Ultima atualização 05 de maio

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Nasce um gigante

Quem duvidou da ousadia de Antonio Cássio dos Santos, 45 anos, presidente das empresas do grupo Mapfre no Brasil, já não duvida mais. Santos sempre dizia, mesmo quando a Mapfre não estava nem entre as dez maiores seguradoras do Brasil, que o grupo espanhol chegaria antes do que se esperava ao topo do ranking. E está quase lá.
Com a parceria fechada com o Banco do Brasil no dia 5 de maio, o grupo se torna o maior em vida, o maior em riscos patrimoniais no Brasil e na América Latina, superando o Bradesco quando somadas as operações, exceto saúde, previdência e capitalização. Em automóvel ainda é superado pela Psiupar, resultado da fusão entre Porto Seguro e Itaú Unibanco para seguros de carro e casa.
O grupo já fatura em 15 dias o que faturava por ano em 2000. A participação da subsidiária brasileira dentro do total mundial já é de 10% e neste ano será o dobro, a partir da consolidação da parceria com o Banco do Brasil, detalhada no dia 5 de maio. “Tenho certeza de que a parceria contribuirá para o desenvolvimento não só do resultado financeiro do banco como também trará perpetuidade ao BB”, acrescentou Jose Manuel Martinez, presidente mundial da Mapfre.
Trata-se da maior parceria dentro do segmento de seguridade do banco. “O resultado que apresentamos é fruto de uma reestruturação que o Banco do Brasil iniciou há três anos”, disse Ademir Bendini, presidente do BB. “Toda a nossa movimentação visa estar forte para atuar em uma indústria que irá dar sustentabilidade ao crescimento do Brasil, que caminha para ser a quinta maior potência do mundo nos próximos anos”, acrescentou.
Aliado ao crescimento natural do setor para acompanhar o bom rumo da economia, o potencial da indústria de seguros foi destacado pelo presidente do BB. “A penetração de seguros no Produto Interno Bruto (PIB) é de apenas 3,4% enquanto em outros países é o dobro disso. Estamos atentos a este potencial. Tanto que em 2009 o faturamento do setor cresceu 13% e da área de seguridade do Banco do Brasil evoluiu 33%”.
O BB criou uma seguradora de previdência com a americana Principal; uma empresa de capitalização, com a Icatu; e uma seguradora com a Mapfre, que irá atuar com vida e seguros diversos. Falta ainda definir a atuação em resseguro e encontrar um parceiro estratégico no segmento de seguro odontológico. “Estes serão os próximos passos”, comentou Paulo Rogério Cafarelli, vice-presidente do Banco do Brasil.
Foram criadas duas holdings. A holding BB Mapfre — da qual a Mapfre terá 50,01% das ações ordinárias (ON) e 25,01% do capital da companhia e o BB 49,99% das ON e 74,99% da companhia, além de 100% das ações preferenciais — atuará com distribuição no canal bancário dos produtos no segmento de pessoas, com seguros de vida, prestamista, funeral, acidentes pessoais, agrícola, imobiliário e penhor rural.
A segunda holding, Mapfre BB, terá como canal de distribuição o canal corretor e concentrará os seguros de automóvel, residencial, empresarial, aeronáutico, proteção financeira, garantia e crédito, riscos industriais, garantia estendida, transporte e canal affinity. Nesta holding o BB terá 49% das ações ordinárias e 50% do capital total. Nas preferenciais, o BB terá 51% e a Mapfre os 49% restantes.
Nas duas holdings a participação da Mapfre é majoritária e assim evita que a companhia tenha a morosidade típica de uma estatal em termos de aspectos burocráticos. Para viabilizar a parceria, o BB comprou a participação de 30% da SulAmérica na Brasilveículos por R$ 340 milhões. Somando ativos entre BB e Mapfre, o BB terá de desembolsar R$ 290 milhões à seguradora espanhola, informou Cafarelli.
?Levando-se em conta todos os segmentos, exceto saúde, previdência e capitalização, a nova seguradora é a maior do País com base nos dados de 2009, com R$ 7,7 bilhões, seguida pela Bradesco com R$ 5,7 bilhões?, informa Antonio Cássio dos Santos, presidente da Mapfre.
A integração tecnológica das 11 empresas envolvidas na parceria deverá estar finalizada em seis meses, segundo Caferelli. “A integração total das marcas e produtos deverá ser concluída em até um ano”, estima o vice-presidente do BB, que acaba de ser nomeado também o presidente do Conselho de Administração do IRB Brasil Re.
Praticamente a única parte da área de seguridade que ainda falta definição é em resseguro. Segundo Cafarelli, o assunto está na esfera do governo. “O governo está fazendo um levantamento sobre o valor do IRB para que possamos comprar a parte do Tesouro Nacional no ressegurador”, informou. A criação da seguradora estatal já anunciada pelo governo, para atuar em segmentos onde a iniciativa privada não tenha interesse ou haja excesso de riscos, depende do desfecho da estratégia que será implementada no IRB.

Denise Bueno
Revista Apólice

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