Este é o grande público do mercado de seguros no futuro que, em 2020, representará 30% da população acima de 30 anos.
A internet já faz parte da vida dos brasileiros há quase duas décadas. O varejo saiu na frente na adesão aos canais virtuais, onde só agora o setor de seguros está embarcando. Pesquisa realizada pela IBM indica que, em cinco anos, a maioria dos consumidores irá optar por contratar seguros pela internet. Diversos sites lançados recentemente no Brasil impulsionam a atividade de seguros online, bastante desenvolvida nos mercados norte-americano e europeu. Comparado com a Inglaterra, onde 50% das apólices são vendidas online, o Brasil ainda engatinha nessa área.
Os modelos tentam acertar o melhor caminho. Há um ano, a empresa Segurar.com, criada por especialistas em tecnologia, anunciou que inaugurava no Brasil o mercado de venda de seguros online, com investimento de US$ 10 milhões. O serviço estacionou e, desde o lançamento, oferece apenas seguro de viagem.
Hoje estão em destaque na atuação online corretoras de seguros, com registro na Susep, como Economize no Seguro (vendida recentemente para Brasil Insurance), Minuto Seguro, Smartia e Sossego. Investem em campanhas que anunciam serviço de comparação e compra de seguros online, com as melhores seguradoras brasileiras. Nesses sites, o usuário pode obter cotações de diferentes seguradoras preenchendo uma vez o formulário e, em alguns casos, a melhor opção já é apresentada em tempo real. O principal ramo explorado é o de automóvel, e em alguns casos é possível contratar seguros de vida, saúde, previdência, viagem e residência.
A chilena ComparaOnline.com está montando sua base no Brasil. Trata-se do primeiro comparador online gratuito da América Latina, um projeto concebido por jovens da área de tecnologia, que permite aos usuários analisar preços e características de vários produtos, incluindo seguros (automóvel e assistência de viagens). Não é uma corretora, pois encaminha o cliente para a seguradora (que deve indicar seus parceiros) da melhor opção comparada. De acordo com a empresa, faz 17 mil cotações mensais no Chile, número superior a qualquer corretor do país.
A grande dificuldade em vender seguro de automóvel sem a participação de um corretor, seja presencial ou online, é o trabalho de consultoria para as necessidades particulares de cada cliente. Outra preocupação é que o cliente tenha auxílio para receber a indenização. O corretor é tão importante nesses trâmites que a legislação brasileira impede que as apólices sejam vendidas diretamente pelas seguradoras. A venda na internet não deve ser uma opção ao corretor, mas uma evolução na forma deste profissional atuar.
Em todos esses projetos, sejam desenvolvidos por profissionais de tecnologia ou por corretores de seguros habilitados, por mais que as empresas se intitulem corretoras online, a negociação ainda não é de fato através da internet. Cada empresa tem uma ação após o contato web, como ligação telefônica e envio de propostas por correio.
O ciclo de negociação online somente estará completo com a disseminação do uso da assinatura digital, com certificados digitais que, por lei, equivalem à assinatura de próprio punho. Este é objetivo dos corretores de seguros que atuam como Autoridades de Registro de certificados digitais que, além de terem descoberto um novo e rentável produto para suas carteiras, desbravam o comércio eletrônico de seguros, no qual irão atuar de forma completamente online.
*Jornalista especialista em seguros e economia digital
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