Com as mudanças climáticas elevando as temperaturas, os países emergentes são normalmente os mais vulneráveis aos desastres climáticos. A altamente urbanizada, mas pouco protegida, América Latina deverá sofrer consequências econômicas e sociais se a região falhar em desenvolver boas soluções de mitigação de riscos.
Martyn Parker, chairman da Swiss Re Global Partnerships no Reino Unido, recentemente chamou atenção para a necessidade dos governos sul-americanos expostos a esses perigos adotarem medidas para minimizar os riscos.
A companhia utilizou a Argentina como um exemplo dos tipos de extremo risco que muitas populações da região estão expostas. Lá, um terço das pessoas vivem em áreas de alto risco de inundações. A gravidade desses desastres naturais representa uma ameaça crescente para estabilidade social, a infraestrutura e também para a economia do país. Há perdas estimadas em cerca de 0,15% do PIB argentino relacionadas a enchentes. O equivalente a US$ 700 milhões por ano, de acordo com a resseguradora.
Os últimos anos trouxeram um aumento significativo de enchentes devastadoras e secas no continente. Em uma região na qual 80% da população está nas cidades, Parker enfatiza que esse é um “forte caso para os negócios”; já que o seguro pode figurar como uma ferramenta nos esforços dos governantes de efetivamente melhorar a resiliência quanto a esses desastres climáticos.
“Os seguros, aliados a um bom gerenciamento de riscos, são ferramentas essenciais para a proteção das cidades. Capazes de auxiliar o governo a fornecer mais oportunidades para os seus cidadãos”, apontou o executivo. Parker complementa ainda que “as estratégias de resiliência não podem, sozinhas, dar conta dos riscos climáticos. Há também a necessidade de diminuir as diferenças sociais, além de aumentar a sustentabilidade relacionada ao meio ambiente e ter um bom desenvolvimento de infraestrutura”, afirma.]
Ações
A companhia aponta ainda exemplos recentes de programas governamentais em outras regiões que funcionaram com bastante êxito. Caso do programa Flood Re, no Reino Unido e a reformulação do National Flood Insurance, nos EUA. “São as maneiras mais efetivas de direcionar os esforços em comum para construir um forte sistema mundial; capaz de paralisar a ligação existente entre pobreza e mudanças climáticas extremas”, opina.
Embora boa parte do continente permaneça altamente exposto a esses riscos climáticos e precisem de soluções imediatas de transferência de riscos, a região, particularmente o México, também é destaque pelo sucesso de suas recentes iniciativas integradas de gestão de riscos de desastres.
O programa Fonden é utilizado como um veículo de financiamento do governo mexicano para estabelecer um fundo de investimento. Ele utiliza as receitas fiscais para responder a esses desastres e reconstruir o que é danificado. A decisão foi reconhecida pelo Banco Mundial como a “vanguarda das iniciativas destinadas ao desenvolvimento de um gerenciamento de riscos integrado e mecanismos de seguros para gerir as ameaças fiscais provenientes desses desastres”.
Fonte: Reinsurance News
A.C.
Revista Apólice