Ultima atualização 09 de julio

NR-1: obrigação regulatória à vantagem estratégica

Neste artigo, Deuk Soo Yeo trás uma análise aprofundada sobre a atualização da NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1) e seus impactos diretos sobre empresas, operadoras e seguradoras.

Ao longo da minha jornada como empreendedor, aprendi que os maiores saltos de um negócio acontecem quando transformamos desafios em oportunidades estratégicas. A recente atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) é exatamente isso: um divisor de águas que, à primeira vista, pode parecer um novo fardo de compliance, mas que, na verdade, nos convida a repensar a gestão de pessoas e a construir organizações mais resilientes, saudáveis e, consequentemente, mais produtivas.

A nova legislação nos impulsiona para além do modelo reativo de saúde ocupacional. Se antes o foco era tratar das consequências, hoje a exigência é clara: as empresas precisam identificar, avaliar e, principalmente, prevenir os riscos psicossociais. Falamos de estresse crônico, esgotamento profissional (Burnout), assédio e sobrecarga de trabalho – fatores que sempre existiram, mas que agora ganham status formal de risco ocupacional, exigindo um plano de gerenciamento estruturado.

Essa mudança não se restringe às portas do departamento de RH ou de Segurança do Trabalho. Ela reverbera por todo o ecossistema corporativo, impactando diretamente seguradoras, operadoras de saúde, corretoras e consultorias de benefícios. Para uma seguradora, uma empresa que não gerencia o estresse de suas equipes representa um risco maior de sinistros em apólices de vida ou de afastamentos por invalidez. Para uma operadora de saúde, significa um aumento na demanda por tratamentos de saúde mental e o consequente impacto na sinistralidade dos planos.

Além disso, segundo dados do Ministério da Previdência Social, o Brasil registrou um aumento de 68% de afastamentos do trabalho por transtornos mentais. Essa informação comprova a urgência em cuidar desse assunto tão sensível e relevante na vida de milhares de pessoas.

É aqui que a obrigação se transforma em uma extraordinária oportunidade. As empresas que saírem na frente não serão aquelas que apenas cumprem o checklist da norma, mas as que entenderem o valor de cultivar ambientes psicologicamente seguros. E, para os nossos parceiros do mercado de seguros e benefícios, surge a chance de ampliar sua atuação, oferecendo soluções que vão além do tradicional e que focam genuinamente na prevenção e na promoção da saúde integral.

E os dados reforçam essa direção. Segundo uma pesquisa da Gallup sobre os critérios de seleção dos candidatos, 64% afirmaram que escolheriam uma organização que investe significativamente em benefícios e remuneração. Além disso, 61% responderam que valorizam o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e os benefícios de bem-estar para funcionários. Esse movimento deixa claro: investir em saúde mental não é apenas uma exigência legal, é também um diferencial competitivo para atrair e reter talentos.

Enxergo este momento como a consolidação de uma visão que defendo há anos. Com base na minha experiência, listo aqui cinco pilares práticos para que sua empresa não apenas se adeque à NR-1, mas transforme essa adequação em um diferencial competitivo.

1. Mapeando os riscos reais

A gestão de riscos psicossociais não pode ser baseada em achismos. É fundamental identificar onde estão os pontos de vulnerabilidade. Ferramentas digitais permitem aplicar diagnósticos para mapear os níveis de estresse, percepção de sobrecarga ou os fatores de risco por área ou equipe. Com esses dados em mãos, as ações de prevenção tornam-se cirúrgicas e muito mais eficazes, direcionando recursos para onde eles são mais necessários.

2. Liderança capacitada

A liderança é a primeira linha de defesa contra os riscos psicossociais. Um gestor despreparado pode, involuntariamente, ser um gatilho para o esgotamento de sua equipe. Por outro lado, um líder treinado em empatia, escuta ativa e gestão humanizada é um poderoso agente de mudança cultural. Disponibilizar trilhas de capacitação contínuas, com temas como prevenção ao Burnout e ao assédio, é um investimento com retorno garantido na saúde do ambiente de trabalho.

3. Cultura de confiança

A NR-1 exige que os colaboradores sejam ouvidos. Mas como garantir que essa escuta seja genuína e segura? A implementação de canais de feedback, anônimos ou não, e a realização de pesquisas de pulso regulares são essenciais. Essas ferramentas não apenas fornecem insights valiosos, mas também sinalizam para os times que suas vozes importam, construindo uma cultura de transparência e confiança mútua.

4. Bem-estar personalizado

Programas de bem-estar genéricos têm baixo engajamento e impacto limitado. A tecnologia hoje nos permite entender as necessidades e os interesses individuais de cada colaborador. Por meio de aplicativos, é possível criar jornadas personalizadas de saúde física e mental, com práticas de meditação, exercícios, orientação nutricional e conteúdos educativos que se adaptam ao perfil de cada um, aumentando drasticamente a adesão e a eficácia das iniciativas.

5. Documentação e rastreabilidade

s uma nova regra a ser seguida. É um convite para evoluirmos na forma como cuidamos do nosso capital mais valioso: as pessoas. Empresas, seguradoras e consultorias que abraçarem essa nova era com seriedade e estratégia estarão não apenas em conformidade com a lei, mas construindo as bases para um futuro do trabalho mais sustentável, humano e próspero para todos.

*Deuk Soo Yeo, Fundador e CEO da Namu

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