Ultima atualização 09 de janeiro

powered By

Susep: Avanços não podem ser jogados pela janela

Governo tem autonomia para nomear novos servidores para a entidade, mas é bom avaliar as consequências
susep
Susep promove audiência pública

Uma das medidas tomadas logo no primeiro dia do novo governo federal foi a exoneração de toda a diretoria da Susep (Superintendência de Seguros Privados). Ato, no mínimo, mal avaliado, já que a autarquia ficou acéfala, sem ninguém à sua frente, o que obrigou o governo a editar nova diretiva, conduzindo um dos diretores exonerados para o cargo de Superintendente Interino. Acidentes de percurso acontecem, mas, principalmente na esfera pública, têm consequências e elas podem ser extremamente danosas, não só para a imagem do governo, mas, dependendo da sua natureza, para toda a sociedade.

Não se discute que o governo federal tem autonomia para nomear e exonerar servidores, nem que o novo governo teria os mais variados motivos para exonerar os servidores indicados pelo governo anterior. É seu direito e ponto. Mas é sempre bom avaliar um pouco as ações e suas consequências.

Antônio Penteado Mendonça

É verdade, no início, o governo Bolsonaro nomeou para superintendente da Susep uma senhora sem a menor qualificação técnica para o cargo e sem familiaridade com o funcionamento do setor de seguros. Arrogante e prepotente, sua atuação teve como resultado uma série de equívocos que não só criaram zonas de confronto com corretores de seguros e seguradoras, como inclusive inovaram, em matéria inédita no mundo, introduzindo atabalhoadamente o conceito de “Open Insurance”, como uma solução mágica, a hipotética jabuticaba que deu certo, mas que, na prática, chegou com vários pontos mal explicados.

No ano passado, o governo percebeu que, para o bem do setor, era necessário substituir a superintendente e o escolhido foi um nome de mercado, com longa história como profissional e um dos principais líderes dos corretores de seguros. Como não poderia deixar de ser, seu nome foi aceito com entusiasmo e sua rápida intervenção mostrou o acerto da escolha.

Alexandre Camillo trouxe com ele uma diretoria engajada e disposta a corrigir o rumo. Com muita habilidade e competência, a Susep foi mostrando que tem quadros da melhor qualidade e muito do que havia sido malfeito foi corrigido, com resultados positivos para o setor.

Sua ação à frente do órgão trouxe profissionalismo, diálogo e confiança entre os envolvidos. Os resultados alcançados foram expressivos e é aí que o novo governo precisa ter a humildade para não chutar o balde e colocar a perder um trabalho relevante que caminhava na direção certa. O setor de seguros fatura quase meio trilhão de reais por ano e tem reservas de mais de um trilhão e seiscentos bilhões de reais, o que o faz o maior detentor de títulos da dívida pública federal.

Voltando ao começo, ninguém nega o direito do governo de nomear os servidores dos diferentes órgãos da administração pública, nem é ingênuo para pensar que a exoneração foi uma decisão tomada no primeiro dia depois da posse. O que precisa ser levado em conta é que a gestão de Alexandre Camillo é responsável por avanços importantes, que não podem ser simplesmente jogados pela janela.

* Por Antônio Penteado Mendonça, sócio da Penteado Mendonça Advocacia e secretário-geral da Acadêmia Paulista de Letras

** Artigo publicado pelo Estadão

Compartilhe no:

Assine nossa newsletter

Você também pode gostar

Feed Apólice

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

AdBlock Detectado!

Detectamos que você está usando extensões para bloquear anúncios. Por favor, nos apoie desabilitando esses bloqueadores de anúncios.

Powered By
100% Free SEO Tools - Tool Kits PRO