O mercado de seguros é altamente complexo, envolve diversos processos para gerir e renovar as apólices, ofertar negócios, tratar demandas dos clientes, regular e processar sinistros. Além dessa complexidade, existe a intrínseca relação entre as seguradoras em si e suas redes externas, como corretores, rede credenciada e prestadores de serviços.
Agora, diante da necessidade de responder aos desafios gerados pela covid-19, elas precisam manter suas operações, mesmo com a severa disrupção por conta da mudança de contexto. É preciso entendermos melhor como as seguradoras estão se saindo, pontos críticos e as mudanças futuras em relação às operações como reflexo do que estamos vivenciando atualmente.
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Nesse sentido, os principais elementos sobre os quais os líderes dessas empresas precisam estar atentos são os seguintes: transição para o trabalho remoto; sobrecarga em canais de atendimento; digitalização; aumento do risco de fraude; manutenção dos canais de distribuição; responsabilidade social em ascensão.
Olhando para a frente, com foco em operações e negócios, é provável que essa situação resulte em diversas mudanças do setor:
1- O trabalho remoto será mais disseminado, com as seguradoras investindo mais em conectividade, ferramentas de colaboração e protocolos de equipe virtual. Assim, mudar para a nuvem pode ajudar na qualidade do trabalho remoto.
2- Sistemas e processos digitalizados, serviços baseados em nuvem, automação, incluindo a utilização de robótica e de Inteligência Artificial (IA) serão padrão para as seguradoras.
3- Simulações de capacidade serão realizadas à medida que a eficiência no uso de recursos é alcançada. No momento atual, as seguradoras terão oportunidades de mudar para modelos mais ágeis.
4- As plataformas estão se tornando mais difundidas, o que possibilitou que o setor de telemedicina crescesse rapidamente, com seguradoras de saúde mudando para acomodar inovações.
5- A comparação entre regulação e digitalização ficará em foco nas situações em que as regras e as regulamentações entrem em conflito com a pauta digital.
6- Um novo conceito de gerenciamento de exposição está surgindo e entender esse cenário pode ajudar as seguradoras a progredir e planejar quais sinistros serão recebidos.
7- Os modelos de corretagem e distribuição podem ser revistos em alguns mercados e com isso, algumas seguradoras podem decidir fazer mais negócios com os clientes diretamente, o que pode gerar produtos mais customizados no futuro.
De forma geral, o setor de seguros está se mantendo bem até o momento. Independente das incertezas, essas empresas e seus líderes estão comprometidos em oferecer para colaboradores, clientes, canais de distribuição, públicos de interesse e comunidade o apoio necessário.
Ainda assim, como a pandemia persiste, as seguradoras precisam estar constantemente atentas para a eficácia das ações, a manutenção das operações e a geração de negócios. Quanto mais investirem nas transformações discutidas acima, poderão se tornar ainda mais resilientes e competitivas.
* Érika Ramos é sócia e líder do segmento de Seguros da KPMG Brasil