A redução do IPI facilitou a compra do carro novo, que ficou entre 12% e 13% mais barato. Por outro lado, o acréscimo no volume de vendas de veículos resultou num elevado aumento os preços das apólices dos seguros, anunciado há pouco, também em 12%. É certo que o cálculo do valor cobrado pelas seguradoras leva em conta fatores como perfil do condutor e também o índice de furto de determinado modelo. Mas também é orçado em cima do ano de fabricação e o valor das peças de reposição em colisões com necessidade de reparo, casos mais frequentes quando do acionamento do seguro.
Estima-se que o Brasil tenha em média 27 milhões de veículos em circulação e que apenas 30% dessa frota seja segurada. Enquanto 95% dos carros até um ano são segurados, menos de 15% da frota de veículos em circulação a partir dos 11 anos está protegida.
Esses veículos mais antigos quase nunca são segurados, já que o valor da apólice é relativamente alto. ?O preço do seguro para automóveis novos raramente passa dos 5% do seu valor de mercado, enquanto que, para os mais velhos, esse valor pode passar dos 30%?, afirma Roberto Monteiro, superintendente da ANFAPE ? Associação Nacional dos Fabricantes de Autopeças, ?Se levarmos em conta a quantia paga por esses proprietários de veículos mais antigos, podemos afirmar que ele terá pago com o valor do seguro, outro automóvel igual em apenas 3 anos!?
Dentre os fatores que contribuem para o alto valor das apólices estão o custo das peças de reposição, que poderia ser reavaliado. ?Se, ao invés de apenas utilizar componentes originais no reparo de automóveis sinistrados, as seguradoras recorressem ao mercado independente de autopeças, os seguros poderiam ficar em média 30% mais baratos?, explica Monteiro.
Cada peça no seu lugar
A diferença entre peças originais e similares (ou ?genéricas?) está apenas no nome de quem as fabrica. As montadoras não produzem todas as peças utilizadas na fabricação de um veículo. Muito pelo contrário, elas compram a maioria dessas de fabricantes pré-selecionados, que também fornecem para rede de varejo independente, só que com suas próprias marcas. Essas peças chegam ao mercado com o título de originais.
As similares ou ?genéricas? são aquelas produzidas por empresas idôneas, chamadas de independentes porque não fornecem às montadoras. Seus produtos possuem qualidade e dão toda a garantia, em conformidade com a legislação. Muitas possuem certificados ISO e produtos homologados na Europa e nos EUA. São também reconhecidas pelo mercado de reposição de autopeças e possuem a devida identificação de procedência, ou seja, a própria marca estampada em seus produtos.
Além de beneficiar os atuais segurados, a utilização de peças de reparação fabricadas por independentes permitiria que os proprietários de veículos com mais de dez anos, por exemplo, pensassem na possibilidade de também proteger seu patrimônio. ?As peças similares muitas vezes contam com preços quatro vezes menores?, explica Monteiro. ?Se as companhias de seguros optassem pela utilização dessas peças, poderiam repassar uma parte dessa economia para os consumidores?, ressalta.
Entidades do setor de seguros e autopeças, em conjunto com o governo, já debatem a criação de uma nova modalidade de seguro, o chamado seguro popular, que prevê, dentre outras alternativas, a utilização de peças similares para o reparo de veículos segurados. Essa iniciativa talvez seja a solução para a redução do preço das apólices e, consequentemente, para que os seguros automotivos sejam acessíveis para uma parcela cada vez maior de proprietários de veículos.
Nos Estados Unidos e também na Europa isso já é realidade. As seguradoras utilizam peças alternativas no reparo de carros sinistrados. Tal conduta favoreceu o consumidor final, pois permitiu a redução nos custos de reparação sem afetar o valor do veículo.