Nos últimos dias, casos de fraudes no setor de seguros voltaram ao noticiário com força. A situação ganhou ainda mais destaque após uma investigação divulgada no último domingo, que revelou esquemas envolvendo mortes forjadas, acidentes simulados e uso de carros dublês. As práticas geram prejuízos significativos e preocupam o mercado. Apenas no primeiro semestre de 2024, os pedidos suspeitos de indenização somaram mais de R$ 2 bilhões, segundo dados da CNseg.
Além do impacto direto às empresas, os efeitos também recaem sobre o consumidor. “Existem alguns custos silenciosos que recaem sobre todos os consumidores. Fraudes forçam as empresas a criarem barreiras de segurança mais robustas, o que muitas vezes dificulta o avanço de soluções digitais que poderiam beneficiar justamente quem age com responsabilidade. Isso torna mais desafiador implementar jornadas simplificadas, por exigir camadas extras de controle. Além disso, os custos de indenizações pagas em casos de fraude são repassados para o custo do produto”, afirma André Calazans, diretor de seguros da Azos.
Para o executivo, o combate às fraudes precisa ser ampliado. “O debate deveria ir além das recusas e comissões específicas do mercado, e avançar para investigações criminais para punir os fraudadores, como algumas empresas já estão fazendo. É também uma questão de cidadania financeira. Quem frauda um seguro está jogando contra todo o sistema. Isso encarece, dificulta e desacredita uma solução que deveria ser mais difundida no país”.
A tecnologia é apontada como uma das ferramentas mais eficazes na mitigação desses riscos. Plataformas com inteligência artificial e análises preditivas ou determinísticas permitem acelerar e reforçar o processo de subscrição e verificação de identidade.
“Mais do que punir os infratores, é preciso fortalecer o ecossistema para que ele seja mais eficiente e confiável para todos. Proteger o setor contra fraudes é proteger o consumidor que age corretamente. E, nesse cenário, a tecnologia precisa ser aliada, não uma vítima, da desconfiança”, conclui Calazans.