EXCLUSIVO – Na edição de maio do tradicional almoço do Clube Vida em Grupo de São Paulo (CVG-SP), a diretora da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Julia Normande Lins, apresentou os resultados e perspectivas da atuação do órgão regulador em prol da ampliação do acesso ao seguro no Brasil e a inclusão securitária. A executiva destacou os principais aprendizados do Grupo de Trabalho da Política Nacional de Acesso ao Seguro, iniciativa que consolidou um novo modelo de diálogo entre governo, mercado e sociedade.
De acordo com Julia, o grupo que funcionou por mais de dois meses reunindo entidades públicas e privadas, estruturou um diagnóstico detalhado dos principais entraves de acesso aos produtos de seguros, previdência privada e capitalização. “Trabalhamos com subgrupos temáticos para entender, a partir da perspectiva da população real, quais são os obstáculos para a penetração do seguro, especialmente o seguro de vida”, explicou.
A diretora enfatizou que o seguro de vida deve ser compreendido como um instrumento central de proteção financeira e social. “Ele evita a descapitalização das famílias em momentos críticos, como doenças graves ou falecimento do provedor, além de funcionar como complemento à seguridade social pública. É um recurso fundamental para planejamento familiar, inclusive para microempreendedores que atuam fora do regime formal”, disse.
O grupo de trabalho também aprofundou a análise sobre o papel do seguro junto às populações sub representadas. Julia mencionou que foram realizados debates específicos sobre as barreiras enfrentadas por mulheres, como a falta de coberturas adequadas à realidade de mães solo ou vítimas de violência doméstica, e por pessoas com deficiência, frequentemente excluídas por critérios discriminatórios que desconsideram a mutualidade e o real risco atuarial.
Outro destaque foi a discussão sobre o seguro para a população de baixa renda. Segundo Julia, o seguro de vida pode exercer um papel intergeracional relevante, promovendo estabilidade financeira diante de eventos inesperados. “Para muitas famílias, uma cobertura mínima, como auxílio-funeral ou uma indenização emergencial, pode ser a diferença entre a recuperação e a vulnerabilidade extrema”, afirmou. Ela defendeu a inclusão do seguro em programas sociais, como o Bolsa Família, como estratégia de política pública.
A diretora da Susep também ressaltou que a educação securitária foi transversal em todas as discussões. A autarquia assumiu recentemente a presidência do Fórum Brasileiro de Educação Financeira, o que fortaleceu o compromisso institucional com a disseminação da cultura do seguro. “Não basta oferecer educação financeira se os produtos continuam inacessíveis. Precisamos alinhar linguagem, preço e distribuição à realidade da população”, afirmou.
Por fim, Julia destacou que a inovação é aliada fundamental na expansão do acesso e na inclusão, e que a transformação digital deve ser acompanhada de responsabilidade social. “Não se trata apenas de desenvolver novos canais ou plataformas, mas de redesenhar produtos inclusivos, com foco em proteção básica e verdadeira utilidade para quem mais precisa.”

Kelly Lubiato