EXCLUSIVO – A inovação deixou de ser uma vantagem competitiva e passou a ser uma condição essencial para a sobrevivência das empresas. Essa é a visão de Giana Sagazio, CEO da SOSA no Brasil e ex-diretora de Inovação da CNI (Confederação Nacional da Indústria), com quem conversamos sobre a transformação da indústria nacional por meio da inovação aberta e da articulação global.
A SOSA é um empresa global de inovação, com escritórios em Nova Iorque, Frankfurt, Tel Aviv (onde foi fundada) e São Paulo, além de hub de inovação em Cingapura. Ela possui mais de 14 mil soluções de tecnologia avançada, incluindo startups ou outras soluções validadas por metodologia própria. “Essas soluções são conectadas às demandas de empresas do mundo inteiro”, explica Matan Ben-Gigi, head de Inovação da SOSA. A empresa atua como uma ponte entre as demandas e as tecnologias avançadas disponíveis internacionalmente, contando com um corpo técnico que realiza o scouting global.
Ao assumir a liderança da SOSA no Brasil, Giana manteve esse espírito de conexão internacional. Segundo ela, o papel da organização é ser um elo entre o setor produtivo brasileiro e as melhores práticas, tecnologias e soluções globais. “Precisamos superar a lógica da autossuficiência e buscar conhecimento onde ele está sendo gerado, em qualquer parte do mundo”, explicou.
A executiva também destaca a importância de fomentar uma mentalidade inovadora no Brasil, com políticas públicas consistentes e incentivo à formação de talentos. Para Giana, a cultura de inovação ainda é incipiente em muitos setores da economia nacional, o que reforça a urgência de articulação entre empresas, governo, startups e instituições de pesquisa.
INOVAÇÃO EM SEGUROS
Além da Matan Ben-Gigi, também está no Brasil para visitas a empresas nacionais o Senior Associate Jason Zilberkweit, que é especializado no setor de seguros. Eles participam de um roadshow para identificar as demandas do mercado nacional.
“O principal gargalo para a inovação no Brasil é a dificuldade das empresas em acessar e adotar tecnologias avançadas já existentes no mundo, mesmo com a disponibilidade de recursos significativos”, analisa Zilberkweit.
Giana defende que a governança da inovação deve estar no centro da estratégia das empresas. “Não basta ter um laboratório de inovação se a liderança não estiver comprometida com esse processo”, pontua. “A inovação precisa estar presente no Conselho, nos planos de expansão e até na gestão de riscos, inclusive os seguráveis.”
Nesse ponto, ela abre espaço para uma reflexão importante para o setor de seguros: como a inovação pode contribuir para novas formas de proteção e mitigação de riscos em um mundo cada vez mais interconectado e imprevisível. As transformações tecnológicas e a globalização exigem novas soluções e, segundo Giana, o Brasil tem potencial para ser protagonista nesse movimento, desde que saiba se posicionar estrategicamente.
Ben-Gigi adianta que há conversas em andamento para a implantação de um hub de inovação em seguros no Brasil, inspirado em experiências como o centro de cibersegurança de Nova Iorque. “A SOSA vê como ideal a criação de um centro com parceiros locais interessados em desenvolver o setor de seguros, o que permitiria identificar e impulsionar startups brasileiras com potencial global”.
“A adoção de IA em seguros ainda é cautelosa devido às preocupações regulatórias e riscos de alucinação dos modelos, mas já há exemplos de uso em consultoria e atendimento ao cliente. O setor observa a necessidade de padrões regulatórios claros para acelerar a adoção e há preocupação com possíveis erros que possam gerar grandes responsabilidades”, pontua Zilberkweit.
Como desafios, Ben-Gigi vê as questões de explicabilidade e segurança da IA, especialmente em setores regulados, com busca por soluções para evitar problemas, garantir conformidade e lidar com alucinações dos modelos. “Ainda não há respostas definitivas para a escalabilidade e segurança da IA, mas o tema está no centro das atenções das empresas”, finaliza.
Kelly Lubiato, de São Paulo