EXCLUSIVO – A automação de processos com uso de inteligência artificial (IA) chega como uma das estratégias para em diversos setores, incluindo o de seguros. Companhias incorporam soluções que tornam as rotinas operacionais mais ágeis e eficientes, especialmente em áreas que tradicionalmente possuem barreiras burocráticas, alto volume de tarefas e necessidade de análise documental que muitas vezes são arcaicos.
“Notamos que implementar soluções de IA sobre fluxos de trabalho ineficientes ou mal estruturados não traz o resultado esperado. A etapa de mapeamento e redesenho dos processos tornou-se primordial”, afirma Luiz Siqueira, gerente de Estratégia da Pipefy. A empresa, que desenvolveu os chamados AI Agents, já apoia mais de 100 companhias do setor com soluções voltadas à automação de tarefas e tomada de decisão assistida.
Para a Pipefy, um dos principais aprendizados na adoção da IA foi perceber a importância da gestão da mudança. “É essencial envolver as equipes desde o começo, manter uma comunicação transparente e oferecer treinamentos. As pessoas precisam enxergar a IA como um recurso que agrega valor, não como ameaça”. explica
O executivo compartilha que os processos mais fáceis de automatizar são aqueles que lidam com dados estruturados e tarefas repetitivas. Já os fluxos que envolvem interpretação subjetiva, julgamento humano e empatia ainda exigem a expertise de especialistas. “Um sinistro complexo, por exemplo, pode envolver várias partes e decisões que vão além da capacidade atual da IA”, explica.
Com o avanço da tecnologia, cresce também a preocupação com a confiabilidade dos sistemas. No caso da Pipefy, Siqueira conta que os AI Agents não atuam de forma autônoma em decisões críticas. “Eles realizam pré-análises e extração de dados, mas a decisão final é sempre validada por humanos. Além disso, cada seguradora pode configurar suas próprias regras de negócio, checkpoints e critérios de conformidade”.
Essa abordagem tem sido bem recebida por áreas mais sensíveis à automação, como Jurídico e Compliance, tradicionalmente mais cautelosas. Mesmo nesses setores, a IA já começa a ser usada como ferramenta de suporte, sem substituir os especialistas.
Engana-se quem pensa que é necessário ter uma operação altamente digitalizada para começar a usar IA. De acordo com Siqueira, o ponto de partida está em compreender e mapear os processos atuais. “Mesmo que ainda sejam manuais, é preciso entender como o trabalho flui hoje para saber onde a IA pode gerar impacto. E é essencial começar com um caso de uso bem definido, com metas claras e resultados mensuráveis”, debate.
Com essa abordagem, muitas corretoras e seguradoras vêm registrando avanços em áreas como atendimento ao cliente, emissão de apólices e gerenciamento de sinistros. “Estamos falando de redução de tempo, ganho de escala e melhora na qualidade do serviço”, reforça.
Siqueira conta ainda que a IA já começa a influenciar o próprio desenho dos produtos. Com o uso de dados em tempo real, surgem modelos de seguro mais dinâmicos, com precificação baseada em uso e pacotes personalizados. “A apólice está deixando de ser um documento estático. A IA permite ajustar coberturas, oferecer descontos automáticos e melhorar o suporte contínuo ao segurado.”
Esse novo modelo, mais proativo e personalizado, reforça a percepção de valor e tende a fidelizar os clientes.