Ultima atualização 16 de mayo

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Para acabar com as fraudes, mercado de seguros deve utilizar tecnologia e conscientizar a população

A insurtech holandesa FRISS reuniu especialistas para debater sobre o impacto das fraudes no setor e como a IA pode ajudar as companhias
fraudes
Guilherme Perondi, Márcio Jordão e Iván Ballón

EXCLUSIVO – De acordo com dados da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), as fraudes em seguros somaram quase R$ 825 milhões em 2022, representando 16% do total de sinistros pagos naquele ano. Para debater sobre como evitar fraudes e as suas conseqüências para o mercado de seguros, a insurtech holandesa FRISS promoveu na tarde de ontem (15/05), em parceria com a Freela, o evento “Fraudes: uma preocupação para a sociedade”, realizado na sede da ENS (Escola de Negócios e Seguros), em São Paulo. O debate foi mediado pela jornalista Kelly Lubiato, diretora da Revista Apólice.

A empresa reuniu seguradores, corretores, advogados e especialistas em tecnologia para apresentarem insights sobre os problemas estruturais enfrentados pelo Brasil, destacando a importância da conscientização contra fraudes no ecossistema dos setores e da sociedade em geral. “As fraudes estão em todos os níveis e segmentos, pois o próprio ser humano cria esse tipo de situação e prejudica o próximo. No mercado de seguros, este crime traz prejuízo não apenas para as seguradoras, mas para toda a cadeia envolvida nesta indústria”, afirmou Iván Ballón, gerente de Desenvolvimento da FRISS para América Latina e Península Ibérica.

Segundo Ballón, pesquisas apontaram que quase 95% dos brasileiros sentem medo de serem vítimas de uma fraude. Na América Latina, as fraudes estão minimamente ligadas à inflação e catástrofes naturais, enquanto na Europa a percepção deste risco é menor, pois há mais confiança no sistema financeiro. “Com o avanço da tecnologia, processos e dos meios de comunicação, abrimos espaço para os fraudadores agirem. Quando falamos de seguros, falta conhecimento da população sobre o setor e há ainda uma baixa penetração do mercado no Brasil, aumentando a chance das fraudes acontecerem. Como profissionais deste segmento, é nosso dever instruir as pessoas sobre este tema e comunicar as suas conseqüências”.

Márcio Jordão, superintendente de Sinistro Auto e RE da Bradesco Seguros, reforçou durante a sua apresentação que apesar dos meios digitais terem impulsionado a fraude, ela não surgiu com a tecnologia. O executivo também comentou sobre os condicionantes deste tipo de crime e sua progressão em diferentes áreas. “A fraude onera segurados honestos, que acabam arcando com os custos adicionais em suas apólices. Entretanto, a detecção e prevenção de fraudes no mercado de seguros demanda estratégias complexas e recursos especializados”.

Jordão afirmou que para diminuir o número de fraudes no segmento, são necessárias leis e regulamentos mais rigorosos, campanhas de educação e sensibilização e sistemas avançados de análises de dados. “Algoritmos de Inteligência Artificial podem analisar e identificar atividades suspeitas em tempo real, trazendo uma melhoria operacional e mais assertividade para as seguradoras. Além disso, o uso de Blockchain torna as transações mais seguras e rastreáveis, e o Big Data ajuda na detecção de fraudes complexas e sofisticadas”.

Guilherme Perondi, vice-presidente Brasil e Latam da Swiss Re Corporate Solutions, comentou sobre os desafios do uso da Inteligência Artificial em grandes seguradoras e resseguradoras. De acordo com Perondi, por o ecossistema de seguros ser complexo, faltam políticas de uso de IA, governança interna e capacitação de equipes. “A IA auxilia na automação de atividades rotineiras, gerando insights para a tomada de decisão e melhorando produtos, serviços e a gestão de riscos. Contudo, muitas vezes faltam pessoas e estruturas para atender sinistros, o que deixa a área sobrecarregada e faz com que algumas fraudes não sejam percebidas”.

Perondi afirmou que na Swiss Re Corporate Solutions, a maioria do tipo de fraude é documental, e por isto a companhia investe em Inteligência Artificial para a análise automatizada de documentos. “Com o uso desta tecnologia, conseguimos reconhecer padrões de fraudes e identificar oportunidades de ressarcimento. Isso ajuda na otimização dos processos de validação de gestão de risco e na automação da análise de imagens de inspeções”.

Joel de Oliveira, Marcelo Baccarini, João Marcelo dos Santos, Kelly Lubiato e Iván Ballón

Marcelo Baccarini, especialista em gestão e combate às fraudes, falou sobre como a IA vem revolucionando o setor de seguros no Brasil e apoiando as empresas na prevenção de fraudes, gerando um impacto significativo na eficiência operacional das seguradoras. “Com a Inteligência Artificial, podemos analisar transações em tempo real e identificar desvios. Isso reduz o tempo de resolução de sinistros e aumenta a taxa de detecção de fraudes. Precisamos de bons processos e cultura contra fraude para todos os agentes do mercado para evitar este crime. A sinergia tecnológica entre IA, Internet das Coisas e Internet das Pessoas é fundamental para democratizar informações e desmistificar o combate a fraudes”.

De acordo com Joel de Oliveira, gestor e consultor de Negócios, para evitar fraudes no seguro automóvel, por exemplo, uma boa iniciativa é as seguradoras fornecerem um contrato de parceria com prestadores de serviços com incentivo a resultado por praça. No seguro de vida, uma possibilidade é a adoção de uma modelagem com deep learning e identificação de novos golpes. “A tecnologia permite que você controle a honestidade das pessoas, inibindo as tentativas de fraude. Para isso, é necessário que as empresas tenham uma subscrição e regulação bem estruturadas. Além disso, uma boa prática para evitar fraudes é a criação de comitês internos”.

João Marcelo dos Santos, sócio-fundador do escritório Santos & Bevilacqua Advogados, trouxe uma visão jurídica sobre o tema. Segundo Santos, o PLC 29/2017, que deve ser aprovado no Senado em breve, vai trazer impactos importantes para o setor. “A nova lei de contratos de seguros vai qualificar a fraude como uma ação culposa. Isso vai exigir que as seguradoras conversem com seus advogados sobre a melhor forma de conduzir sinistros, além disso vamos precisar realizar uma revisão geral de procedimentos em relação às coberturas oferecidas, como as pessoas as estão utilizando e a forma mais adequada de implementar novas ferramentas tecnológicas”. 

Nicole Fraga
Revista Apólice

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