EXCLUSIVO – Em uma posição estratégica e desafiadora, Juliana Alves comanda a operação da Swiss Re no Cone Sul desde janeiro de 2025, com uma visão firme de continuidade, inovação e responsabilidade. A executiva compartilha sua trajetória, os desafios enfrentados e o papel fundamental da diversidade na liderança, especialmente em um setor historicamente masculino como o de resseguros.
Juliana é a segunda mulher a ocupar a liderança na história da Swiss Re na região. Na verdade, seu cargo é Market Head Brazil & South Cone. “A empresa vive a diversidade no dia a dia. Se você tem competência, nada te impede”, afirma, ressaltando que a missão que recebeu ao assumir a liderança foi dar continuidade ao trabalho de seu antecessor, Fred Knapp.
Ela acredita que a construção de uma carreira sólida passa por dois pilares: networking ativo e capacitação constante. “Relacionamento é fundamental. Não tem um almoço meu que seja sozinha. E capacitação também precisa partir do profissional, não só da empresa”, explica.
Entre os desafios atuais, Juliana destaca a adaptação à nova Lei de Seguros, que entra em vigor em dezembro. Para ela, será um processo de longo prazo, com ajustes à medida que a regulamentação for amadurecendo. “É como fazer um bolo por etapas: primeiro a massa, depois o recheio, depois a cobertura. A transição vai levar de cinco a dez anos até se tornar ‘business as usual’”, projeta.
Outro ponto crucial é o uso intensivo de tecnologia e dados. A Swiss Re investe fortemente em modelagem de riscos, especialmente climáticos, com destaque para um projeto de modelagem de inundações para Brasil e Argentina, previsto para 2026. Em seguros de vida, a empresa atua lado a lado com seguradoras para desenvolver produtos inovadores, utilizando ferramentas como Magnum Go e Life Guide.
O seguro de vida “em vida” é uma das grandes apostas da Swiss Re. Segundo Juliana, o crescimento pós-pandemia mostra uma mudança de mentalidade: “As pessoas entenderam que seguro não é só para morte. Nós ajudamos as seguradoras a desenhar esses produtos, desde o clausulado até o treinamento de equipes”.
Em relação aos riscos emergentes, Juliana destaca a mudança climática como um desafio transversal a todas as linhas de negócios: agro, propriedades e responsabilidades civis. Já na área de tecnologia, ela aponta o risco cibernético como uma das maiores preocupações atuais. “Em breve, vamos parar de falar só de P&C (Property & Casualty) e começar a falar também de Cyber. O seguro cibernético será tão essencial quanto os tradicionais”, prevê a CEO da Swiss Re.
Sobre o mercado brasileiro, Juliana observa o crescimento dos MGAs (Agentes de Subscrição) como tendência, ainda que o foco principal da Swiss Re permaneça nas seguradoras estabelecidas. “Estamos abertos a conversar com todos, desde que haja alinhamento de interesses e solidez de proposta”, diz.
Kelly Lubiato