Ultima atualização 27 de maio

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CONSEGURO 2025: resiliência climática e o papel do setor em pauta

Painel da Conseguro foi dedicado às discussões sobre tecnologia, IA e atenção à transição climática e como elas moldam o futuro do setor

EXCLUSIVO – A segunda parte da manhã na Conseguro 2025 foi marcada por debates sobre o impacto da tecnologia, da inteligência artificial e das mudanças climáticas na transformação do setor de seguros. Mais do que apresentar avanços, os participantes foram unânimes em destacar a importância do fator humano, da comunicação empática e da colaboração com o poder público para a construção de uma sociedade mais resiliente e protegida.

Abrindo as discussões do painel, o presidente do conselho diretor da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) e mediador, Roberto Santos, provocou os participantes com uma reflexão central: “Até que ponto a utilização intensa da tecnologia modifica o comportamento humano e influencia a evolução do mercado de seguros?”

Na avaliação de Nilton Molina, presidente do Conselho de Administração da MAG Seguros e do Instituto de Longevidade MAG, a revolução digital é transformadora, mas não substitui os aspectos essenciais da natureza humana. “O uso intenso das plataformas digitais não transforma o caráter comportamental das pessoas. Essa disrupção não alcança o amor, a empatia, o afeto. E é isso que sustenta a longevidade da sociedade”, afirmou.

Molina defendeu ainda que a inteligência artificial pode ser uma aliada para tornar o seguro mais compreensível e acessível. “A relação entre corretor e cliente ainda é muito densa e difícil de entender. A IA pode facilitar essa comunicação e ampliar o entendimento do consumidor sobre seguros.”

Na mesma linha, Luiz Carlos Trabuco, Presidente do Conselho de Administração do Bradesco, reforçou que a tecnologia deve ser vista como uma ferramenta, e não como um fim. “O mercado de seguros é um exemplo claro da repartição humana. É o pensamento humano que comanda a evolução e apenas ele pode pilotar esse processo. A tecnologia ajuda, mas não substitui a consciência coletiva envolvida no seguro.”

No segundo momento da Conseguro, comandado pelo presidente da Fenaprevi, Edson Franco, o tema da transição climática abriu espaço para discutir como o setor está tentando se aliar ao poder público para auxiliar nessa preparação. A diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade, Ana Toni, ressaltou o protagonismo que o setor de seguros pode assumir diante do agravamento das crises ambientais. “Sabemos, com base em dados, que o cenário vai piorar. O setor pode, sim, se antecipar e trabalhar junto ao poder público no desenvolvimento de produtos, análises e ações que ajudem as cidades a se preparar e se fortalecer contra eventos extremos. Investir em resiliência climática é, inclusive, mais barato do que arcar com os prejuízos.” A representante do Ministério da Fazenda, Cristina Reis, destacou os esforços do governo em investir em pautas ecológicas como prioridade, defendendo o engajamento do setor segurador como agente ativo dessa mudança.

O CEO da Sancor Seguros, Edward Lange, fez um alerta sobre os desafios da conscientização securitária no Brasil. Para ele, apesar de a educação ser um direito garantido, o valor dado à proteção ainda é baixo, frente ao crescimento de hábitos nocivos, como as apostas online — as famosas bets. “Na minha visão, deveria haver uma obrigatoriedade de cobertura para catástrofes. Só assim vamos conseguir proteger as pessoas que ainda não se educaram para o seguro”, afirmou.

Também presente no painel da Conseguro, Pedro Farme, CEO da Guy Carpenter no Brasil, alertou para a vulnerabilidade do país diante das crises climáticas e da baixa penetração do seguro, ressaltando a falta de cultura securitária e o desconhecimento sobre os impactos financeiros desses eventos. “Precisamos de planos de conscientização de riscos. Essa é uma transição que vai impactar a todos por muitos anos”, afirmou. Por fim, o deputado federal Fernando Monteiro (PR) complementou, destacando que a convivência com a crise climática será permanente, mas que a preparação pode fazer a diferença.

Nicholas Godoy

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