Ultima atualização 30 de julho

Gestão de saúde populacional: de ideia a realidade

Por Marilia Ehl Barbosa*

A discussão nacional sobre a prática do conceito de Gestão de Saúde Populacional nas empresas ganhou um impulso com a criação da pioneira Aliança para a Saúde Populacional (Asap), em setembro de 2012. Foi a primeira iniciativa oficial no país a envolver players estratégicos e que começa a despertar a atenção entre o mercado corporativo, como mostram os contínuos e produtivos encontros que já realizamos com especialistas e gestores da área.  

Os eventos mensais realizados pela entidade representam um claro indicador da mudança dos horizontes corporativos no que diz respeito à saúde dos funcionários, com a crescente percepção da necessidade de retenção e valorização do capital humano. Se o padrão nacional de gastos com planos de saúde é liderado pelos planos empresariais coletivos, em que a preocupação é basicamente a descentralização de responsabilidades – ou seja, o empregado que cuide de sua saúde fora da empresa e apenas quando aparecem doenças crônicas em estágio avançado –, um grupo crescente de companhias está na vanguarda, batalhando pelo modelo mais humano e mais produtivo da GSP.

O cenário faz do GSP uma necessidade premente. O setor de saúde suplementar cresceu fortemente na última década, na carona da expansão da nossa economia e da ampliação do número de trabalhadores com emprego formal. E quem arca com esse custo, em grande parte, são as empresas. O envelhecimento populacional caminhou na mesma proporção e, somado à maior competitividade no mercado de trabalho, fez explodir os índices de absenteísmo e doenças crônicas. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que quase um terço da população brasileira sofre de pelo menos uma doença crônica, que já responde por 70% dos gastos com saúde no país. Realidade que o mercado corporativo, sozinho, se mostra incapaz de atenuar.

A Gestão de Saúde Populacional desponta como resposta para esse contexto, com base em um conceito simples e intuitivo. A proposta é trocar os cuidados reativos pelos preventivos; alterar o padrão de visitas aos consultórios apenas na situação extrema por um acompanhamento sazonal, rotineiro; e, por fim, mudar os comportamentos dos colaboradores com vistas a estilos de vida mais saudáveis. Essa vanguarda empresarial, em suma, impelida pela intenção de acelerar a mudança de cultura na iniciativa privada, uniu esforços e resultou no nascimento da Asap.

A ideia para a entidade partiu da ONG norte-americana Care Continuum Alliance (CCA), que publica estudos, realiza seminários e palestras sobre Saúde Populacional, além de reunir em seus quadros uma grande quantidade de empresários e executivos de grande porte ou com know-how nesse mercado, influenciando até mesmo as políticas públicas do país. Queremos, com a Asap, manter laços com a CCA, por meio de um forte intercâmbio de dados e conhecimentos.

Essa realidade torna-se mais cristalina ao vermos que as melhores práticas em GSP estão sendo, de fato, aplicadas nas empresas que fazem parte da entidade, e que cases de sucesso não faltam. Nos Estados Unidos, onde esse conceito está consolidado, foi revelado que cada dólar investido em atividade física, melhor nutrição e ações de desestímulo ao fumo pode resultar em economia de cinco dólares em até cinco anos. No Brasil, o futuro não deve ser diferente. Além da substancial redução de custos obtida com a diminuição das internações e consultas a pronto-socorros, funcionários mais saudáveis resultam em maior produtividade e motivação. Corações e mentes, dia após dia, estão sendo encantados pela melhoria de resultados na saúde dos funcionários e por meio da melhor gestão dos recursos financeiros.  

 

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