Ultima atualização 15 de July

O papel do seguro de D&O em fusões e aquisições

A advogada Fernanda Lausch, do escritório Poletto & Possamai, fala sobre o papel do seguro de responsabilidade civil de administradores em fusões e aquisições
Fotografia: Renata Salles
Fotografia: Renata Salles

O mercado de fusões e aquisições, conhecido pela expressão M&A, cresce cada vez mais no Brasil e no mundo. Este ramo nada mais é do que operações entre duas ou mais empresas, a fim de se fundirem e formarem uma nova empresa ou operações em que uma empresa adquire as operações de outra, sem criar nova pessoa jurídica.

O termo aborda todas as atividades de fusão e aquisição, sem levar em conta o montante da transação, podendo envolver desde pequenas empresas até corporações de grande porte com ações negociadas em bolsas de valores. A variação reside apenas na intricada execução do processo e nos participantes envolvidos.

Os administradores, assim que começam a representar uma empresa, tornam-se legalmente responsáveis por suas ações. Cada decisão tomada passa a carregar consigo um potencial risco para a organização, podendo resultar em consequências pessoais e até mesmo criminais.

O artigo 1.016 do Código Civil determina que os administradores de empresas limitadas são solidariamente responsáveis perante a sociedade e terceiros prejudicados por falhas no exercício de suas funções. Já o estatuto legal aplicável às sociedades anônimas é a Lei 6.404/76, que estabelece os deveres e obrigações dos administradores.

Um excelente exemplo disso ocorreu quando um antigo diretor financeiro da Sadia foi acusado por tomar decisões que acarretaram perdas de R$ 2,55 bilhões em derivativos cambiais, sem a aprovação do conselho administrativo. Estas perdas representaram um marco na história de mais de seis décadas da empresa, resultando na sua fusão com a Perdigão e na criação da BRF-Brasil Foods. Apesar de ter saído vitorioso na disputa judicial no Superior Tribunal de Justiça mais tarde, o episódio levou a transtornos e despesas significativas para o ex-diretor.

Segundo dados da Bain & Company, consultoria norte-americana, o mercado de fusões e aquisições tente a crescer em 2024 – após uma baixa de 15% em 2023 – chegando a US$ 3,2 trilhões (aproximadamente R$ 15,9 trilhões, na cotação atual).

No presente, o cenário regulamentar complexo e em constante evolução traz consigo um aumento dos riscos enfrentados diariamente, potencialmente resultando em disputas legais em várias áreas, como civil, regulatória, concorrencial, tributária, criminal, e consumerista, entre outras. É cada vez mais crucial assegurar a proteção dos administradores em situações de possíveis queixas decorrentes das suas ações e decisões no comando da empresa.

O Seguro de Responsabilidade Civil, ou D&O, tem como objetivo proteger os bens pessoais, bens e direitos do segurado contra prejuízos causados a terceiros em decorrência de ações praticadas no desempenho de funções designadas ou eleitas. Este seguro aplica-se aos conselheiros, diretores, gerentes, representantes legais e outros profissionais similares, bem como aos administradores que ingressem durante a vigência do contrato e aos que ocupam esses cargos antes do início do contrato.

O seguro D&O é uma importante camada de proteção que os gestores podem desfrutar em diversas situações. Antes ou depois de uma fusão, a administração pode enfrentar litígios por parte de acionistas, reguladores e outras partes interessadas. O seguro D&O pode ajudar a reduzir o impacto financeiro para os proprietários de empresas, cobrindo custos legais e indenizações. Essa cobertura fornece aos gerentes de segurança a necessidade de tomar decisões estratégicas com segurança, sem se preocupar com disputas pessoais.

O seguro de responsabilidade civil desempenha um papel vital em fusões e aquisições, proporcionando a rede de segurança necessária para gerir os riscos significativos associados a estas transações complexas. Além de proteger os executivos de ações judiciais e potenciais perdas financeiras, o seguro D&O promove uma forte cultura de liderança, que é fundamental para o sucesso contínuo de qualquer negócio.

Portanto, ao planear e executar transações de fusões e aquisições, as organizações devem considerar seriamente a implementação de seguros de responsabilidade e de indemnização como parte integrante da sua estratégia de gestão de risco.

Fernanda Lausch é aacadêmica de Direito do Poletto & Possamai

Compartilhe no:

Assine nossa newsletter

Você também pode gostar

Feed Apólice

Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.