O governo dos Estados Unidos estima que a indústria de turismo espacial valerá US$ 1 bilhão (cerca de R$ 1,8 bilhão) em 10 anos, conforme estudo divulgado este ano pela Agência Federal de Aviação norte-americana (FAA, na sigla em inglês). O turismo corresponde a 80% da demanda pelos voos sub-orbitais (chegam a 100 quilômetros acima da superfície do planeta) e, até 2015, estima-se que sejam feitas cerca de 300 mil viagens por ano. A consultoria Tauri Group calcula que haja outros 7.500 ricos na fila de espera. Os voos comerciais para o espaço devem começar no próximo ano, mas já existem interessados em passar pela experiência. A Virgin Galactic, subsidiária do Virgin Group, por exemplo, já oferece o serviço. O custo total da viagem é de US$ 200 mil, com pagamento à vista para garantir lugar entre os 500 primeiros – ou com sinal de US$ 20 mil para garantir a participação, porém sem data definida e com vaga reservada para ser o 501º passageiro ou mais.
Até abril de 2012 foram comercializados 520 lugares, incluindo um brasileiro.
A agência responsável pelo bilhete espacial brasileiro foi a GSP Travel, que não ofereceu seguro ao comprador por não ter o produto disponível no mercado.
Especialistas do mercado segurador apontam que o turismo espacial é um nicho a ser explorado. “Vemos o turismo espacial não apenas como uma tendência, mas também como uma oportunidade real de negócios” analisa Christian Riedl, subscritor sênior de produto espacial da Munich Re. Ele conta que o mercado de seguros espacial já subscreveu apólices para turismo espacial, como os voos de Dennis Tito, Mark Shuttleworth, Gregory Olsen, Ansari Anousheh e Simonyi Charles para a Estação Espacial Internacional que foram, em parte, segurados.
“Embora seja difícil prever com precisão a magnitude da possível atividade e
crescimento, continuamos a acompanhar o setor com interesse”, concorda Charles Wetton, Senior Client Manager Space da Swiss Re Corporate Solutions. Ele explica que a natureza do risco é intermediária entre o seguro espacial e o seguro aeronáutico. Da mesma forma que em seguros aeronáuticos, o casco precisa ser coberto durante a decolagem, voo e pouso. Porém, a natureza do voo aumenta o nível de risco, que é mais próximo do de uma missão espacial.
“Como os passageiros deverão ser indivíduos de alta renda, a possível responsabilidade de terceiros pode ser um fator importante para futuros programas de resseguro”, indica.
A Allianz Global Assistance é um exemplo de que o setor se prepara para oferecer soluções a este nicho. A empresa assinou um acordo com a Associação Internacional de Transporte Espacial (ISTA, na sigla em inglês), para oferecer assistência aos viajantes espaciais.
“Estamos olhando para o turismo espacial como um novo mercado para a próxima geração de viajantes. Nossa parceria com a ISTA demonstra o nosso
apoio e interesse na indústria de viagem espacial”, afirma Erick Morazin, diretor de Contas Globais da Allianz Global Assistance. O seguro de viagem da Allianz Global Assistance tem como público-alvo turistas, cientistas espaciais,
organizações e membros de órgãos governamentais, com soluções de assistência médica, aconselhamento especializado, bem como serviços pessoais para esses viajantes. O objetivo é acompanhar os segurados e suas famílias, desde a fase preparatória até o regresso à suas casas.
Confira a reportagem completa na edição 167 – setembro
Jamille Niero
Revista Apólice