Incentivar a realização de estudos e pesquisas sobre o mercado segurador é fundamental para contribuir com a disseminação da cultura do seguro na sociedade brasileira, que ainda precisa evoluir neste sentido. Seguindo esta linha, a Fundación Mapfre elaborou o estudo “O seguro na sociedade e na economia do Brasil”. O levantamento foi apresentado na última terça-feira (19), em São Paulo.
“Se hoje contamos com um mercado cada vez mais profissionalizado e desenvolvido, o mérito disso também pode ser creditado, em grade parte, a iniciativas como essa”, declarou o consultor e palestrante Bento Zanzini.

O economista José Antonio Herce, da consultoria Analista Financieros Internacionales (Afi), foi o especialista responsável pelo estudo e defendeu que sem o seguro a sociedade não poderia ter chegado tão longe. Entre os dados apresentados pelo executivo está fato de o Brasil ter ganhado expressão no ramo securitário: nos segmentos de não-vida (automóvel e danos), a América Latina tem 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) segurado, enquanto o País, isoladamente, atinge a marca de 1,7% desse montante.
“O Brasil está bem posicionado, ligeiramente acima da linha dos países emergentes. Com relação aos países desenvolvidos, se encontra ligeiramente abaixo”, declarou.
Quanto à penetração do produto, destaca-se que os autônomos e as famílias brasileiras (longevas e expostas aos riscos durante todo o ciclo de vida) contratam algum tipo de proteção com mais frequência do que as pequenas e médias empresas (PMEs), que muitas vezes deixam de aderir ao seguro até mesmo para riscos convencionais. No final de 2014, segundo o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), apenas 25% dos microempreendedores contavam com coberturas, ainda que 69% dos entrevistados tivessem considerado o seguro importante.
“Os seguros de saúde e de automóvel respondem às necessidades da população e as melhorias na qualidade de vida, mas as necessidades das PMEs são tão variadas quanto as dos lares. É preciso que essas companhias eliminem os obstáculos para a contratação do produto”, disse o economista, apontando a falta de planejamento, o custo (considerado alto) e a não necessidade como os principais motivos da ausência do seguro empresarial nos pequenos negócios brasileiros.
O seguro e a crise
Em um cenário de crise política e econômica, o seguro se torna ainda mais fundamental. Isso porque o Brasil é responsável por puxar negativamente o PIB da América Latina em razão da sua grandeza, segundo Mauro Batista, presidente da Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP).
“O seguro deveria ter hoje uma caminhada ascendente em razão de grandes obras que foram projetadas para o nosso País e das famílias que estão se protegendo e, com o impasse atual, isso fica de certa forma comprometido”, pontuou.
Wilson Toneto, presidente da Mapfre Brasil, completou com a afirmação de que em meio à crise é necessário ter seriedade, mas também pensar em maneiras de avançar e disseminar conhecimento, de perpetuar negócios, de aproveitar oportunidades e de divulgar o setor. “Se o seguro não existisse, certamente teria que ser inventado”, disse o executivo.
Lívia Sousa
Revista Apólice