Os presidentes dos CVGs de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro se reuniram, em São Paulo, no último dia 24 de maio, para discutir a criação de uma entidade nacional.
“O Brasil viverá nos próximos cinco a dez anos um crescimento muito grande em todos os seguros. Como os seguros de pessoas têm pouca penetração, atualmente, espera-se que este seja o ramo de maior decrescimento no período”, afirma o presidente do Clube de Seguros de Pessoas de Minas Gerais (CSP-MG), Hélio Loreno, o mais entusiasmado com a proposta de uma entidade representativa. “Nosso propósito é que o mercado cresça e distribua os benefícios para todos os envolvidos”, justifica.
O presidente do CVG-SP, Osmar Bertacini, anfitrião da segunda reunião – a primeira foi realizada no Rio de Janeiro – concorda com o dirigente mineiro. “Em termos de faturamento, o ramo de pessoas já é o maior do mercado. Por isso, o momento é este. A economia está crescendo, a distribuição de renda aumentando e vem aí o microsseguro, que, não tenho dúvida, deverá enveredar para o seguro de pessoas”, diz.
Segundo os dirigentes, aumentar a representatividade dos CVGs seria o principal objetivo da nova entidade. “Os CVGs têm muita força, mas estão divididos, porque cada um faz o seu trabalho de forma individual. Uma entidade nacional poderia somar iniciativas e agregar valor aos órgãos do mercado, como CNseg, FenaPrevi, Susep e outros”, diz o presidente do CVG-RJ, Danilo Sobreira.
Para o presidente do CVG-PR, Paulo Castro, um CVG nacional poderia ajudar a disseminar a cultura do seguro de pessoas. “Precisamos criar cultura, treinar as pessoas e mostrar aos segmentos, tanto de seguradores, quanto de corretores, a importância do seguro de pessoas no contexto geral. Além disso, queremos contribuir nas discussões de legislações envolvendo o seguro de pessoas. Porque algumas decisões tomadas sem a nossa participação, às vezes não eram aquelas que entendíamos como melhor solução”, afirma.
Hélio Loreno enxerga múltiplas funções para a nova entidade. “Não podemos ficar à margem das discussões que antecedem o grande crescimento esperado para o setor, como os novos produtos, a remuneração de corretores, o microsseguro, novas regras etc. Um mercado bem ordenado fará com que todos se satisfaçam e se realizem”, diz.
A fundação de uma entidade nacional é um desejo antigo dos CVGs. Segundo Danilo Sobreira, desde a década de 80, os dirigentes do CVG-RJ da época já discutiam essa possibilidade. “Estamos resgatando essa ideia e aproveitando o momento atual e o entusiasmo dos presidentes atuais para construir algo novo no mercado, que agregue valor”, diz. Entretanto, ele reconhece que a tarefa não será fácil. “Não sou pessimista, sou realista. Nenhum dos CVGs dispõe de muitos recursos para gastar. Por isso, temos de ter o pé no chão e fazer algo bem feito. Creio que vamos conseguir, senão agora, talvez na próxima gestão ou no próximo ano, porque, sem dúvida, essa entidade é necessária”, avalia.
Até que o CVG nacional se torne realidade, Paulo Castro acredita que as entidades estaduais podem estreitar ainda mais seu relacionamento. “Independentemente dessa questão, existem muitas pautas a serem discutidas. Uma delas seria a troca de ideias sobre as melhores práticas aplicadas em cada estado, que possam contribuir para o engrandecimento dos demais parceiros”, diz.
Para Osmar Bertacini, os CVGs poderiam, desde já, cuidar da ampliação de suas bases territoriais. “Em São Paulo, por exemplo, nossa ideia é expandir a atuação para o interior do estado, promovendo eventos com a participação de técnicos para discutir questões pertinentes ao ramo”, afirma. Ele recomenda, ainda, o esforço das entidades para a criação de novos CVGs estaduais.
Para Hélio Loreno, mais importante que a entidade única dos CVGs é a disposição de seus idealizadores. “O mais importante é a vontade de fazer acontecer. As pessoas é que fazem acontecer, não as entidades. Se as pessoas estiverem – como estão – imbuídas desse espírito, vejo que não haverá barreira capaz de deter essa proposta”, diz. Segundo ele, o momento é oportuno. “O mercado está pedindo por pessoas que tenham boas ideias, que contribuam com força, trabalho e ações para que o seguro evolua e distribuía as benesses para que todos os players”, acrescenta.
Márcia Alves, do CVG-SP