A Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP) promoveu, no dia 16 de junho, a primeira edição do ANSP Fórum I – Logística de Carga: Gestão de Riscos, Seguros e Sustentabilidade. Realizado na sede da Sompo, em São Paulo, o evento reuniu representantes de seguradoras, transportadoras, órgãos reguladores e associações para debater os principais desafios e oportunidades do setor. A programação incluiu painéis temáticos, apresentação de estudos de caso e espaço aberto para perguntas e troca de experiências.
O fórum foi transmitido ao vivo pelo YouTube e teve patrocínio da Sompo. Segundo o presidente da ANSP, Rogério Vergara, a proposta do encontro é fomentar debates estratégicos e acadêmicos sobre a gestão de riscos, compliance, prevenção de crises ambientais e práticas ESG aplicadas ao transporte de cargas. “ESG, diversidade e equidade deixaram de ser opcionais; são compromissos inegociáveis que precisam permear a cultura das empresas”, afirmou Vergara na abertura.
O primeiro painel tratou das Soluções Digitais em Gestão de Riscos, abordando o uso de tecnologias como sensores de fadiga, telemetria, IoT, rastreamento inteligente e inteligência artificial. Os especialistas discutiram o potencial desses recursos para reduzir perdas e aumentar a segurança das operações logísticas.
Rodrigo Oliveira, VP de Visibilidade e Gestão de Riscos (VGR) da NSTECH, ressaltou o papel da tecnologia na redução de acidentes: “A cada 30 mil desvios ou não conformidades ocorre um acidente fatal. O objetivo da tecnologia é apoiar na redução dessas perdas, diminuindo a volumetria dos desvios.”
O segundo painel teve como foco a sustentabilidade nas operações logísticas. Foram discutidas iniciativas para redução de emissões e gestão de resíduos, além de melhorias no bem-estar dos motoristas, como alimentação adequada, pontos de parada humanizados e acesso à saúde.
“O fator humano é a principal causa de acidentes. Se não tratarmos o motorista com humanidade, teremos dificuldades na gestão do risco”, alertou Dennys Spencer, Head Global de Resposta a Emergências da AMBIPAR.
Fabio Barreto, Diretor de Risco Ambiental e Climático da Chubb Seguros, defendeu a necessidade de uma transformação cultural nas empresas: “É preciso educar e fomentar iniciativas intencionais, trazendo o tema para a pauta corporativa.”
Alfredo Lalia Neto, CEO da Sompo, enfatizou o papel da diversidade como valor inegociável: “Não basta discurso bonito, é preciso coragem para agir, refletir a sociedade dentro da empresa e gerar impacto fora dela.”
Impactos da nova regulação
O painel de encerramento analisou os impactos da Nova Lei do Seguro (Lei 15.040/2024), da Lei do Transporte Rodoviário (Lei 14.599/2023) e da Resolução CNSP 472/2024 sobre o setor logístico. Especialistas discutiram mudanças na estrutura contratual, redistribuição de responsabilidades e flexibilização de exigências de gerenciamento de risco, com destaque para soluções personalizadas baseadas em tecnologia.
Jéssica Anne de Almeida Bastos, diretora da Susep, destacou o caráter participativo do processo regulatório: “Temos mantido um diálogo contínuo com todas as partes interessadas desde o início da construção da norma.”
Felipe Name, Head Jurídico da Zurich Seguros, reforçou a necessidade de adaptação: “Vamos enfrentar as mudanças da melhor forma, seja para o mercado, os consumidores ou os parceiros.”
Já Rafaela Barreda, presidente da FENABER, apontou desafios na implementação da nova legislação: “A norma traz muitos pontos positivos, mas também desafios. O mercado ainda está construindo entendimentos e discutindo os ajustes necessários.”
O evento contou com a mediação de Simone Ramos (Lockton Brasil), Alfredo Chaia (Risk Veritas) e Adilson Neri Pereira (ANP Sociedade de Advogados). Entre os debatedores, estiveram representantes de empresas como Tokio Marine, Sompo, NSTECH, Chubb Seguros, AMBIPAR, Gallagher, Zurich, Natura, além da Susep e FENABER.
Assista à íntegra do evento: