O retorno total ao acionista (TSR) da indústria global de seguros tem sido, em média, decepcionante nos últimos anos, ficando abaixo do custo de capital próprio. Mas a média não conta a história completa. Segundo o relatório anual “Insurance Value Creators Report”, do Boston Consulting Group, o forte desempenho do TSR é possível, independentemente da localização ou linha de negócios de uma seguradora. De fato, alguns players têm consistentemente se superado ao longo dos anos. A análise aponta o crescimento lucrativo como crucial para promover a criação sustentada de valor de longo prazo, dada sua importante contribuição para cada componente do TSR.
Em 2021, o TSR médio anual para seguradoras em todas as regiões analisadas (Américas, Europa e Ásia-Pacífico) e setores (propriedade e acidentes, resseguro, multilinhas, vida e saúde) foi de 16%, uma melhora acentuada em relação aos -3 % em 2020. No entanto, o TSR médio anual do setor, de 2017 a 2021, de aproximadamente 7%, ficou bem abaixo da média de 15% para o S&P 500, e colocou a área de seguros em 27º lugar entre os 33 setores monitorados pelo BCG. Até o primeiro semestre de 2022, o TSR médio do setor foi de -1%, um desempenho relativamente forte em comparação com o de outros setores que foram mais atingidos pelo ambiente macroeconômico desafiador.
O BCG analisa, anualmente, os TSRs em uma base contínua de cinco anos para tirar insights para a criação de valor a longo prazo. A amostra de 2022 inclui as maiores seguradoras listadas em bolsa de valores do mundo: 103 players com uma capitalização de mercado de mais de US$ 4,5 bilhões no final de 2021. Para medir os TSRs, foram combinados ganhos de preço de ações e o impacto de dividendos e mudança na contagem de ações.
Alguns destaques do material
– Em seguros, o TSR deriva de três fontes: crescimento no valor contábil tangível (TBV), mudança no preço para o múltiplo TBV (P/TBV) e contribuição do fluxo de caixa (incluindo rendimento de dividendos e mudança na contagem de ações). No longo prazo, o crescimento do TBV e o fluxo de caixa são os principais contribuintes para o TSR. No curto e médio prazo, as mudanças no múltiplo P/TBV importam mais;
– O desafio mais importante para a administração é fazer as compensações certas entre aumentar o TBV, implantar o fluxo de caixa livre e expandir ou proteger a avaliação por múltiplos. A metodologia TSR do BCG ajuda as seguradoras a explorarem essas compensações e tomarem decisões informadas sobre fatores como foco do portfólio, alocação de capital e metas financeiras das unidades de negócios;
– O TSR das seguradoras melhorou, na média, em 2021: foi de 15,6% na indústria global de seguros;
– Os principais impulsionadores de desempenho foram diferentes em cada área do mundo avaliada: nas Américas e na região Ásia-Pacífico, o crescimento de TBV foi, de longe, o fator mais importante. Na Europa, o papel da contribuição do fluxo de caixa foi quase igualmente de relevância;
– O quartil superior das seguradoras muitas vezes teve um crescimento lucrativo: os players do quartil superior apresentaram um crescimento muito maior do valor contábil tangível (TBV) do patrimônio líquido e do preço ao múltiplo TBV (P/TBV), impulsionado por um maior retorno sobre o patrimônio tangível;
– Até o primeiro semestre de 2022, o TSR do setor de seguros global permaneceu relativamente forte: superou o mercado e outras indústrias, que viram TSRs negativos em um ambiente macroeconômico difícil;
– As seguradoras de bens e acidentes superaram o outro setor com um TSR anual de cinco anos de 8,9%, seguidas por resseguro (8,1%), multilinha (7,1%) e vida e saúde (6,4%);
– Crescimento lucrativo é essencial: embora a indústria em geral tenha se mostrado resiliente, ela não está, em média, entregando retornos acima do custo de capital próprio;
– O desempenho superior é possível em todas as regiões e setores, mas requer alto nível de crescimento lucrativo, seja para gerar caixa para dividendos ou recompras, impulsionar o crescimento do TBV ou promova a expansão dos múltiplos de avaliação.
N.F.
Revista Apólice